P.S. Trechos em - itálico - indicarão pensamentos, tá?
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A semana teria corrido igual a qualquer outra, se não fosse as flores que recebi dia após dia desde aquela terça. Os cartões traziam quase o mesmo texto:
"Para Camila / Dois / De @ " - na quarta.
"Para Camila / Três / De @ " - na quinta.
Houveram flores e cartões para a sexta, o sábado, mas no domingo...
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Era domingo. Meu pai estava em casa cuidando da horta. Eu tinha acabado de desligar uma chamada com Aline e novamente, no mesmo horário, o entregador tocou a campainha.
- Srta. Camila. Bom dia! - ele disse sorrindo e me entregando a mesma flor.
- Bom dia, Arthur. - pegando a flor em sua mão, eu lhe retribuo o sorriso. - Acho que eu já mereço saber quem é tão pontual e constante em me mandar a mesma flor, não acha? - disse procurando o cartão.
Já faz quase uma semana que eu e Arthur nos encontramos na frente de minha casa, no mesmo horário: 10:45hrs, e eu tento tirar dele quem me manda as flores. Acho que na minha nova morada, ele é o primeiro do que chamaríamos de amigo, com idade parecida.
- Ah, Mila! Você sabe que eu não sei. A senhora Esther costuma não revelar quem são os remetentes. - ele disse encostando a bicicleta numa árvore que tinha na frente da minha casa.
A rua onde moro é uma das ruas mais floridas do bairro. Diversas árvores nas calçadas e fachadas. Uma verdadeira explosão de cores e aromas. A calçada da minha, além de uma grama bem cuidada {modéstia à parte, risos}, tinha um ipê roxo com a copa toda florida. Desde a terceira vez que Arthur veio trazer a misteriosa flor, nós nos sentamos ali, sob o ipê e tentamos imaginar quem seria o ou a responsável pelas flores.
- Hoje eu tenho uma certa convicção que a pessoa que te manda essas flores é cego. - ele disse com um ar confiante.
- Não entendo. Por que você acha isso? - eu havia franzido a testa e me mantive concentrada destalando as pétalas de uma das flores que acabara de cair na minha perna.
- Essas rosas são lindas. E pelo amor de Deus, quem ia gastar tempo e dinheiro para mandar uma coisa tão linda e cara para uma pessoa desprezível como você? - ele disse com ar de deboche.
- ÔÔÔ! - disse enquanto enchia a mão das folhas e flores que tinham no chão e jogava nele. - Até parece!
Rimos.
- Tenho que ir. Dona Esther já deve estar sentindo a minha falta. - disse ao se levantar, bater as mãos no corpo na tentativa de se limpar e pegar a bicicleta.
- Tudo bem. - me levantei e peguei a flor que estava ao meu lado. Senti seu cheiro e agradeci à Arthur. - Obrigada!
- Mila, não é para mim que você deve agradecer. Ao te trazer a flor, eu só estou fazendo o meu trabalho. - ele disse enquanto montava na bicicleta.
- Quando um de nós descobrirmos, eu faço isso. Só não esquece de me contar, caso descubra algo. - disse já me despedindo.
- Certo! Até breve. - ele acenou e foi.
Eu o observei indo. Em questão de oito segundos e alguns metros de distância, ele parecia estar fazendo a volta. E então ele chegou até mim:
- Quase esqueci de lhe entregar. - Ele puxou uma carta. - Dessa vez, a pessoa não encomendou um cartão pequeno na flor, como das outras vezes. Dona Esther me entregou esta carta e disse que era para entregar junto à flor. - Ele fez cara de "Eu não sei de nada" e me entregou. - Agora eu tenho que ir. Beijo! - ele gritou um pouco longe. Eu acenei.
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Entrei em casa, meu pai já estava fazendo algo para comermos. Pelo cheiro: LASANHA!
- Era Arthur? - ele disse sorrindo. Não um sorriso normal, ali havia um quê a mais.
- Sim. - respondi sem dar importância.
- Ele te trouxe outra flor? - logo após, ele provou o molho e fez uma cara de "Hummmm!"
- Paaai... - olhei para ele com uma cara de "Qual é?".
Ele riu. Ficamos calados durante uns dois minutos. Internamente, tinha conflito se eu leria a carta agora ou não. Externamente, eu estava plena admirando a rosa e sentada no sofá, mas vez ou outra eu olhava para a carta em cima da mesa de centro.
- Sim. Ele VEIO ME ENTREGAR outra flor. - procurei frisar que ele só estava fazendo o trabalho dele.
- Sei. - ele riu.
Meu pai, sinceramente, parecia saber de alguma coisa. Sempre que Arthur vinha me entregar uma flor, apesar dele estar trabalhando na hora, quando ele chegava ele sempre perguntava: "Alguma novidade, filha? " Não que um pai perguntar isso para filha fosse alguma novidade ou algo de outro mundo. A minha curiosidade é que ele só passou a fazer isso de terça para cá. Eu o fitei, mas preferi ignorar todas as minhas teorias.
- Vou tomar banho. - disse ao pegar a carta e a flor. Subi as escadas.
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Coloquei a flor junto com as outras. Era visível a diferença entre elas devido aos diferentes dias que chegaram até mim. A rosa da terça já estava para perder a primeira pétala...
Fui até o assento perto da janela. Peguei a carta. Respirei e abri.
" Querida Camila,
Cada flor representa o tempo em meses desde que te vi pela última vez. Seis meses. Estávamos em Ubá. Desde aquele dia não consegui tirá-la da minha cabeça. Você deve estar se perguntando quem é ou como eu poderia saber qual o novo lugar que você está tornando mais feliz. (vulgo, onde você está morando, risos)
Essas dúvidas eu quero ter a oportunidade de esclarecer. Pessoalmente.
Espere por uma surpresa amanhã.
Com saudades, @"
Ai meu Deus

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E se...
عاطفيةCamila, acaba de perder a mãe e ainda não sabe como tocará a vida com seu pai, que sofre com a perda da esposa. Um encontro inusitado pode ser sua chance de recomeço. Seu único problema: insegurança. Se gostar, compartilha com sua galera e não esque...