Capítulo III

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O desenho trincado sofria leves danos a cada minuto que passava, a rachadura aumentava gradativamente com o passar do tempo. As criaturas estavam inquietas, a todo instante desferindo golpes no solo acima deles para que quebrasse mais rápido e assim se verem livres para poder se espalharem por toda a parte. Seus corpos como de humanos com algumas características simples, suas peles eram de um tom roxo mais puxado para o cinza, completamente lisa sem pelo ou rugas, tinha uma aparência esquelética por não possuírem gordura, eram magros como se fossem feitos apenas de ossos e pele, sua face era estranha, pois não havia olhos, apenas tinha um par de orelhas que não se desenvolveu ficando esta presa por completo as laterais da cabeça, um nariz quase sem relevo e a boca que era mais larga do que o normal para um humano possuía dentes semelhantes aos de tubarão, estes preenchiam a arcada dentária daquele ser que apenas de estar perto de você já lhe causava arrepios.

Sua velocidade era superior a de um humano, não tão elevada assim, mas em uma corrida sem dúvida que ganhariam. Estes por não terem olhos se guiavam pela audição, que era superior até dos seres com esse sentido mais desenvolvido, possuíam a força de três homens adultos de grande peso, pela aparência física que possuíam eles conseguiam alcançar velocidade de um atleta olímpico tão facilmente que era quase impossível de escapar. A todo o momento davam golpes a terra acima de suas cabeças para saírem, a rachadura já dava para que eles colocassem os dedos para fora. seus braços eram longos com uma altura exata de um metro e noventa com um corpo magro e veloz era a arma perfeita para combates.

Victoria pensava em qual armas que ela levaria com ela, passava seus olhos pelas que tinha em sua casa, iam de uma simples pistola de calibre vinte e dois até mesmo uma arma de fogo que era usado pelas forças armadas, ela tinha que separar rápido tanto as armas que conseguiria carregar quanto também as munições o suficiente para lhe proteger dos riscos que ela criava em sua cabeça. Haviam armas brancas também de todos os tamanhos, um pequeno punhal era escolhido por ela como também um facão que era usado em colheitas, cuja a lâmina poderia atravessar facilmente o corpo de uma pessoa.

Após ter escolhido as armas que levaria ela subiu as escadas do porão carregando tudo que levaria consigo, fechando a porta depois de apagar a luz, foi para a sala de sua casa onde podia ver claramente o que passava do lado de fora, o que era normal nada acontecer, menos nos últimos dias que lhe causou o pavor que estava sentindo, afinal não era de surpreender com tamanho acontecimento, um vento que só de tocar em algum ser vivo tomava a vida deste por inteiro.

Ela já com o pensamento de ir para o leste de sua cidade onde no mapa havia a cidade mais próxima, Victoria voltou a olhar o lado de fora de sua casa temendo algum animal aparecer, já que teria que ir novamente até a loja de conveniência, pois não tinha pegado uma revista que achou lá, uma de colorir com flores de todos os tipos, por mais que existisse os riscos ela ainda tinha sua infância preservada, quando podia, brincava com suas bonecas e também tentava pintar alguns quadros que apenas ela poderia decifrar e explicar.

- Não vou poder levar mais nada, além disso que já estou levando!

Havia uma mochila que já pesava o bastante para deixar lenta e não conseguir correr muito, o que poderia lhe atrapalhar nos acontecimentos que estavam por vir. O mal que lá fora habitava sem dúvida era muito pior do que aquele que o vento causava, era de uma maldade tão grande que a saliva da criatura era como acido corrosivo.

Victoria arrumou a mochila nas costas e em suas mãos existia uma calibre quarenta, arma que ela achou que daria conta da situação até fosse preciso pegar a segunda que estava levando. A mão segurou a maçaneta enquanto seus olhos corriam por toda a casa onde morou desde seu nascimento.

- Quem sabe um dia eu volte para ver você novamente querida casa!

A maçaneta foi girada e a porta aberta para dar caminho a menina que saía dali rumo ao leste onde a cidade mais perto estava, mesmo que demorasse dias na cabeça dela, era tão longe que demoraria meses até ela chegar lá. Victoria caminhava na mesma direção pela qual o cachorro havia chegado, ela não sabia o que poderia aparecer ali em seu caminho motivo esse ter já saído de casa armada e preparada para combater o que viesse aparecer. Caminhava olhando tudo à sua volta, as casas que ia deixando para trás de sua cidade e caminha rumo ao novo lar que ela imaginava conseguir chegar, não seria fácil a caminhada, mas ela teria que tentar se quisesse sobreviver ao mal que esperava nas redondezas.

Enquanto isso do outro lado, a oeste de Belowood, cerca de uns trinta e sete quilômetros estava o desenho onde a rachadura já estava aberta o bastante para que conseguissem tirar os braços para fora. a rachadura era maior a cada minuto. Existia ali dentro também uma criatura que não se movia, estava sentada quieta em seu canto, o líder, com dois metros e doze de altura com dois terços de força a mais do que as outras criaturas, este sem dúvida causaria um dano muito grande se acabasse acertando um humano comum. Todos ali dentro estavam com tamanha fome que soltos poderiam devastar uma cidade em alguns dias em seu ataque.

Victoria tinha medo que o vento passasse por ali de novo e escutasse seus passos e acabasse tomando sua vida como havia feito com a planta de seu quintal, ela pensando nisso se abaixou e sentou ali no chão empoeirado, tirou seus tênis voltando a caminhar descalça o que pra ela era difícil já que havia muitas pedrinhas que machucavam seus pés, mas ela com um pouco de persistência e colocando em sua mente que era para sua sobrevivência, ela conseguia aos poucos ir não sentindo mais a dor, o som feito pelos seus passos havia reduzido a quase zero, ela mais aliviada com isso prosseguiu em sua caminhada até ver onde chegaria.

A cidade de Belowood agora vazia por completo não estava mais segura se aqueles humanóides chegassem. Ela não estaria em segurança, pois ali eles iam querer montar sua moradia e isso poderia ser ruim se caso Victoria voltasse e encontrasse sua cidade repleta de criaturas que a matariam se conseguisse identifica-la. A rachadura no desenho estava agora maior, mas ainda não podendo passar por completo nenhuma das criaturas.

A oeste da cidade bem ao longe podia se ver a silhueta de um carro vindo com a poeira se levantando a trás dele, aproximava do desenho no solo em uma velocidade de sessenta quilômetros por hora, tentavam os viajantes do carro poupar gasolina ao máximo para conseguir chegar até a cidade que no mapa deles existia, Belowood, esperando eles por gasolina na cidade, se chegasse a cidade antes que a gasolina acabasse teriam grande decepção.

O som do motor do carro junto com o que causavam as rodas no solo agitou as criaturas de uma forma que uma delas colocou o rosto para fora e soltou um grito tão estridente que ecoou por todo os lados. Chegando até os ouvidos de Victoria que estava na outra extremidade do caminho, fazendo-a parar de imediato e olhar a sua volta com a respiração pesada. Ela estava a treze quilômetros da cidade o que fez ela pensar em voltar correndo para a cidade, sendo essa a sua decisão ela começou a voltar o mais rápido que conseguia.

O líder das criaturas escutou o carro e se levantou, todas as outras foram para o canto sem fazer nenhum movimento, pois respeitavam seu superior, e este socou tão forte que o buraco feito agora poderiam passar até dois de uma só vez. O líder foi o primeiro e atrás dele mais duas criaturas saíram do espaço que estavam ali abaixo da terra. O carro foi se aproximando e as pessoas quando viram o que estava à frente, tentaram frear, mas já estavam em cima. E o líder apontando na direção do veículo, liberou para que seu servos atacassem, o carro estava cheio.

Um dos passageiros vendo que todos seriam comidos tomou uma decisão que não foi de desejo dos outros, mas sem avisar ele apenas abriu a porta e saiu correndo dando brecha para que os outros fugissem, mas não era o suficiente, já que tinham duas criaturas ele apenas um, apenas uma das criaturas correu atrás do rapaz que saiu do carro, quando viram ele sendo completamente devorado os outros entraram em um pânico maior ainda. Os humanóides foram juntos atrás do que havia sido capturado pelo que saiu atrás primeiro. Dentro do carro eles combinaram em fugirem, porém outro rapaz, que estava no carro fez o mesmo para dar mais tempo para conseguissem chegar à cidade, quando se separaram o carro partiu para a cidade chegando rapidamente, mas parando a poucos metros da cidade, assim que os três restantes desceram e acabaram de chegar a pé na cidade foram direto ao posto de gasolina e viram que não tinha mais nada ali, que os compartimentos estavam vazios, viram então que não havia saída, correram para a casa que não estava quebrada, a de Victoria.

O passageiro que havia ficado para trás também virou vítima, logo depois as criaturas tomaram o rumo da cidade para pegar os que restavam, mas assim que pisaram na entrada oeste da cidade eles escutaram do outro lado Victoria que acabava de chegar à cidade, Victoria quando avistou as criaturas sentiu um arrepio correr pela espinha sabendo ela que aquele era o mal, fazendo ela ficar por alguns segundos em choque enquanto do outro lado o líder dava ordens para que seus lacaios fossem atrás da pequena menina, que havia feito barulho ao chegar. Da casa os três sobreviventes do carro que haviam chegado, sendo um rapaz e duas mulheres, viam tudo que se passava ali sem tomarem nenhuma iniciativa.

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