Você Mudou Minha Vida

Capítulo 33 - Percy

Olho para o banco ao meu lado e vejo Alice dormindo tranquilamente com a cabeça encostada na janela. Ainda não sei o que aconteceu, mas quero saber, seja lá o que esse Lucas tenha feito com ela pra ter uma crise, eu quero saber.
No meio do caminho ela acorda, parece relaxada e tensa ao mesmo tempo e acho que sei porque....
Assim que chegamos em casa e entramos ela senta no sofá, sabe o que eu quero e parece que vai me dar sem resistência.
- Como Annabeth está? - Dês da casa do Lucas é a primeira vez que ela fala sua voz está baixa.
- Preocupada... - Falo já pensando no sermão que vou dar nela, mas sou interrompido inesperadamente.
- Eu estou bem! - Ela surgiu da cozinha trazia um prato de biscoitos e leite, o fereceu tudo a Alice, que aceitou só o leite.
Espero ela tomar o leite pacientemente, minha cabeça fervilha de pensamentos, ela me disse que ia sair com Silena, mas foi pra casa do Lucas, teve uma crise e eu nem sei o que aquele moleque fez com a minha irmã, mas várias possibilidades já se passaram pela minha cabeça. Mas o que mais me machucava era ela ter mentido pra mim.
Assim que ela termina, segura o copo como se aquilo fosse salva-la do sermão, seus ombros encolhem. Annabeth tinha o braço em volta de seus ombros, sempre gostei desse carinho dela com Alice.
- Antes de você começar eu tenho que te contar uma coisa... - Alice está receosa, sua respiração está normal, mas ela não olha em meus olhos. - Eu menti...não sobre ter ido à casa do Lucas, mas sobre ter ido à casa de outra pessoa... - Ao final da frase ela me olha com olhos marejados, não sei se são de medo ou nervosismo.
Respiro fundo, fecho os olhos.
- Silena?
- Não...Jonathan....
Respiro fundo de novo, não consigo organizar meus pensamentos.
- É melhor você explicar antes que eu fique realmente bravo - Pela minha minha voz dava pra notar que eu estava me contendo então ela logo tratou de começar.
Em algum ponto da história eu comecei a andar de uma lado para o outro e no final eu já parecia um bicho enjaulado.
Sem pensar peguei um jarro e joguei na parede depois de 2 minutos, escuto as duas arfarem atrás de mim e tento me acalmar, não posso brigar com ela com raiva dessa forma, se não vou acabar fazendo uma loucura.
- Você tem a mínima ideia do que fez? Você tem ideia do que poderia ter acontecido, se ele tivesse sido violento? - Ela encolhe os ombros e abaixa a cabeça - Me diz Alice, porque até agora eu não vi um bom motivo pra não ir na casa dele dar um soco nesse cara e por fim te mandar pra um internato.
- Porque não conseguiria me mandar pra um internato se estivesse preso.... - Ela fala receosa.
- Tem razão, então eu te mando pro internato primeiro. - Fico de costas pra elas olhando pra TV. Depois de alguns minutos ela fala e noto que está chorando.
- Percy...fala alguma coisa, grita, me põe de castigo mas fala alguma coisa.
- Falar o quê? Que eu estou magoado, que a única pessoa sabe tudo da minha vida mentiu pra mim - Me escoro no móvel da TV, olhando nos olhos dela e suspiro cansado - Se você tivesse me falado....
- Você não teria deixado... - Ela fala de supetão.
- Alice, tudo o que eu faço é para o seu bem....se eu falei para não confiar naquele garoto, não era para ir na casa dele. Mas a questão não é essa. Você entendeu, não confiar em qualquer um. Eu estou chateado, porque não confiou em mim, você prefiriu um estranho, uma paxonite do que a mim que sou seu irmão, a única pessoa que independente de qualquer coisa sempre vai estar do seu lado, você mentiu...
- Não pode brigar comigo por isso! - Agora ela está de pé e parece com raiva e eu não sei porque - Você mente pra mim a 6 anos, a única pessoa que sempre te entendeu, está me acusando, mas você não faz diferente. Mente pra mim a 6 anos e eu sempre relevo....eu não contei, porque uma vez na vida eu não queria depender de ninguém.... - Eu estou paralisado, ela nunca falou comigo assim, sempre calma, carinhosa, só então percebo que eu estou fazendo isso, estou afastando ela com a minha mentira à anos, vejo ela subir.
Passo a mão no rosto, limpando as lágrimas. Me decidindo, eu vou contar a ela...tudo de uma vez por todas!
Sinto braços finos me rodearam, cheiro de limão, Annabeth....
Passo meus braços em sua cintura e escondo meu rosto em seu pescoço, chorando em silêncio.
- Ela está certa...eu sou um idiota...
- Não é não, você é bom. Ela só está com raiva, vai passar logo.... - Ela acaricia minha nuca.
- Não vai, eu tenho que contar. Não fiz isso até hoje porque não queria que ela me odiasse, mas ela já me odiava e eu nunca percebi. - Falei saindo do seu pescoço, mas ainda rodeando sua cintura.
- Ei, ela não te odeia, assim como você, ela só está triste. Porque não fazemos o seguinte, você vai tomar um banho, relaxa um pouco e eu vou ver como ela está. - Ela passa a mão na minha bochecha.
- Não deixa ela dormir, eu vou contar tudo hoje, não posso mais esconder isso dela ou de você, mesmo que as duas começem a me odiar depois de hoje.... - Digo já prevendo seu olhar de ódio depois que eu terminar de contar tudo sobre aquela noite.
- Nunca vou odiar você. - Ela me beija, é um beijo terno, sem malícia, só conforto e gosto de morango.
oOo
Depois de um banho relaxante, coloquei uma calma de moletom preta e uma camiseta branca, nem me preocupei com o cabelo.
Depois de alguns minutos esperando, elas apareceram e se sentaram no sofá. Na mesma posição de antes, Alice não me olhava, sua raiva não havia passado. E algo me dizia que depois de hoje ela nunca mais iria olhar na minha cara.
Olho pra Annabeth e ela me incentiva, eu amo essa garota.
- Você estava certa, Ali. Eu menti, em parte porque tinha medo do que você faria se descobrisse e também porque Valter não queria que você soubesse. Ele achava que você não iria dar conta da verdade, então achou melhor você saber o que a imprensa saberia. E eu concordei porque também tive culpa no que aconteceu.... - Ela me olha curiosa.
- Naquela noite eu tinha discutido com Valter de novo, mas nós nos exaltamos, ele me empurrou e eu cai em cima da mesa de vidro que tinha no escritório dele. Eu fiquei todo cortado, a mamãe apareceu e me levou para o quarto, limpou o sangue fez corativos e me deu um beijo de boa noite. Eu estava exausto e com dor, dormi rápido. - Quando chego a parte mais dolorosa meu peito dói e eu me sento na poltrona ao lado do sofá delas, já não olhava mais pra elas, perdido em lembranças que rejeitei durante 6 anos.
- Acordei algum tempo depois eles estavam discutindo na sala, ele bateu nela com a mão fechada, eu fiquei com medo e não saí do lado da escada, não fui homem o bastante pra protege-la, quando finalmente tomei coragem, o empurrei. Ele caiu. Me olhou com raiva. Me deu soco que eu nem vi chegar depois deixou a gente na sala. Ela estava sangrando, mas mesmo assim me disse que era pra eu ir para o seu quarto e cuidar de você sempre, eu prometi que nunca deixaria ele fazer com você o que fez com a gente. Não percebi que ela estava de despedindo. - Alice estava soluçando e pude ver lágrimas nos olhos de Annabeth - No dia seguinte eu não sabia como te contar. Eu fui covarde, sempre. Não devia ter escondido de você, mas você era nova demais pra lidar com isso e você ia me odiar, eu não conseguiria cumprir minha promessa e ia perder você que era a única que realmente se importava comigo. Desculpa Ali....
Depois de alguns segundos ela levantou do sofá e foi pro quarto, sem falar uma palavra. Fecho os olhos com força, tentando em vão voltar no tempo para impedir minha mãe de se casar.
Sinto as mãos dela nas minhas tirando-as do meu rosto.
- Você já pode ir embora, não precisa ficar. - Ela não fala nada apenas senta no meu colo com uma perna de cada lado do meu corpo.
- Não foi culpa sua... - Ela diz olhando nos meus olhos, eu desvio.
- Eu podia ter feito muita coisa, impedi-la de se casar, obriga-la a dormir comigo...eu sou um covarde imbecil.
- Você é meu namorado, é gentil, sempre pensa no melhor pra mim e sempre está do meu lado mesmo quando eu dou uma de louca. - Ela tenta me animar.
- Você não é louca, -  Tento sorrir - Gosto que dependa de mim pra alguma coisa, pelo menos você não me odeia, odeia?
- De forma alguma, admiro você, suportou calado tudo isso por 6 longos anos. Não se culpe. Nessa história, o culpado não é você. - Nessa hora escuto uma buzina, Alice desse correndo e sai sem falar nada. E eu fico olhando a porta sentindo o carinho que Annabeth faz na minha nuca e sua respiração em meu pescoço.
Torcendo pra que de alguma forma tudo se resolva.