Feitiços do Amor

Capítulo 9

- Bom dia! Como a minha paciente passou essa noite? Está tudo bem? - Falo sorrindo, eu precisava convencer a Caroline Bittencourt que eu sou um bom profissional, eu estava precisando muito daquele emprego.

- Bom dia só se for pra você! Por que o meu dia não está nada bom. E para piorar, eu sou obrigada a olhar para essa sua cara patética. Aff! E quem deixou você entrar no meu quarto sem a minha permissão? Eu poderia estar sem roupa, sabia? - Ela bufava de raiva.

- Nossa! Como você consegue ser tão mau humorada logo pela manhã? Sua mãe autorizou. - Falo sorrindo e me assustei ao vê-la com a mão cheia de comprimidos. Que remédio são esses que você está tomando? - Falo olhando para a mão dela.

- Ah! São os meus comprimidos para tirar a dor. - Caroline fala timidamente e tenta esconder alguns dos comprimidos debaixo dos lençóis.

Olho para a Caroline desconfiado, espero que não seja o que estou pensando, essa maluca não seria capaz de tirar a sua própria vida. Ou seria? Percebi que ela ficou sem jeito quando eu perguntei sobre os comprimidos.
Essa situação começou a me deixar muito preocupado, acho melhor avisar a Beatriz, a Caroline parece não estar em seu estado normal.
Coloquei a minha maleta com alguns equipamentos da fisioterapia em cima de uma poltrona no canto do quarto e me sentei a beira da cama ao lado dela.

- Como você está se sentindo? Percebi que está triste.

- Eu estou bem, e se eu estivesse triste não é da sua conta! Você não é nenhum psicólogo para eu sair contando o que se passa pela a minha cabeça. Você não acha que está querendo saber demais da minha vida? Apenas faça o seu trabalho. Combinado?

- Combinado , não está mais aqui quem falou. Eu estava sendo simpático com a Caroline porque eu estava precisando do emprego, porque a minha vontade era de mandá-la ir a merda. Que garota insuportável.
A partir de então, fiquei quieto e não falei absolutamente nada, eu estava tão preocupado com a possibilidade de ser pai que estava tentando ensaiar para contar essa novidade para a minha família que ignorei as chatices da Caroline e continuei o meu trabalho.

Parecia que eu estava em um pesadelo sem fim, eu passei a minha vida inteira sonhando em me tornar pai, e quando eu descubro essa benção, isso acontece justamente no mesmo momento que a minha vida está de ponta cabeça, o que eu fiz para merecer isso? - Pensei.
O pior de tudo, era que eu ainda amava a Suzie, e com a chegada desse bebê, uma possível reconciliação passou pela a minha cabeça. Será que ainda tem volta entre a Suzie e eu? Melhor não pensar nisso agora. - Pensei.

Começamos com as sessões de fisioterapia e eu fiquei concentrado no que eu estava fazendo, mas parecia que a minha cabeça estava em outro mundo e de repente comecei a tocar na perna da Caroline e fazer alguns movimentos e quando olhei para ela percebi que ela estava chorando.

- Está doendo? Está sentindo as suas pernas? - Falo empolgado.

- Não, não estou sentindo nada. Por favor, seja sincero comigo, eu não vou poder nunca mais andar? - Caroline fala entre soluços.

Naquele momento pude perceber como a Caroline estava fragilizada, o seu rosto parecia estar ainda mais inchado, e o seu semblante estava pálido.

- Claro que você vai voltar a andar. É só você fazer todos os exercícios direitinho. - Minto, mas eu odiei mentir para ela.Porque de acordo com os médicos, a Caroline nunca mais poderia andar.

- Por favor, não minta para mim, eu já estou cheia de pessoas incompetentes ao meu redor, por favor, não seja mais um deles.

Naquele momento me senti na obrigação de contar toda a verdade para ela, não era justo darmos essa esperança a Caroline sendo que a sua lesão foi gravíssima e a chance dela voltar a andar era quase impossível.