Sei que prometi ontem, mas foi muito corrido e só deu tempo agora, me desculpem.
Esse é um capítulo ponte, então ele é pequeno, mas o próximo não vai demorar muito, esse demorou porque eu estava estudando pra física.
Boa leitura!!
[...]
A casa que elas construíram era o tipo de lugar onde Lauren podia se imaginar passando o resto da sua vida. Apesar de ser nova, havia um quê de antiguidade desde o momento em que elas se mudaram para lá. Ela atribuía aquilo ao fato de que Camila havia trabalhado duro para criar uma casa que fazia com que as pessoas se sentissem confortáveis assim que a porta fosse aberta.
Foi ela quem supervisionou os detalhes que fizeram com que a casa ganhasse vida. Enquanto Lauren concebia a estrutura em termos de metragem e materiais de construção que pudessem sobreviver aos verões úmidos e ao sal da maresia, Camila introduziu elementos ecléticos que ela nunca havia considerado. Uma vez, enquanto a casa estava sendo construída, elas passaram em frente a uma antiga casa em uma fazenda, há muito tempo abandonada, e Camila insistiu para que ela parasse. Naquele ponto, ela já havia se acostumado com os ocasionais rompantes de entusiasmo que eram característicos de Camila. Ela fez o que Camila pediu e, em pouco tempo, elas estavam passando pelo que havia sido um batente de porta. Elas andaram em pisos cobertos de poeira e tentaram ignorar as trepadeiras que invadiam a casa através de paredes quebradas e janelas abertas. Ao longo da parede oposta, entretanto, havia uma lareira, coberta por uma grossa camada de sujeira negra, e Lauren lembrava-se de pensar que, de algum modo, Camila sabia que aquela lareira estava ali.Ela se agachou ao lado da lareira, correndo as mãos pelas laterais e por baixo da prateleira que a emoldurava.
- Está vendo? Eu acho que são azulejos pintados à mão - disse ela. - Deve haver várias centenas deles, talvez mais. Você consegue imaginar como isso era bonito quando novo? - Ela pegou na mão de Lauren. - Podíamos fazer algo assim.
Pouco a pouco, a casa ganhou detalhes que ela nunca havia imaginado. Elas não se contentaram simplesmente em copiar o estilo da lareira; Camila descobriu quem eram os proprietários daquela fazenda, foi até a casa deles e os convenceu a lhe venderem a lareira por menos do que custaria para limpá-la. Ela queria grandes vigas de carvalho e um teto armado e curvo na sala de jantar que combinasse com o beiral do telhado da casa. As paredes eram de gesso ou tijolos, cobertas com texturas coloridas. Algumas se pareciam com couro, e todas elas remetiam a obras de arte. Ela passou vários fins de semana procurando mobília e objetos de decoração, e às vezes parecia que a própria casa sabia o que ela estava tentando fazer. Quando encontrou um ponto no piso de madeira de lei que rangia, ela andou para a frente e para trás, com um grande sorriso em seu rosto, para ter certeza de que não estava imaginando aquilo. Ela adorava tapetes, e quanto mais coloridos, melhor. Logo, a casa tinha vários tapetes espalhados generosamente pelo piso.
Ela tinha senso prático também. A cozinha, os banheiros e os quartos eram arejados, claros e modernos, com grandes janelas emoldurando a incrível vista que tinham do oceano. O banheiro do quarto delas tinha uma banheira com pés imitando garras de animais e um chuveiro cercado por um boxe espaçoso. Ela queria uma garagem grande, com bastante espaço para Lauren. Imaginando que elas passariam bastante tempo no alpendre, que circundava a casa inteira, ela insistiu em instalar uma rede de dormir e duas cadeiras de balanço, junto com uma churrasqueira e uma área com mesas e cadeiras disposta de tal modo que, mesmo durante uma tempestade, elas poderiam se sentar ao ar livre sem se molhar. O efeito obtido era o de que uma pessoa não saberia dizer se estava mais confortável do lado de dentro ou de fora da casa; era o tipo de casa onde alguém poderia entrar com sapatos enlameados sem qualquer problema. E, na primeira noite que passaram em sua casa nova, deitados na cama de espaldar alto e dossel, Camila se aconchegou nos braços de Lauren com uma expressão que transbordava alegria, com um sussurro sedutor na voz:
- Este lugar, com você ao meu lado, é onde eu sempre vou querer estar.
As meninas também estavam tendo alguns problemas, mesmo que ela não falasse daquilo quando estava com Camila.
Não era de se surpreender, é claro, mas, na maior parte do tempo, Lauren simplesmente não sabia o que fazer. Christine havia perguntado mais de uma vez se a mamãe voltaria para casa, e, embora Lauren sempre lhe garantisse que sim, sua filha parecia não ter tanta certeza, provavelmente porque Lauren não tinha certeza se acreditava naquilo. As crianças tinham uma percepção aguçada e, aos 8 anos, ela havia alcançado uma idade em que já sabia que o mundo não era tão simples como costumava imaginar. Ela era uma linda criança com belos olhos verdes que gostava de usar laços no cabelo. Sempre queria que seu quarto tivesse uma aparência organizada e se recusava a usar roupas que não combinassem. Não costumava chorar nem gritar quando as coisas não lhe pareciam certas; em vez disso, era o tipo de criança que organizava seus brinquedos ou escolhia um novo par de sapatos. Mas, desde o acidente, ela se frustrava facilmente e os berreiros agora eram comuns. Toda a família de Lauren, inclusive Taylor, havia recomendado acompanhamento psicológico, e Christine e Lisa iam ao psicólogo duas vezes por semana, mas as crises de choro pareciam estar ficando piores. E, na noite anterior, quando Christine foi para a cama, seu quarto estava uma bagunça.
Lisa, que sempre foi pequena para a sua idade, geralmente era uma criança alegre. Ela tinha um cobertor que levava consigo para toda parte e seguia Christine pela casa como um cachorrinho. Ela colocava adesivos em todas as suas pastas e os trabalhos que fazia na escola geralmente voltavam para casa cobertos de estrelas. Mesmo assim, por muito tempo ela chorava antes de dormir. No andar de baixo, Lauren conseguia ouvi-la chorando, e ela tinha de apertar o nariz entre os olhos para evitar chorar com ela. Naquelas noites, ela subia as escadas até o quarto das meninas - desde o acidente, outra mudança importante foi que elas quiseram passar a dormir no mesmo quarto - e se deitava ao lado de Lisa, acariciando-lhe o cabelo e ouvindo-a sussurrar: "Estou com saudades da mamãe", sem parar, eram as palavras mais tristes que Lauren já tinha ouvido. Engasgada a ponto de quase não conseguir falar, ela simplesmente dizia:- Eu sei. Também sinto saudades.
Ela não conseguia tomar o lugar de Camila, nem tentava entretanto, aquilo deixava um vazio no lugar que Camila costumava ocupar, um vácuo que ela não sabia como preencher. Como na maioria dos casais com filhos, cada uma delas havia definido territórios em relação à criação das crianças, conforme as especialidades de cada uma. Ela percebia que Camila havia assumido uma porção bem maior da responsabilidade, e se arrependia daquilo agora. Havia inúmeras coisas que ela não sabia como fazer, coisas que Camila fazia parecerem fáceis. Coisas pequenas. Ela podia escovar os cabelos das meninas; porém, quando a questão era fazer tranças, ela entendia o conceito, mas não conseguia dominar a prática. Ela não sabia que tipo de iogurte Lisa queria quando pedia "aquele com a banana azul". Quando um resfriado atacava, ela ficava de pé no corredor do supermercado, observando as prateleiras com xaropes para tosse, imaginando se deveria comprar o xarope com sabor de uva ou de cereja. Christine nunca vestia as roupas que Lauren separava para ela. Ela não fazia ideia de que Lisa gostava de usar sapatos com purpurina às sextas-feiras. Ela percebeu que, antes do acidente, nem sabia os nomes dos professores delas, ou em que parte da escola se localizavam as salas de aula em que elas estudavam.
[...]
Prometo que não demoro dessa vez.
Desculpem qualquer erro, estou postando sem revisão porque já tá na hora do meu curso.
Não esqueçam de favoritar, eu agradeço muito!!
Até o próximo!
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The choice.
Fanfiction[concluída] Lauren possui tudo o que uma mulher sonharia em ter: a profissão que desejava, amigos leais, e uma linda casa beira-mar na pequena cidade de Beaufort, Carolina do Norte. Com uma vida boa, seus relacionamentos amorosos são apenas passagei...