Depois que terminei de arrumar meu quarto, desci.
Eu e meu pai acertamos que durante dois dias da semana teríamos uma rotina diferente do habitual. Às terças, meu pai encomenda sua própria comida em uma cantina estilo boteco que tem perto da escola e quando sai do trabalho, vai ao Bomboliche, apesar do nome ser meio óbvio, sim, ele vai jogar boliche com os amigos. {risos} Eu, por outro lado, dou aula durante a tarde para uma galerinha do fundamental. Já à noite, minha preferência é ir às apresentações que ocorrem no Conservatório de Música de Uberlândia, mas como não é sempre que tem {como hoje}, vou ao teatro.
A manhã foi de revisão do assunto que eu iria passar às meninas mais tarde. {Sim, um grupo só de meninas. Os meninos são só na quinta, risos} Eram 14:00hrs, pontualmente, quando eu escuto:
- Camila! - um grito fino feminino, típico adolescente, acompanhado de inúmeros toques da campainha. Risos.
- Olá, meninas! Entrem. - disse após sair e abrir o portão externo. - Podem ir na frente, vocês já sabem onde ficamos. - avisei enquanto uma após a outra ia entrando. Deduzi que quem havia gritado era a escandalosa da Coralina: inteligentíssima e hiper extrovertida.
Eram nove meninas muito espertas na verdade, mas enquanto iam entrando, eu fazia minha contagem mental: "Uma, duas, três [...], oito e..."
- Ué! - Passei para o lado de fora na tentativa de ver se alguma ainda vinha vindo. Vi Pietra segurando uma flor.- Enquanto as meninas entravam, um cara da floricultura do centro passou e pediu que eu a entregasse, Mila. Sabe quem foi né? - disse enquanto me entregava.
- Sim, meu amor. Imagino quem seja. Um moreno alto... - dei-lhe um beijo.
- Eu sei que você sabe quem era o entregador, Mila. - riu - Estou perguntando quem lhe enviou a rosa, dãã. - disse depois de interromper minha tentativa de descrever fisicamente o entregador.
- Claaaro! - respondi rápido - Vamos entrando. - mudei de assunto. Claro {que não}
A Pietra foi na frente para encontrar o restante do grupo. Percebi que havia um cartão preso à flor:
| Para Camila |
| Um |
| De @ |
- Camila! - uma das meninas despertou-me da minha reação estática e de meu pensamento longe ao me gritar de dentro da casa.
"Para Camila. Um. De @." Quem poderá ter sido?
Sentei-me próxima a todas. Aérea.
- Aconteceu algo, Mila? - Julie, uma das mais sensitivas do grupo perguntou.
- Não, meu amor. Está tudo bem! - peguei em sua mão - Onde paramos mesmo na semana passada? - mudei de assunto, de novo.
As meninas tinham, em média, quatorze anos. Ambas da mesma sala: nono ano, do que elas gostavam de chamar de ginásio. Estudamos Guerra Fria durante aquela tarde.
Quando cheguei em Uberlândia, dava reforço apenas para Eleanor, Pietra e Julie. O fato do desempenho delas terem melhorado na escola {sim, são da mesma escola desde sempre, segundo o que elas se recordam}, fez com que as outras viessem também. Nosso lanche no final da tarde já era praxe...
- Então foi isso, meninas. Na semana que vem, faremos algumas questões para vocês se prepararem para a prova. Hora do lanche! - disse enquanto fechava os livros e enrolava o mapa que eu havia usado para explicá-las algumas coisas. - Temos chá hoje, Kate. - avisei.
- Ai que ótimo, Mila. - ela disse ao se dirigir à mesa para se servir.
Tinha diferentes tipos de chás, refresco, bolo de laranja, bolachas e geléia de amora. Deixei elas se servindo e fui checar o celular:
>> Já saí do trabalho, filha. Até mais tarde!
Todo tecnológico esse garoto.
Certo, pai. Se cuida! Até. <<
÷:÷:÷:÷:÷:÷
- Tchau, mocinhas! Se cuidem. - disse ao me despedir do portão. - Até semana que vem.
- Tchau, Mila! - recebi em resposta quase como um coro.
Quando retornei, subi para o quarto para me arrumar. Eram 18:05hrs, o horário limite para ainda estar em casa. A apresentação no teatro iria começar às 19:00hrs e eu ainda nem havia comprado o ingresso. Coloquei uma blusa verde clarinha com um saia mid floral de paleta rosada. Deixei o cabelo à lá Camila: preso na lateral e com muito volume. Uma sapatilha preta com uma carteira envelope preta, estava "arrumada".
- Oh céus! - minha reação ao ver que já eram 18:45hrs.
Peguei as chaves e saí. Cheguei ao teatro às 19:03hrs. Quaaaase no horário {risos}. Comprei a passagem, entrei. Minha cadeira era intermediária. Peguei o celular para mandar mensagem para meu pai:
Cheguei ao teatro. Assim que estiver saindo aviso, tá? Bjo. <<
A peça havia começado há oito minutos e o celular tremeu. Nossa, rápido esse jovem!
>> Estarei por aí em quinze dias. Queria te ver... Responda pelo menos essa mensagem, por favor.
Se me perguntarem o que a cia de teatro de Uberlândia apresentou naquela noite, eu certamente não saberia responder. Se com a flor que recebi à tarde, eu já estava curiosa... Imagina agora.
Quem poderá ser?
Se eu respondi a mensagem? ÓBVIO que não.
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E se...
RomanceCamila, acaba de perder a mãe e ainda não sabe como tocará a vida com seu pai, que sofre com a perda da esposa. Um encontro inusitado pode ser sua chance de recomeço. Seu único problema: insegurança. Se gostar, compartilha com sua galera e não esque...