"Há muitas coisas além das palavras, a provocação é a preliminar do flerte."
Meu celular despertou, mas o sono me dizia para ficar na cama, estava tão quentinho e gostoso que não tinha coragem de abrir os olhos. Confesso que acordar cedo sempre me atormentava, eu simplesmente odiava acordar cedo. Só que eu não poderia deixar minha preguiça me dominar, já que tinha o restaurante me esperando. Tateei a mão por de baixo do travesseiro procurando o bendito celular que não parava de berrar e ao abrir os olhos para desbloquear o celular me deparo com Leonard deitado do meu lado me encarando com um sorriso muito maléfico.
—Que merda é essa? o que você está fazendo aqui? - Resmungo ainda com a voz dopada de sono.
—Eu? Nada, apenas estava te observando, esperando você acordar - O rapaz diz inocente, no entanto não caio na dele, sabia que tinha algo muito errado acontecendo.
—E o que eu disse sobre invadir meu quarto?
Leonard riu colocando suas mãos na barriga, sua risada era gostosa quase contagiante, parecia se divertir com meu péssimo humor matinal.
—Só vim dar bom dia não posso?
É ... não - Imaginem com a voz do michael kyle de Eu, a patroa e as crianças.
—Sabia que deitar na cama de uma pessoa e esperar ela acordar não é uma boa forma de dar bom dia? isso é assustador!- faço uma careta e me obrigo a levantar, se não iria me atrasar — E Você vaza do meu quarto ! - Arqueio minha sobrancelha, mandando à Leonard um olhar de ameça. O loiro ri e também se levanta da minha cama logo ficando de pé, ele já estava vestido e parecia-me que acordado a um bom tempo.
—Por que você é tão chata? Só estava tentando ser legal! Mas não vou mais te encher o saco não -Leonard não perde mais tempo em me irritar, simplesmente some para fora do quarto.
Agradeço mentalmente por ele ter saído logo, geralmente eu não trataria uma pessoa daquele jeito, mas ele está ameaçando algo que é muito importante para mim, acho injusto o restaurante que meu pai e minha mãe trabalharam tanto para construir, ser deixado nas mãos de um cara que eu nunca conheci na minha vida.
Se ele tinha uma importância tão grande na vida da minha mãe porque ele não veio visitar ela? Porque minha mãe nunca falava dele?
Para despertar de vez, decido tomar um banho rápido e lavar os cabelos, como ainda tinha um tempinho de sobra, decido ir mais arrumada ao trabalho. Depois do banho pego meu secador e ligo-o para secar meus cabelos, mas levo um susto ao sentir uma enorme fumaça branca tomar conta de todo local, no desespero ao tentar desligar acabo aumentando ainda mais a potencia do secador, o que faz tudo piorar, no impulso, acabo puxando o pluge da tomada.
Com o secador desligado, conseguir examinar com mais calma que a fumaça branca, na verdade se tratava de farinha ou sabe -se lá que pó branco tenham colocado dentro do secador e em minha mente, me vem a voz de Leonard dizendo que haveria troco pelo incidente do sabonete.
Aquela obra só poderia ser obra do próprio satanás: Leonard.
Pouco me importando por estar horrorosa, com cara de fantasma e o cabelo parecendo um ninho de passarinho, enrolada numa toalha de banho, marcho com força procurando aquele ser dos infernos. Acabo encontrando-o em seu quarto, parecia estar de saída, mas eu não deixaria ele sair impune disso.
—Seu terrorista idiota, como ousa fazer isso comigo? -Falo entre os dentes dando-lhe tapas fortes em seu braço.
—Nossa, mas que garota selvagem! - Leonard diz em tom zombeteiro, gargalhando, pouco se importando com os tapas que deferia nele.
—Selvagem? Está referindo à você né? - Digo incrédula. —Olha, acho que você não está sabendo bem o seu lugar, que deveria ser lá na Itália. Não deveria ter vindo para o Brasil, tentar tirar o meu restaurante de mim.
—Eu vim para o Brasil, porque a minha madrinha querida, me deixou o restaurante e eu vou, você querendo ou não cuidar do que é meu - Leonard para de rir e proferiu em tom cínico —Lembre-se Selina, você que quis começar com a guerra, eu queria ter me dado bem com você, mas estou disposto a jogar com as mesmas peças que você.
Urro com raiva.
—Então que vença o melhor, fique sabendo que não vou facilitar em nada as coisas para você! - Digo com certa prostração de raiva em meu tom de voz.
— Já comecei ganhando então! - Leonard me mostra a chave do restaurante chacoalhando-a na frente de meu rosto, quando tento pegá-la de volta, ele é mais rápido do que eu se afastando com êxito.
—Me devolve essa chave, ela é minha! - Grito com mais raiva.
—Vamos corrigir um pouco isso... era sua - Ele me encara com aqueles olhos azuis mortíferos e o sorriso debochado que me faz querer socá-lo ainda mais.
— Claro que não, ela é minha. Me devolve ela - corro até ele segurando a toalha que envolvia meu corpo com uma mão e com a outra volto a bater nele.
—Você sabe que que não vou devolver - Leonard me empurra contra a parede e segura minha mão livre. Me sinto desconfortável com a forma como ele me toca, me sentia inofensiva, mesmo que ele não tenha usado a força, o fato dele ser muito maior do que eu e sua proximidade me faz ficar tensa, um arrepio estranho percorre por toda extensão de meu corpo, só que eu não sabia dizer se aquilo era bom ou ruim.
Só que eu não poderia ser intimidada.
—E..eu vou te fazer devolver - Minha voz vacila por um instante a aquilo de certo modo faz o sorriso de Leonard se ampliar e um certo brilho em seus olhos se intensificar, eu não sabia o que se passava por aquela mente maligna, mas apesar de estar com um pouco de medo eu não iria render aos seus caprichos.
—Eu sei anjinho - ele segura meu queixo obrigando a levantar um pouco a cabeça —Vamos negociar essa devolutiva - Seu sorriso é impiedoso, mas o contato é breve, ele limpa sua mão que acabara ficando suja de farinha e sua blusa, então caminha para a porta da sala que dava para o quintal da casa .
—Idiota, ridículo, cretino, metido, filho do demo! -Xingo-o com todas minhas forças.
—Te vejo no trabalho daqui a pouco - Leonard pisca para mim antes de fechar a porta e sumir.
Fico num estado tão alto de raiva que chego a gritar diversas vezes coisas que nem eu estava entendendo. Leonard havia ganhado a batalha, mas não a guerra, eu tinha que pensar em uma coisa urgente para acabar com toda sua moral, mas o que eu poderia fazer? Como eu poderia sair ganhando em cima dele?
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Clichê italiano
Storie d'amoreSelina sempre teve seus pais como sua base e quando sua mãe morreu a unica coisa que a restara, era o seu restaurante italiano. No entanto, a vida é cheia de pregar surpresas e mesmo sua mãe não estando mais viva, ela ainda tinha mais uma lição a l...