Capítulo XI

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A chuva caía na cidade, os pingos tocavam o chão com uma velocidade que podia se ouvir o encontro de ambos, o vento soprava fazendo as árvores se mexerem proporcionando uma cena um tanto medonha para a cidade de Belowood, a luz da lua a iluminar aquele lugar tão distante, parecia que não existia ninguém ali, estava tão quieta e silenciosa, sem uma alma viva na rua muito menos uma morta.

No banco da cidade, exatamente na parte do cofre, era onde toda a ação estava acontecendo, onde os Lacranos e as meninas, Victória Lorenzo e Marta Martins, estavam um grupo tentando pegar o outro, o clima era completamente pesado para as meninas, elas não gostavam nada do que acontecia.

A cidade com aquela chuva forte tomando conta de tudo, deixando algumas partes em situação crítica pelo fato da chuva estar tomando a cena naquele momento. Um carro para perto da entrada da cidade, de dentro dele saem seis pessoas que caminham calmamente correndo seus olhos por toda a parte, buscando encontrar alguma coisa, como se esperassem realmente encontrar alguém do lado de fora das casas na chuva que caia, essas seis pessoas não se importavam com a chuva, em pouco tempo estavam completamente encharcados, as roupas pesavam e eles não estavam nem um pouco ligando para aquilo.

O som do carro que havia acabado de chegar a Belowood alcançou os ouvidos dos Lacranos que pararam de socar a porta do cofre, automaticamente o fato chamou a atenção de Marta e Victória, as duas olharam ao mesmo tempo para a porta esperando que eles fossem invadir com força bruta ou algo do tipo, mas nada aconteceu, além do silêncio que se fez presente ali.

- Victória!

Alan Lorenzo levava as mãos a boca para proporcionar um meio alto-falante para que sua voz propagasse com maior abrangência pelo lugar, isso enquanto todos os outros também faziam o mesmo, Os Arautos do Anoitecer haviam retornado para a cidade em busca de encontrar Victória, viva ou morta, independente de como a encontrassem eles tentavam ainda buscar com a voz chamar atenção da garota.

Já imaginando que o sacrifício tivesse acontecido, eles olharam um para outro, com certo alívio, porém ao mesmo tempo com um peso enorme de ter feito aquilo com Victória, principalmente os pais da garota que a deixaram afim de ser o sacrifício para que a cidade pudesse prosperar, não havia sido fácil aquela decisão, depois de muito conversarem e chegar ao acordo que era para o bem da cidade eles decidiram fazer o que fizeram, agora estavam de volta para ver se tudo tinha se resolvido.

Belowood estava completamente destruída, a casa com suas portas e janelas caindo aos pedaços era difícil ver a cidade daquele jeito, parecia que não tinha sido um sucesso o acontecimento. Havia passado uma semana que as criaturas haviam saído do compartimento onde estavam presos e onde Marco tinha sido transformado.

O grupo combinou de se separar, cada um foi para um canto da cidade, o pai de Victória desceu sentido o celeiro, queria saber se a filha tinha descoberto o esconderijo daquele pequeno grupo seleto que por causa de suas ambições causaram um terror para todos.

Os Lacranos caminharam para fora do banco e logo deram de cara com a primeira pessoa daquele grupo, uma das mulheres que fazia parte, Sarah Vergan, a esposa do homem que tinha tomado outro rumo e também fazia parte dos Arautos do Anoitecer, ela não sabia o que fazer, ficou paralisada, completamente em choque quando se deparou com as criaturas, sua reação foi apenas correr para se salvar, mas ela não conhecia aquelas criaturas, que estavam com a boca um pouco aberta mostrando os dentes e sedentos por carne e sangue preenchendo sua boca.

Assim que ela começou a correr, seus passos anunciaram sua localização para os dois Lacranos, mesmo com a chuva caindo eles continuavam tendo uma velocidade incrível, o som da chuva não atrapalhou a audição dos dois monstros, que conseguiu alcançá-la e simplesmente começaram a devorar seu corpo. O primeiro braço foi arrancado com muita facilidade por Marco que estava tão faminto que não ligava de estar usando toda a sua força para conseguir comer, o Líder já partia para a região da barriga, a escolha de querer só algumas partes específicas do corpo de sua presa. Enquanto ela estava sendo devorada os outros cincos seguiam pela cidade em busca de algum vestígio, mas não era certo que encontrariam, a chuva lavou todo sangue que por ventura viesse estar escorrendo pelo asfalto, os trovões tomavam conta do céu como se tudo fosse desabar.

Marta e Victória decidiram ver o que estava acontecendo, mas assim que Marta tentou se levantar ela sentiu uma forte dor vinda de sua barriga, exatamente onde algo se mexia com força e fazia com que ela não conseguisse se mover direito, ela chegou até a se ajoelhar sentindo a forte dor, Victória que estava junto com ela voltou e abaixou ajudando sua amiga, ficando um pouco aflita, pois nunca tinha presenciado algo daquele tipo, não sabia exatamente o que fazer, estava em completo desespero.

- Marta, aguenta firme, eu tenho que ir lá fora ver o que está acontecendo, ver o porque eles não estão mais batendo na porta, tente aguentar, eu logo volto.

Marta só conseguia balançar a cabeça, pois estava com os dentes travados pela dor, ela concordou que conseguiria aguentar, pelo menos ela estava tentando fazer com que isso fosse verdade, não sabia o que tinha ali dentro dela, só conseguia sentir uma dor intensa e ver sua barriga aumentar aos poucos, mais rápido do que uma mulher comum que estaria tendo um bebê.

Assim que Victória saiu dali foi em direção ao estabelecimento mais próximo e tentou pela janela ver o que poderia encontrar do lado de fora, mas a chuva atrapalhava um pouco, ela arriscou correr na rua em direção ao banco para ver se encontrava as duas criaturas lá dentro, mas não os viu, depois voltou correndo para o estabelecimento, antes de chegar até o local ela vê ao longe uma pessoa correndo, aquilo a fez parar por um segundo. Ela esfregou os olhos e achou que fosse apenas uma miragem e continuou no seu caminho de volta para dentro do cofre do banco.

- Não estão mais aqui na frente, alguma coisa chamou a atenção deles para o lado de fora, não sei o que pode ter sido, mas acho que vi alguém correndo algumas quadras daqui.

Marta pareceu se interessar naquela última informação, no estado em que estava queria ajuda e ambas sabiam que não conseguiriam sozinhas se livrar das criaturas, ainda mais com Marta no estado em que se encontrava.

- Será que não tem nada aqui que podemos usar...

Ela segurou um pouco a fala ao sentir uma leve pancada vinda de dentro de sua barriga, ela parecia que não aguentaria muito tempo ali dentro do cofre.

- Para conseguir chamar quem estiver lá fora para vir aqui nos ajudar?

Victória olhou para os lados tentando achar alguma coisa, mas só via dinheiro e muitos bens que pareciam muito valiosos, correu pelas gavetas do lugar tentando encontrar alguma coisa.

Enquanto isso na chuva continuavam a correr pela cidade em busca de Victória. Alan voltou para a cidade correndo tentando chegar mais depressa e se juntar aos demais e ver se haviam conseguido encontrar alguma coisa ali. A mãe de Victória quando se aproximou de sua casa viu próximo a outra saída da cidade um carro, ela parou e ficou observando aquele carro por alguns minutos como se ele fosse arrancar sozinho e ir de encontro ela e ela não pudesse fazer nada, o silêncio feito por Joana a salvou naquele instante, pois outros fizeram barulho e Marco e seu líder Lacrano passaram bem atrás de Joana correndo na direção do som que fora emitido pelos móveis que eram revirados em uma das casas ali perto.

Joana olha para trás após sentir que algo tinha passado atrás dela, mas nada encontrou, ela olhou em volta e depois foi na direção de sua casa achando estranho o que tinha sentido. Quando chegou a sua casa, correu por todos os cômodos, achando estranho o segundo andar estar com as janelas completamente vedadas, ela não foi até esta tentar arrancar as madeiras, mas desceu do segundo andar e foi até o porão, onde ainda não tinha procurado, assim que ali entrou ela viu a bagunça e as armas, o túnel só foi notado alguns minutos depois, ela sentiu um pouco de esperança de ainda encontrar com sua filha viva.

Victória encontrou em uma das gavetas uma arma, talvez chamasse atenção de quem estivesse ali em Belowood, assim deixando Marta mais segura correu para o estabelecimento mais uma vez usando o túnel e assim que saiu para conseguir um local bom para atirar, ela se depara com seu pai que corria um pouco mais longe, ela lembrou do que Marta havia lhe contado a revolta tomou conta de seu corpo e ela apontou a arma na direção de seu pai, sem que ele ainda tivesse percebido a presença de sua filha a poucos metros de distância dele.

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