Capítulo 6 - Percy

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Hoje é quinta-feira, Alice passou no médico e agora à estou levando pra casa.
- Percy, você pode marcar outro médico? Esse de agora não me passou muita segurança, pra falar a verdade ele nem olhou na minha cara.
- Eu sei, vou ver o que posso fazer, mas vai demorar um pouco. - Falo já pensando em como vou pedir para Valter ligar em outro médico, sem fazer com que ele fique bravo.
Assim que chegamos, Alice desceu do carro e falou:
- Lembra que hoje, Jonathan vai vir aqui em casa fazer um trabalho, né? Você deixou e disse que iria sair, então tchau!!
-Eu sei, mas será que eu ao menos posso comer alguma coisa na minha própria casa?
- Não!! Tchau, ele já deve estar chegando, juro que depois faço o que você quiser, mas dá o fora daqui!
- Tá bom! Eu paro em algum restaurante então. Mas eu vou escolher a comida do jantar durante uma semana.
Ela fez uma cara como se estivesse reconsiderando a proposta, ela odeia comida chinesa, mas eu adoro e essa semana o cardápio vai ser chinês. Quando ela terminou de pensar na proposta, ela me mandou embora, isso quer dizer ou que está gostando do garoto ou está se esforçando para fazer amigos, honestamente não sei o que acho sobre isso.

Estou dirigindo à algum tempo, Alice não me deixou comer e agora estou morrendo de fome, então paro no primeiro restaurante que encontro, fica um pouco depois da escola. Termino de estacionar, o restaurante é bem convidativo, assim que saio do carro noto que o cheiro da comida é maravilhoso. Entro e vejo Annabeth sentada de forma triste, perto da janela e começo a ir em sua direção.
Para Percy, ela é igual as outras e ela é bonita demais pra você!!! Uma vozinha fala dentro da minha cabeça, tentando me fazer voltar, mas já é muito tarde.
Nos últimos dias na escola não temos nos falado muito foi só aquela conversa no primeiro dia. Ela está distraída olhando pela janela e não percebe que estou chegando mais perto.
- Oi. Será que posso sentar? Não tem mesa vazia. - Falo em um tom baixo e simpático tentando não demonstrar o nervosismo, mas a história da mesa é verdade.
- Ah, oi eu não vi você chegando, mas pode sentar sim. - Ela fala, percebo que ao me ver muitas emoções se passam por seu rosto, mas o que fica é um sorriso triste. Eu dou um sorriso de canto e me sento em frente à ela. Percebo que ela só bebe um refrigerante sem nenhum salgado ou doce.
- Achei que tivesse se mudado à pouco tempo, juro que nunca teria imaginado ver você aqui!
- É que no meu tempo livre eu gosto de dirigir e como cheguei no final de semana, tive bastante tempo pra isso.
- E seus pais não falam nada sobre você ficar dirigindo por aí, sem rumo? - Ela pergunta com curiosidade e por um momento não sei o que responder, então opto por uma parte da verdade.
- Digamos que meus pais, não são tão presentes na minha vida, quanto deveriam ser.
- Entendo - Ela responde naturalmente como se entendesse de verdade, isso nunca aconteceu, essa garota está me surpreendendo.
- Mas e você, vem muito aqui? E isso não é uma cantada, só estou curioso. - Falo sem pensar muito na última parte, só quero que aquela tristeza estampada no rosto dela desapareça. E parece que consigo, porque ela ri um pouco e depois responde sem nenhum tipo de tristeza.
- Sim, eu sempre venho aqui. Mas você não veio aqui só pela beleza do lugar não é? Sei que o cheiro lá fora é bem convidativo.
- É parece que você está certa.
Bem nessa hora aparece uma garçonete, ela é ruiva, perece ter os olhos cor de mel, um belo corpo, porém é bastante jovem, devia ter 16 anos e estava com um bloquinho e uma caneta na mão.
- Então, o que vão querer? - Ela fala pra nós dois, mas está olhando só pra mim, conheci muitas garotas como ela, sei como lidar.
- Um hambúrguer com fritas e um refrigerante. - Falei olhando em seu rosto e sério.
Ela logo mudou sua postura e perguntou à Bianca se ela queria algo, quando ela disse que não, a garçonete simplesmente, disse que o pedido iria chegar logo e foi embora.
- Você é diferente. - Annabeth fala, me fazendo tirar o olhar da mesa, onde o depositei depois que a garçonete saiu, e voltar meus olhos pra ela. Ela estava com uma expressão pensativa como se estivesse resolvendo um enigma.
- Isso é bom? - Falei meio envergonhado.
- Não sei, não tive muito tempo para te conhecer ainda.
- Quer me conhecer, para saber quem eu sou de verdade? - Perguntei com um pouco de medo da resposta.
- Se você deixar. - Ela respondeu como se a questão fosse muito simples.
- Com uma condição. - Falei deixando de ouvir a voz que falava na minha cabeça, pra eu ir embora e deixá-la sem uma resposta, mas algo me atraía nela e eu queria descobrir o que era. - Vai me deixar te conhecer também.
Ela pensou um pouco e respondeu:
- Acho que descobri algo sobre você.
- O que descobriu?
- Você não é só um rostinho bonito. E sim, eu deixo você me conhecer.
Um garçom chegou trazendo meu pedido, eu agradeci e ele foi embora nos desejando um bom almoço.
- Já brincou de "questionário do almoço"? - Ela perguntou, acho que esse lance de se conhecer vai ser mais rápido do que eu pensava.
- Não, para falar a verdade, nunca ouvi falar desse jogo.
- É fácil, eu faço perguntas e você responde.
- Esse jogo é meio injusto, que tal fazermos perguntas intercaladas? - Falei colocando uma batata frita na boca.
- Parece justo. Então, porque se mudou pra Manhattan?
Terminei de mastigar a batata e respondi tentando ser vago.
- Nós nos mudamos, por causa do trabalho do meu padrasto.
- Padrasto?
- Já são duas perguntas. Minha vez, nasceu na cidade ou se mudou? - Falei fugindo da sua pergunta.
- Nasci, moro com meu pai à alguns quarteirões daqui. E você?
Enquanto ela respondia eu dei uma mordida no hambúrguer, por isso demorei pra responder.
- Uns 20 minutos daqui de carro. - Ela fez uma cara de quem queria mais.
- Sabe que isso é muito injusto, você só me dá respostas vagas, eu quero detalhes. - Ela falou reclamando.
- Não gosto muito de falar sobre mim, desculpa. - Falei um pouco culpado.
- Porque? Você disse que me deixaria te conhecer e agora não fala quem é. É como se mandassem eu resolver um quebra-cabeça sem me dar as peças. Qual é o problema de me deixar te conhecer? - Ela falou de forma energética.
- O problema não é você. O problema é que normalmente quando sabem quem eu sou, as pessoas começam à agir de forma diferente, não são naturais comigo. - Falei tentando manter a voz calma e desviando meu olhar para o lado de fora da lanchonete.
- E como sabe que não vou agir de forma diferente? Olha, eu realmente quero ser sua amiga, só que amigos compartilham coisas. - Ela falou de forma sincera, mas nunca é bom contar tudo o que você sente.
Acho que demorei muito tempo avaliando o que ela disse e pensando no que fazer por que ela começou a falar de novo.
- Olha, se você me falar algo que não seja vago eu vou ser sincera com você, e prometo não contar à ninguém, pode ser?

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