As pessoas gostam de dizer que ser gay não é como a cor da pele, não é uma coisa física. Elas dizem que sempre temos a opção de esconder.
Mas, se isso for verdade, como é que eles sempre nos descobrem?
O ódio de Cooper por todo mundo (os pais, as pessoas da cidade, os homens com quem ele conversa na internet) só é menor do que o ódio que sente de si mesmo. Não há nada que acrescente profundidade ao desespero como a sensação de merecer. Cooper dirige pela cidade, sem saber o que fazer, sem saber para onde ir. Ele nem repara que a gasolina está acabando. Quando a luz de aviso se acende, ele quase se sente grato, porque agora pelo menos há uma coisa a ser feita.
Ele nem sempre foi assim. Ninguém nunca é sempre assim. Houve uma época em que era feliz, uma época em que o mundo o envolvia. Pegar minhocas e dar nomes a elas. Soprar as velas em um bolo que a mãe fez, com vinte amigos do quinto ano em volta. Um home run em um jogo importante da liga infantil que o deixou se sentindo campeão durante semanas. Um desejo de desenhar, pintar. Jogar bolas na cesta na hora do almoço com os amigos.
Mas o ensino médio confunde as coisas. Ele não queria mais fazer esportes. Os amigos se mudaram, se não da cidade, ao menos da mesma mesa que ele na hora do almoço. O tédio começou a invadir o exterior da vida dele, e o barulho começou a crescer lá dentro. Ele passava mais e mais tempo no computador. Não era exatamente uma escolha; era apenas a única coisa que estava sempre presente.
Agora, o laptop está morto no banco de trás. Isso não o incomoda de verdade.
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Two Boys Kissing (Português - BR)
Teen FictionTwo Boys Kissing (Dois Garotos se Beijando) 2013