Prólogo.

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Histórias são únicas, assim como as pessoas que as contam, e as melhores histórias são aquelas cujo final é uma surpresa. Pelo menos, lembrava Lauren Jauregui, era o que o seu pai dizia quando ela era criança. Lauren lembrava-se da maneira como seu pai se sentava na cama ao seu lado, com a boca curvada em um sorriso quando a garota implorava por uma história.

— Que tipo de história você quer? — perguntava seu pai.

— A melhor de todas — respondia Lauren.

Geralmente, o pai dela ficava sentado por alguns minutos em silêncio, e seus olhos se iluminavam. Ele colocava o braço ao redor de Lauren e, com uma voz impecável, começava a contar alguma história que frequentemente deixava Lauren acordada por um bom tempo, mesmo depois que seu pai já havia apagado as luzes. Sempre havia aventura, perigos, emoção e jornadas que aconteciam dentro e nas redondezas da pequena cidade litorânea de Beaufort, na Carolina do Norte, o lugar onde Lauren cresceu e que ela ainda chama de lar. Estranhamente, a maior parte daquelas histórias incluía ursos. Ursos-cinzentos, marrons, pardos… seu pai não era muito apegado à realidade dos hábitats naturais dos ursos. Ele se concentrava em cenas com fugas alucinadas pelos baixios arenosos, fazendo com que Lauren tivesse pesadelos com ursos-polares enfurecidos nas praias de Shackleford.

Mesmo assim, independentemente do quanto as histórias a assustavam, ela inevitavelmente perguntava: "O que aconteceu depois?". Para Lauren, aqueles dias pareciam ser os vestígios inocentes de outra era.

Ela estava bem mais velha agora e, ao parar seu carro no estacionamento do Hospital Geral de Carteret, onde sua esposa havia trabalhado nos últimos anos, pensou novamente nas palavras que sempre dizia ao pai. Ao descer do carro, apanhou as flores que havia trazido. Na última vez que falara com a esposa, haviam discutido e, acima de tudo, ela queria se desculpar e fazer as pazes. Ela não tinha ilusões de que as flores melhorariam as coisas, mas não estava certa em relação ao que mais poderia fazer. Não é necessário dizer que ela se sentia culpada pelo que havia acontecido, mas outros amigos, também casados, garantiram-lhe que a culpa era a pedra fundamental de qualquer bom casamento.

Significava que havia uma consciência trabalhando, que havia bons valores sendo considerados, e o melhor a fazer era evitar quaisquer razões para se sentir culpada, sempre que possível. Às vezes, seus amigos admitiam fraquezas em determinadas áreas, e Lauren percebeu que o mesmo poderia ser dito sobre qualquer casal que ela já conhecera. Supunha que seus amigos haviam dito aquilo para fazer com que se sentisse melhor, para lembrar-lhe de que ninguém é perfeito, de que ela não devia ser tão dura consigo mesmo. "Todos cometem erros", diriam eles, e, embora ela assentisse, como se concordasse, sabia que eles nunca entenderiam a situação pela qual estava passando. Eles não teriam condições de fazer isso.

Afinal de contas contas, eles ainda tinham suas esposas e maridos dormindo ao lado todas as noites, nenhum daqueles casais havia se afastado por três meses, nenhum deles se perguntava se o seu casamento algum dia voltaria a ser como antes.

Balançando a cabeça, ela se aproximou da porta do hospital, imaginando-se como a criança que havia sido, ouvindo as histórias de seu pai. Sua própria vida havia sido a melhor de todas as histórias, pensava. O tipo de história que deveria ter acabado com um final feliz. Ao estender a mão para abrir a porta, sentiu a onda familiar de memórias e arrependimentos.
Somente mais tarde, depois de deixar as memórias tomarem conta de si mais uma vez, é que ela se permitiria imaginar o que aconteceria a seguir.

[...]

Gostaram? Espero que sim!!

Eu fiz um prólogo pequeno apenas para dar uma introdução mesmo.

Até o próximo, e não esqueçam de favoritar para eu saber se devo continuar.

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