Capítulo 4

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O senhor Lourival fez questão de ao retornar para onde Juliette e eu estávamos minutos depois de ter saído dali com sua esposa, dele próprio me levar até o quarto em que eu ficaria.

Juliette quis vir junto com a gente, mas seu pai foi taxativo em negar, alegando que ele aproveitaria a oportunidade para conversar a sós comigo. Eu que aquela altura até já estava mais calma, depois que ele disse isso voltei a ficar nervosa.

Em silêncio seguimos senhor Lourival e eu pelas escadas em direção ao cômodo que eles haviam reservado para mim no andar de cima da pousada.

Tão logo entramos no quarto, o senhor Lourival não me deu tempo de nada e foi logo apontando a cama para eu sentar enquanto ele se acomodava em uma cadeira que havia próxima à uma escrivaninha.

E enfim havia chego o momento que eu estava receando e ao mesmo tempo ansiando pela chegar.

Era hora de enfrentar o sogrão!

Houve um breve silêncio antes que de o pai de Juliette enfim se pronunciasse.

— Sabe, vou ser bem franco com você... - Seu Lourival começou a falar comigo enquanto passava a mão pelo queixo liso. - ...Eu não gostei nada de saber que você na verdade é namorada da minha filha.

— Eu posso imaginar.

— Inclusive quase liguei ontem pra sua casa pra vetar sua vinda pra cá. Mas Fátima me pediu para não fazer isso pela Ju. Minha filha estava muito contente e empolgada com a sua vinda pra cá.

— Eu também estava empolgada e contente pra vir aqui ver sua filha.

— Eu posso imaginar. - com certo sarcasmo, ele repetiu as palavras que eu lhe disse há instantes. Bem, eu acho que já começo a suspeitar de onde vem o jeito sarcástico de Juliette.

— Senhor Lou...

— Sem o senhor. - ele me interrompeu, corrigindo-me. - Apesar de me agradar a formalidade com a qual me trata, mas pode me chamar apenas de Lourival mesmo.

— Como quiser. - eu não ia ser louca de contrariá-lo. Nem a pau! - Então... Lourival... eu gosto muito da sua filha. Na verdade, eu a amo!

— Ama?!

Vi o pai de Juliette erguer uma de suas sobrancelhas e se recostar melhor em sua cadeira. Acho que o peguei de surpresa com o que disse. Talvez, ele não esperasse ouvir tais palavras de mim. Ou até mesmo não acreditasse muito naquilo, ou nem levasse muita fé nas minhas palavras. Mas elas eram muito verdadeiras.

— Sim, amo. - confirmei com a absoluta certeza de que aquilo era a mais pura e límpida verdade. Eu amo a Juliette - E quero pedir sua autorização pra namorar sério à Ju. Eu vim aqui não só pra rever a sua filha, mas também pra falar com o sen... quer dizer, com você porque eu quero que saiba que minhas intenções com a Juliette são sérias.

— Ok! Eu tô começando a acreditar que são sérias mesmo pelo seu tom firme e também pela 'defesa' desacerbada da minha filha em relação a você ontem. Mas... Me esclarece uma dúvida, como esse namoro de vocês pode dar certo com cada uma morando em um estado diferente da outra? Esse tipo de namoro moderno que vocês jovens acham que pode dar certo com uma pessoa morando longe da outra, não dá. Pode ser que até dê no começo como deu nesses meses que me esconderam isso. Mas acha realmente que isso vai durar mais tempo? Além do mais, eu não quero minha filha fazendo papel de boba por você tá enganando-a com outras lá em Las Vegas.

— Eu jamais vou enganar a Ju com nenhuma outra garota. Isso não tem a menor chance de acontecer.

Eu não conseguia mais me ver com outra garota que não fosse a Juliette. Era com ela que eu queria ficar e mais ninguém. Só era para a minha "garota insuportável" que eu tinha olhos.

San Francisco - Versão SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora