Capítulo 30 - Percy

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Acordo sentido um peso do lado esquerdo do meu corpo e ao olhar pra baixo vejo uma confusão loira, sob meu peito.
Suspiro ao ver que ela finalmente dormiu por uma quantidade de tempo razoável.
Depois que dormiu em meu peito ontem a noite, ela acordou mais 3 vezes assustada, 2 vezes chorando e 1 se debatendo. Ao todo ela acordou 6 vezes durante 9h30m. Descido não leva-la pra escola, eu também não vou.
Me desvensilho dela com cuidado pra não acorda-la, depois de escovar meus dentes e lavar o rosto. Quando volto para o quarto, ela está encolhida, mas dormindo profundamente. Antes de sair levo o edredom até o seu ombro à cobrindo quase que por inteiro.
- Bom dia. - Alice está comendo seu sanduíche.
- Bom dia, eu já estava achando que não iríamos mais pra escola. Cadê a Annabeth? - Ela me olha em dúvida, vou até a geladeira pegar uma garrafa e bebo direto do gargalo.
- Você pode pedir pra Silena vir buscar você? Não vou poder te levar...
- O que aconteceu? Você parece cansado, você não dormiu? - Ela está preocupada.
- Annabeth teve alguns pesadelos durante a noite e não dormimos bem, não posso dirigir assim e mesmo que pudesse, não posso deixar ela sozinha numa casa que não conhece. - Apesar de estarmos juntos nunca viemos pra minha casa Agora estou ao lado dela, sentado em um dos bancos do balcão.
- Ela está bem? Isso tem algo haver com o problema que ela teve ontem a noite, não é? - Posso sentir sua preocupação com a melhor amiga, mas não posso contar o segredo de Annabeth, pois é dela e não sou eu que devo contar.
- Tem haver, mas eu não posso contar é assunto da Annabeth. - Falo de forma categorica e ela entende. - E eu não quero que você conte isso pra ninguém, ok? Ninguém mesmo. - Ela confirma com um movimento de cabeça.
- Você acha que ela vai me contar? Algum dia? - Respiro fundo antes de responder, eu estou caindo de sono, será que Annabeth sempre se sente assim? Cansada?
- Honestamente, eu não sei. Mas se ela não comentar não quero que toque no assunto. - Ela balaça a cabeça mais uma vez.
- Ok. Vou ligar pra Silena, quer que eu fique fora por um tempo depois da escola? - Ela sabe a gravidade da situação.
- Seria bom, não sei o que ela vai querer fazer depois de hoje. Se divirta, mas sem garotos, pode pegar o seu cartão na minha carteira, ok? - Ela sorri levemente, ainda está preocupada.
Me levando e passo os braços ao seu redor, ela retribui.
- Sabe que é importante pra mim, não é? - Enquanto eu tentava fazer Annabeth dormir ou acalma-la fiquei pensando se Alice realmente sabia o quanto era importante pra mim.
- Sei.
- É serio Ali... - Agora estou olhando em seus olhos.
- Eu também estou falando sério, você diz isso quase todo dia.
- E ainda estou errando, eu deveria falar todos os dias.....
- Não devia se cobrar tanto, mesmo que não fale todos os dias eu vejo nas suas atitudes e nos mínimos cuidados que tem comigo e é por isso que eu te amo. - Sorrio com seu pequeno discurso.
- Eu te amo Ali. Vou subir, ligue pra Silena, se ela não puder pode ficar em casa, ok?
- Tá bom. Vê se dorme.
Suspiro ao deitar em minha cama, Annie está deitada de bruços, não posso ver seu rosto. Depois de alguns minutos, ela se vira seus olhos estão cansados, mas atentos.
- Você levou a Alice na escola? - Ela está fazendo, desenhos aleatórios em minha camisa (estou deitado de lado, olhando pra ela), mas está confusa.
- Não, porque?
- Você não demorou, achei estranho. - Seu rosto agora é sereno.
- Pensei que estivesse dormindo... - Passo meus dedos por seu rosto, acariciando.
- E estava até você me cobrir, o edredom não é a mesma coisa que você. - Ela se vira totalmente pra mim. - Eu não tenho roupa, pra ir pra escola...
- Não se preocupe, nós não vamos. - Ela me olha um minuto e depois cola sua testa em meu peito, passo meu braço em sua cintura, trazendo-a pra mais perto.
oOo
- Oi - Ela está com o queixo apoiado no meu peito e um pequeno sorriso no rosto.
- Oi, está acordada à muito tempo? - Ela nega. - Com fome? - Ela nega e eu olho no relógio.
Vai dar 10h, olho de novo pra ela que me observa atentamente.
- Conseguiu dormir um pouco? - Ela balança a cabeça confirmando, depois de um segundo seu olhar se torna preocupado. - O que foi?
- Você me tirou de casa no meio da madrugada... - Ela deixa a frase no ar, seja qual for a mensagem que ela quis passar não conseguiu, porque eu não entendi nada, ela nota minha confusão e se senta no colchão ao meu lado, está olhando para a parede. - Você dormiu tão pouco quanto eu, quem sabe até mais e perdeu o dia de aula.
Percebo o que quer dizer e me sento também.
- Estou empatando a sua vida. - Não foi uma pergunta, foi uma afirmação. Ela realmente acredita nisso. Salto da cama, ficando de costas pra ela, antes de olhar em seus olhos.
- Não acredito que está dizendo isso... - Ela dá de ombros, como se minha opinião não importasse. - E se eu não quisesse ir pra aula? - Tentei colocá-la na parede, você leu bem, eu tentei.
- Mesmo assim você iria, pra dar bom exemplo pra Alice.
- Alice não é mais criança...
- Mas ainda é sua irmã. - Sua expressão ainda é calma.
- Era 11:30 quando saí de casa...
- No final não importa a hora que acordei você, ainda estava dormindo.
- Você acha mesmo eu teria ficado bem se não tivesse me ligado?
- Não importa, ainda teria dormido uma noite inteira e ido a aula.
Suspiro forte, sento ao seu lado colocando seu rosto em minhas mãos.
- Entenda, que eu prefiria ter passado a noite sem dormir do que deixar você passar pela noite de ontem sozinha. Quando vai entender que me importo de verdade com você?
Seus olhos estão marejados, uma lágrima escapa pelo canto do seu olho direito, passo o meu polegar direito secando-à.
- Não quero ser um peso pra você, como fui pra ela... - Acho que pela minha expressão ela viu que eu não entendi quem é "ela". - Minha mãe... - O que ela fala não passa de um sussurro e ele simplesmente me quebra. Parece que ela não é tão resolvida com seus sentimentos com relação a mãe.
Trago para o meu colo. Seu rosto vai para a curva do meu pescoço. Ela passa a soluçar de forma silenciosa, porém ainda sinto seu desespero.
- Você não é um peso. Eu estou aqui porque sinto prazer em cuidar de você, em estar ao seu lado, aprecio sua companhia, admiro a pessoa que você é. Eu realmente gosto de você Annie, quero o seu bem e se pra isso eu preciso ficar acordado uma noite inteira eu pago esse preço por amor a você, entendeu?
Ela me olha de repente, parece assustada e surpresa. Só então me dou conta do que disse.
- Eu ainda vou provar que pode me amar, mas acho que independente do que você decidir depois desses 2 meses, não posso mais freiar o que sinto. - Ela abre a boca, mas nada sai. - Não estou te pedindo uma resposta imediata, só estou compartilhando o que sinto.
Ela volta a pousar sua cabeça na curva do meu ombro. Acaricio suas costas até ter certeza que ela está dormindo. A coloco na cama e desço pra fazer algo pra comer-mos.

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