IX

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P.S. Trechos em - itálico -  indicarão pensamentos, tá?

Se gostar, compartilha com sua galera e não esquece de votar. Quanto aos comentários, irei responder todos nas medida do possível. XOXO

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A semana teria corrido igual a qualquer outra, se não fosse as flores que recebi dia após dia desde aquela terça. Os cartões traziam quase o mesmo texto:

"Para Camila / Dois / De @ " - na quarta.

"Para Camila / Três / De @ " - na quinta.

Houveram flores e cartões para a sexta, o sábado, mas no domingo...

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Era domingo. Meu pai estava em casa cuidando da horta. Eu tinha acabado de desligar uma chamada com Aline e novamente, no mesmo horário, o entregador tocou a campainha. 

- Srta. Camila. Bom dia! - ele disse sorrindo e me entregando a mesma flor.

- Bom dia, Arthur. - pegando a flor em sua mão, eu lhe retribuo o sorriso. - Acho que eu já mereço saber quem é tão pontual e constante em me mandar a mesma flor, não acha? - disse procurando o cartão. 

Já faz quase uma semana que eu e Arthur nos encontramos na frente de minha casa, no mesmo horário: 10:45hrs, e eu tento tirar dele quem me manda as flores. Acho que na minha nova morada, ele é o primeiro do que chamaríamos de amigo, com idade parecida.

- Ah, Mila! Você sabe que eu não sei. A senhora Esther costuma não revelar quem são os remetentes. - ele disse encostando a bicicleta numa árvore que tinha na frente da minha casa. 

A rua onde moro é uma das ruas mais floridas do bairro. Diversas árvores nas calçadas e fachadas. Uma verdadeira explosão de cores e aromas. A calçada da minha, além de uma grama bem cuidada {modéstia à parte, risos}, tinha um ipê roxo com a copa toda florida. Desde a terceira vez que Arthur veio trazer a misteriosa flor, nós nos sentamos ali, sob o ipê e tentamos imaginar quem seria o ou a responsável pelas flores. 

- Hoje eu tenho uma certa convicção que a pessoa que te manda essas flores é cego. - ele disse com um ar confiante. 

- Não entendo. Por que você acha isso? - eu havia franzido a testa e me mantive concentrada destalando as pétalas de uma das flores que acabara de cair na minha perna. 

- Essas rosas são lindas. E pelo amor de Deus, quem ia gastar tempo e dinheiro para mandar uma coisa tão linda e cara para uma pessoa desprezível como você? - ele disse com ar de deboche. 

- ÔÔÔ! - disse enquanto enchia a mão das folhas e flores que tinham no chão e jogava nele. - Até parece! 

Rimos.

- Tenho que ir. Dona Esther já deve estar sentindo a minha falta. - disse ao se levantar, bater as mãos no corpo na tentativa de se limpar e pegar a bicicleta. 

- Tudo bem. - me levantei e peguei a flor que estava ao meu lado. Senti seu cheiro e agradeci à Arthur. - Obrigada! 

- Mila, não é para mim que você deve agradecer. Ao te trazer a flor, eu só estou fazendo o meu trabalho. - ele disse enquanto montava na bicicleta. 

- Quando um de nós descobrirmos, eu faço isso. Só não esquece de me contar, caso descubra algo. - disse já me despedindo. 

- Certo! Até breve. - ele acenou e foi. 

Eu o observei indo. Em questão de oito segundos e alguns metros de distância, ele parecia estar fazendo a volta. E então ele chegou até mim:

- Quase esqueci de lhe entregar. - Ele puxou uma carta. - Dessa vez, a pessoa não encomendou um cartão pequeno na flor, como das outras vezes. Dona Esther me entregou esta carta e disse que era para entregar junto à flor. - Ele fez cara de "Eu não sei de nada" e me entregou. - Agora eu tenho que ir. Beijo! - ele gritou um pouco longe. Eu acenei.

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Entrei em casa, meu pai já estava fazendo algo para comermos. Pelo cheiro: LASANHA! 

- Era Arthur? - ele disse sorrindo. Não um sorriso normal, ali havia um quê a mais.

- Sim. - respondi sem dar importância.

- Ele te trouxe outra flor? - logo após, ele provou o molho e fez uma cara de "Hummmm!"

- Paaai... - olhei para ele com uma cara de "Qual é?". 

Ele riu. Ficamos calados durante uns dois minutos. Internamente, tinha conflito se eu leria a carta agora ou não. Externamente, eu estava plena admirando a rosa e sentada no sofá, mas vez ou outra eu olhava para a carta em cima da mesa de centro. 

- Sim. Ele VEIO ME ENTREGAR outra flor. - procurei frisar que ele só estava fazendo o trabalho dele. 

- Sei. - ele riu.

Meu pai, sinceramente, parecia saber de alguma coisa. Sempre que Arthur vinha me entregar uma flor, apesar dele estar trabalhando na hora, quando ele chegava ele sempre perguntava: "Alguma novidade, filha? " Não que um pai perguntar isso para filha fosse alguma novidade ou algo de outro mundo. A minha curiosidade é que ele só passou a fazer isso de terça para cá. Eu o fitei, mas preferi ignorar todas as minhas teorias.

- Vou tomar banho. - disse ao pegar a carta e a flor. Subi as escadas.

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Coloquei a flor junto com as outras. Era visível a diferença entre elas devido aos diferentes dias que chegaram até mim. A rosa da terça já estava para perder a primeira pétala...

Fui até o assento perto da janela. Peguei a carta. Respirei e abri.

          " Querida Camila,

   Cada flor representa o tempo em meses desde que te vi pela última vez. Seis meses. Estávamos em Ubá. Desde aquele dia não consegui tirá-la da minha cabeça. Você deve estar se perguntando quem é ou como eu poderia saber qual o novo lugar que você está tornando mais feliz. (vulgo, onde você está morando, risos)

   Essas dúvidas eu quero ter a oportunidade de esclarecer. Pessoalmente. 

   Espere por uma surpresa amanhã.

Com saudades, @"      

Ai meu Deus    

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