Capítulo VII

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Alguns minutos depois que a comitiva de pesquisa deixou a cela, apenas dois soldados do esquadrão permaneceram ali mantendo a guarda do lugar, seus olhos não saiam da cela e dos que ali dentro estavam, em alguns minutos as coisas ficariam aterrorizantes com a transformação das cobaias e de Henrique. Enquanto um segurava o fuzil o outro mantinha o facão em mãos, preparados para atuarem em conjunto na eliminação das criaturas.

O que estava com o fuzil, cai já sem vida ao lado do que estava com o facão na mão, assustado ele prende o facão na cintura e quando estava para pegar seu armamento para enfrentar o que havia causado a morte de seu companheiro, também cai sem vida, ambos com perfurações de projeteis em suas cabeças.

O atirador entra, arrebentando o cadeado e arrastando para fora dali Henrique que estava desacordado, assim como as outras cobaias, fechou o portão da cela deixando apenas encostado, e mais que depressa, com o cadete no ombro, saiu da caverna seguindo em direção ao seu esconderijo ali nas montanhas, em poucos segundos ele deixa o esconderijo.

Pouco tempo se passa e o atirador retorna, entrando no esconderijo e fechando a entrada, mantendo-se apoiado em um canto com sua arma mirando para o local por onde entrou. Lá de dentro ele consegue ver luzes do lado de fora rondando a área, o som dos calçados pesados podiam ser escutados por ele.

Alguém longe parecia gritar alguma coisa, o que fez as luzes pararem de circular por ali, e tudo voltar ao silêncio absoluto, deixando sua arma de lado, volta sua atenção agora para Henrique, que dava sinais que em breve acordaria. Tirou de sua mochila algumas barras de cereais e deixa perto de uma garrafinha de água. Se afasta e fica parado esperando que o cadete acordasse.

- Enfim acordou! – Henrique escuta uma voz que o assustou, e com rapidez ele se coloca sentado com as mãos a frente de seu corpo, com os punhos fechados.

Seu treinamento o fez ficar sempre alerta, mesmo ainda sonolento ele tinha reflexos mais rápidos do que o normal, o que sempre o fez escapar de brincadeiras que tentavam fazer com ele no quartel, ele acabava acordando assim que escutava as risadinhas que alguns davam, pronto para se defender dos outros que saiam de perto decepcionados por não conseguirem fazer nada com ele.

- Quem é você? – Pergunta Henrique assustado e olhando a sua volta. – Onde estou?

- Antes de tudo, respira e coma algo. – O atirador aponta para o que ele deixou preparado para que o cadete pudesse comer assim que acordasse. – Depois que você estiver alimentado e mais calmo, poderemos conversar com mais tranquilidade.

Concordando com a cabeça ele pegou o que havia sido preparado para ele e comeu como se fosse a melhor coisa do mundo, chegou a olhar a embalagem da barra para ver do que era feito, e com a boca cheia ele resmungava alguma coisa que o atirador não havia conseguido entender, mas não fez questão de perguntar para saber o que foi. A garrafa de água foi em um gole sem respirar, realmente ele estava preso e não deviam ter dado nada para ele enquanto estava lá junto com os outros.

- Pronto, agora você pode me responder!

- Muito bem! – Se ajeita melhor, recostando mais ainda na parede do esconderijo para falar, o atirador. – Sou o seu segundo salvador, pelo jeito e estamos no meu esconderijo, fugindo de caras que querem me matar, e provavelmente querem matar você também.

- Como assim segundo salvador? – Ele fica confuso com aquela resposta.

- Você não se lembra de nada quando injetaram em você o que estava dentro daquela seringa?

Foi então que o cadete lembra de estar na fila para receber a transformação direto na veia. Foi ordenado a todos que saíssem da cela e ficassem alinhados para receber a injeção, ele era o último da fila e esperava para ser o próximo até que viu a mulher que ele havia cumprimentado, antes de ser advertido pelo comandante. Ela estava ali e antes que colocasse a agulha em seu braço ela pisca e olha para a seringa, ele não havia entendido naquela hora o que estava acontecendo, mas recebeu a injeção e apagou junto com os outros cobaias.

- Ela deve ter injetado em mim um placebo, ou qualquer outra coisa que não fosse a injeção mesmo. – Ele agora sorria largamente, com seus dentes impecavelmente brancos.

Agora mais relaxado encosta na parede do esconderijo sorrindo e passando a mão na cabeça. Chegou a se ajoelhar para sair do lugar, mas foi parado pelo atirador que o segurou pelo braço, com as sobrancelhas arqueadas e balançando a cabeça negativamente.

- Se você arriscar a sair daqui e dar as caras na base, tenha certeza que irão te matar, afinal eles acham que você virou uma das criaturas agora, para eles você morreu, menos para a pesquisadora que acredita que você possa estar vivo. – Soltando o braço de Henrique ele volta a ficar sentado e pega uma barra de cereal e tira da embalagem comendo enquanto respira fundo.

- E você quem é exatamente? – O cadete retorna para o lugar e fica olhando agora para o atirador esperando que ele respondesse.

- Isso não vai mudar em nada para você, só saiba que eu vi vocês chegando a noite enquanto todos dormiam, fiquei vigiando vocês desde aquele dia, agora pude ver que não são tão espertos assim, pude agir sem muitas dificuldades.

Depois disso ambos ficaram em silêncio, não fizeram mais nada naquela noite.

Na cela as criaturas começavam a se transformar, três se transformaram antes, enquanto o quarto demorou a se transformar. Os primeiros gritaram tanto de dor por conta da transformação, que os gritos unificados ecoaram de maneira estrondosa para fora da caverna em que estavam. O que teve sua transformação mais lenta acabou morrendo, por nunca ter contato com aquilo ele se assustou e acuado no canto, começou a gritar, o que chamou a atenção das criaturas, que partiram para cima dele o devorando, brigando entre si para conseguir um pedaço a mais do corpo da última cobaia que ainda restava.

Caminhando para fora da cela em seguida seguiram na direção da base, onde escutavam muitas vozes, das pessoas que estavam assustadas com a fuga do Lacrano híbrido. Desciam para o local em alta velocidade, emitindo sons baixos, como se estivessem comunicando entre os três, talvez bolando algum plano para fazer algum ataque.

De longe o Lacrano parou olhando para trás na direção da base, ele sentia o que estava acontecendo, ele podia sentir as novas criaturas que foram criadas, e que estavam descendo para a base naquele momento, o filho do líder deu as costas para o lugar e seguiu no caminho que estava indo, Belowood, o lugar onde nasceu, o lugar onde queria encontrar o homem que ele não conseguiu matar e agora teria a chance para isso.

Alan era o primeiro alvo do Lacrano, uma dívida antiga que parece não ter adormecido dentro de sua mente, e agora ele estava livre e muito mais evoluído para conseguir fazer a caça mais importante de sua vida.

O primeiro obstáculo foi a fazenda que fornecia suprimentos para a base, ela estava no caminho do Lacrano que chegou atacando as criações que o fazendeiro tinha, que ao escutar todo o barulho que elas estavam fazendo, pega seu rifle e vai na direção do celeiro. Quando ele chegou no lugar, entrou lentamente mirando para todos os lados, buscava a fonte dos gritos.

Algo chamou sua atenção, um portinhola que impedia que seu cavalo preferido saísse da baia, estava no meio do celeiro, longe de onde deveria estar, o som de algo se alimentando estava mais alto agora. Ele apontou a arma para a baia e viu ali seu cavalo servindo de alimento para uma criatura enorme e assustadora, seus batimentos aceleraram e começando a tremer, ele ficou em choque. A criatura parou de se alimentar com o som que escutou dos passos do fazendeiro e se virou mostrando seus dentes enormes de tubarão.

O SacrifícioOnde histórias criam vida. Descubra agora