09.

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Depois que Camila foi embora, Lauren esvaziou a caixa térmica. Querendo ficar um pouco com Moby, ela pegou a bola de tênis, mas, mesmo enquanto os dois se entretinham com o familiar jogo de buscar a bolinha, seus pensamentos continuavam girando em torno de Camila. Mesmo com Moby correndo pelo quintal, não conseguia afastar a lembrança de como os olhos de Camila pareciam se apertar quando ela sorria ou a admiração em sua voz enquanto ela citava os nomes das estrelas e constelações. Lauren ainda se perguntava sobre o relacionamento que ela tinha com o namorado. Curiosamente, ela não havia dito muita coisa a respeito dele - quaisquer que fossem suas razões, Lauren tinha a sensação de que aquela era uma maneira eficiente de mantê-la em dúvida. Não havia como negar que Lauren estava interessada nela. Era algo estranho, entretanto. Se pudesse tomar seu histórico como referência, ela realmente não fazia o seu tipo. Ela não parecia ser uma mulher particularmente delicada ou sensível, como uma flor de estufa - exatamente o tipo de mulher que Lauren costumava atrair às pencas. Quando Lauren a provocava, ela lhe devolvia a provocação; quando forçava os limites, ela não demorava a colocá-la de volta em seu lugar. Gostava da natureza espirituosa que ela tinha, seu autocontrole e sua autoconfiança, e especialmente gostava do fato de que ela parecia não ter consciência de que tinha essas qualidades. Todo aquele dia lhe pareceu ser uma dança tentadora, na qual cada uma delas havia se alternado no papelde condutor, uma empurrando, a outra puxando, e vice-versa. Ela imaginava se uma dança como aquela poderia durar para sempre.

Aquilo havia sido a ruína de seus relacionamentos anteriores. Até mesmo nos estágios iniciais, tudo sempre havia sido unilateral. Geralmente, era ela quem fazia a maioria das decisões sobre o que fazer, onde comer, em qual casa ficar ou a qual filme assistir. Essa parte não a incomodava; o que a incomodava era que, com o passar do tempo, essa unilateralidade começava a definir tudo o que havia no relacionamento, o que inevitavelmente fazia com que ela se sentisse como se estivesse namorando com uma funcionária em vez de uma parceira. Francamente, aquilo a deixava enfastiado. Era estranho. Ela nunca havia pensado muito sobre seus relacionamentos anteriores daquela maneira. Geralmente nem pensava sobre eles. De algum modo, passar o dia com Camila o fez pensar no que ela estava perdendo. Relembrou das conversas que teve durante o dia e percebeu que queria mais daquelas conversas e queria mais dela. Não devia tê-la beijado. Lauren sentiu uma explosão inconveniente de ansiedade - ela havia passado dos limites. Mas agora tudo o que podia fazer era esperar e ver, e esperar que ela não mudasse de ideia sobre o passeio do dia seguinte. O que podia fazer? Nada, percebeu.

Absolutamente nada.

- Como foram as coisas?-perguntou Taylor.

Sentindo-se um pouco desorientada na manhã seguinte, Lauren mal conseguiu abrir os olhos.

- Que horas são?

- Não sei, mas é cedo.

- Por que você está me ligando?

- Porque eu quero saber como foram as coisas com Camila.

- O sol já nasceu, pelo menos?

- Não mude de assunto. Vamos, conte tudo.

- Você está sendo muito enxerida.

- Eu sou uma garota enxerida. Mas não se preocupe. Você já respondeu ao que eu queria saber.

- Eu não respondi nada.

- Exatamente. Presumo que vocês vão se ver hoje também. - Lauren olhou para o telefone, imaginando como sua irmã sempre parecia saber de tudo.

- Tay...

- Diga a ela que eu mandei um"oi". Preciso ir agora. Obrigada por me manter informada. - Ela desligou o telefone antes que Lauren tivesse tempo de responder.

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