- O que afinal de contas o que você pediu? Eu não quero ter que correr pro banheiro pra beber água. - Seu sorriso aumenta, gosto do sorriso dele.
- Relaxa! Nada disso é apimentado demais. Espero que goste de chocolate.
Um garçom surge trazendo um prato dirente, porém bonito.
Assim que ele vai embora, Percy me olha falando:
- Isso se chama, nacho doce. Vai amendoim chocolate e coco. E é bom. - Olho pra ele e pro prato com receio. - E não tem pimenta.
Acho que meu alivio foi visível.
Pego um daqueles nachos doce e coloco na boca me surpreendendo com o sabor.
- É bom! Nossa, é muito bom! - Ele sorri e relaxa mais um pouco.
- Nada do que voce vai comer hoje tem muita pimenta. - Eu só confirmo com a cabeça ainda me deliciando com aquela comida maravilhosa. - Como estão as coisas na sua casa?
Ele não quer saber se eles estão bem, só quer saber se não fui mais para o armário, admiro a preocupação que ele tem comigo e às vezes me pergunto se mereço.
- Não precisa se preocupar com isso, eu sei me cuidar...
- Você não me ligou mais, não sabia se ficava aliviado ou preocupado. - Ele tem razão, não tenho tido pesadelos desde o começo da semana.
- Não aconteceu nada essa semana, mas e a Alice terminou de assistir "The Black List"? - Falo limpando a mão com um guardanapo depois que terminei de comer os nachos ele não comeu muitos. Ele percebe que mudo de assunto, mas não menciona.
- Não, disse que queria assistir com você, ela gosta muito de você.
- Achei que ela não iria gostar de nos ver juntos, mas ela me surpreendeu.
- Ela gosta de me ver feliz. - Com essa frase noto algo que eu já sabia, não é novo, mas eu nunca tinha parado para pensar, que a relação deles ultrapassa os laços de sangue e é muito mais forte que relação de muitas famílias por ai, ele faria qualquer coisa por ela. Sinto uma pontinha de inveja.
- Annie! Annabeth! - Só noto que ele me chama quando fala meu nome inteiro. Acho que fique muito tempo fora do ar.
- Desculpa, me distraí - Digo envergonhada.
- Tudo bem. - Ele tem um sorriso sincero e gentil - Olha só isso são burritos, são mais saudáveis que tacos - Ele explica apontado primeiro para uma massa enrolada branca aparentemente gostosa, em seguida ele aponta os tacos que estão a sua frente - Mas você pode experimentar dos dois se quiser.
Quando sou a primeira mordida me surpreendo com o sabor, não achei que fosse tão bom.
- Isso é bom de verdade! - Ele esta sorrindo e está animado também, mas ainda não comeu o dele. - Porque não está comendo?
Ele parece voltar a realidade e pega seu taco, saboreando-o.
Nós comemos em meio a olhares, aproveito esse momento para pensar em nossos momentos juntos, a maioria passávamos em silêncio, eu gosto, além dele me passar segurança, gosto da sensação que tenho sempre que ele está por perto, dês do momento que me abraça até o seu olhar que me acompanha quando entro em casa. Não que nós não conversávamos, nós só aproveitavamos nossos momentos juntos de todas as formas.
Ele termina o taco dele e eu o meu burrito, Depois trocamos os pratos.
- Então senhorita, qual o seu veredicto? - Finjo pensar antes de responder.
- Eu acho que tinha reali, o burrito é mais saudável que o taco e acho que mais gostoso também - Falo sorrindo, ele sorri também.
Enquanto esperávamos a sobremesa, fui até o banheiro e já estou voltando para a mesa, Percy está de costas pra mim, mas vejo sua perna balançando de um lado para o outro, ele só faz isso quando está ansioso.
Quando me sento na mesa ele parece aliviado.
- Percy, vai me dizer o que está te deixando assim ou não? - Ele respira fundo e murmura algo pra sim mesmo antes de me olhar.
- Lembra quando eu te pedi 2 meses? - Depois da minha confirmação, seu rosto fica corado e ele procura as palavras certas. Já estou pensando (pela 5° vez consecutiva) na possibilidade dele me dar o fora quando ele volta a falar.
- Eu andei pensando em nós e... - Ele se senta ao meu lado - Eu acredito que a primeira forma de te provar que posso ser bom o bastante para te merecer é mostrando pra todo mundo que temos algo. - Ele coloca uma caixinha preta em cima da mesa, abre, porém mantém o conteúdo escondido de mim, sei que seus olhos acompanham cada reação minha, posso sentir. Ele continua falando, ainda sem me mostrar o conteúdo - Porém eu também sei que é discreta então resolvi, comprar algo simples o bastante para passar despercebido... - Eu o interrompo.
- Não precis.... - Ele coloca o dedo sobre os meus lábios de forma gentil.
- Me deixa terminar, depois pode jogar fora de quiser, ok? - Faço uma careta, mas concordo, quero ver o que tem na caixinha logo. - Então eu passei em uma joalheria e tive uma idéia.
Ele levanta lentamente um belo colar (a foto lá em cima), minha boca se abre em um "O" perfeito, ele é de Prata, não só a cor prata, mas o metal, isso deve ter sido caro. Ele poderia ter dado para qualquer uma, mas está dando pra mim e isso é lindo, eu já sabia que ele se preocupava comigo, mas isso é algo grande ele pode se meter em encreca, Valter vai cobrar dele.
- Não posso aceitar... - Ele fica confuso - Isso foi caro, Valter vai brigar com você...
Ele revira os olhos e balança a cabeça em negaçao.
- Eu trabalho, tenho meu dinheiro e uma poupança e Valter não manda no meu dinheiro. - Agora eu fiquei confusa, ele percebe e explica - Eu trabalho na editora, só que de casa, ele me paga por isso. Valter não se importa com o que faço com o meu dinheiro. Aceita... - A última parte sai como um pedido, eu olho para o colar e de volta para ele ainda indecisa, porém acabo aceitando com um sorri tímido.
Me viro para que ele possa colocar o colar e também para esconder minhas bochechas que queimam. Quando ele termina sinto suas mãos deslizarem pela minha nuca e um beijo ser plantado ali carinhosamente, sem segundas intenções. Fico arrepiada.
- Eu gosto muito de você Annie... - Sua testa está apoiada na parte de trás da minha cabeça, sinto seu hálito quente no meu cabelo. Um tremor percorre minhas costas. Ele suspira e levanta a cabeça, me viro para ele, que está chamando o garçom, esse que trás uma bandeja com a sobremesa.
- Isso é comida mexicana?! - O que o garçom trouxe era brownie, eu comi com meu pai quando tinha 9 anos, foi um ótimo dia.
- Eles tem o segredo deles, porém eu pedi sem pimenta então não vai ter tanta graça. Mas acho que você vai gostar.
- Como sabia que eu amava brownie? - Ele levanta uma sobrancelha.
- Na verdade foi um tiro no escuro, estava apostando que você provavelmente me odiaria ou me adoraria depois de comer isso. - O abraço de repente, mas logo o solto me voltando para o brownie delicioso que me aguarda.
Ele solta uma gargalhada e eu sorrio com isso, já comendo meu brownie que é tremendamente gostoso. Ele também está comendo, encosto minha cabeça no ombro dele, ele me envolve com seus braços e fico aquecida até a hora que terminamos nossa sobremesa.
oOo
Desde que a viagem começou, a mão dele está apoiada confortavelmente na minha cintura, minha cabeça na curva do seu pescoço, posso sentir seu cheiro de maresia e sua respiração calma.
- Chegamos... - Ele não se mexe e eu também não, fecho os olhos e aproveito o momento, ele beija minha testa e eu falo.
- Obrigada, hoje foi um dos melhores dias da minha vida até hoje. - Falo levantando a cabeça e olhando em seus olhos, minha mão está em seu rosto.
Ele se inclina, fecho os meus olhos, seu nariz acaricia o meu em um beijo de esquimó. Eu gosto disso, ele é gentil, sempre. Me faz sentir confortável, segura e ansiar pelo próximo beijo.
Não é sempre que nos beijamos, ele sabe que não gosto de expor algo tão íntimo, mesmo que seja só um beijo.
Eu quebro o espaço entre nós, sentindo seus lábios quentes fazendo carinho nos meus (como ele consegue ser quente o tempo todo?!), depois de um tempo ele passa sua língua nos meus lábios, pedindo permissão, eu permito e logo estamos travando uma batalha onde nenhum de nós ganha.
Felizmente antes que eu fique totalmente sem ar (porque eu sinto falta de ar, mas estava tão bom...) ele termina o beijo com selinhos na minha boca e por último na minha testa, esse que demora mais do que devia (não que eu esteja reclamando), enquanto recupero o ar.
Minha mão foi parar na sua nuca em algum momento durante o beijo, eu acho que puxei seu cabelo, então acaricio de leve, para não machucar.
Faço uma nota mental de falar com ele sobre deixar seu cabelo sempre desse tamanho. Sinto seus ombros subindo e descendo.
Abro meus olhos e ele está com sua testa colada na minha, com os olhos abertos, observando minhas reações, só então percebo estar com um sorriso no rosto. Ele também está.
- Eu acho melhor eu entrar... - Minha frase fica no ar, sua mão está no meu rosto acariciando minha bochecha com o polegar, por fim seu sorriso morre e sua mão cai, no banco e ele já não parece tão feliz quanto antes, me assusto com sua mudança de humor repentina. - O que foi?
Ele disfarça, abre um sorriso, mas seus olhos estão tristes.
- Nada demais. Depois conversamos, ok? - Seu olhar se desvia do meu e vai para a janela atrás de mim.
- Me conta... - Minhas mãos ainda em sua nuca o forçam a olhar pra mim. Ele hesita, mas acena falando.
- Por mais que eu te dê o melhor dia da sua vida toda, - Ele engole em seco - ainda vai ter que voltar pra cá, correndo o risco de ir para o armário de novo. - Fico surpresa com sua constatação, ele tem o olhar perdido, em suas mãos repousadas no seu colo.
- Se eu for para o armário hoje, vou passar o tempo, repassando todo o dia de hoje, sabe porque? - Eu levanto seu rosto, fazendo-o olhar pra mim. - Não porque foi o melhor dia da minha vida, mas porque foi o melhor dia da minha vida com você. - Ele está surpreso, parece que todos estão sendo surpreendidos hoje. Eu abraço ele com força - Eu também gosto muito de você, Percy.
Eu sei que ele estava esperando essa resposta, dês da sobremesa quando ele me disse quase a mesma coisa. Ele beija meu pescoço. Fico arrepiada. Quando ele me solta está nitidamente feliz.
- Vai me ligar se acontecer alguma coisa? - Confirmo com a cabeça - Quer que eu te leve na porta? - Acho que ele já sabia da resposta, mas nego. - Tudo bem, boa noite pequena.
Fecho a cara.
- Eu não sou tão pequena! O que vão pensar? Que sou baixinha! - Ele levanta as sobrancelhas, sorrindo.
- Tudo bem, então vou te chamar de pequena apenas quando estivermos sozinhos, ok? - Penso sobre isso.
- Ok. Mas tem que arrumar outro apelido pra quando estivermos em público. - Soa mais como uma ordem, ele bate continência.
- Sim senhora! - Eu rio da sua imitação fajuta de soldado do exército e desço do carro.
Passo pelo meu pai que assuste um filme na TV. Joana está na cozinha.
- Achei que fosse jantar com sua amiga, Annabeth. - Meu pai se pronúncia.
- Eu jantei, voltamos cedo, dia longo. - Enquanto Percy dirigia eu vi às horas, ainda eram 8:30 da noite. - Eu vou dormir.
Subo antes que ele diga mais alguma coisa.
Já na minha cama, estou quase dormindo quando meu celular vibra no criado mudo.
"Está tudo bem, certo?"
Ele colocou uma carinha preocupada.
"Não se preocupe estou bem, vou dormir com a porta trancada se isso te tranquiliza"
Ele não demora pra responder.
" Tranquiliza muito, boa noite Bi, qualquer coisa me liga"
Só visualizo. Tenho certeza que posso dormir tranquila, pois mesmo de longe tem alguém que se preocupa e muito.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Você Mudou Minha Vida
Roman d'amourPerseu e Annabeth são dois adolescentes aparentemente normais, porém os dois tem assuntos inacabados em seus passados. Ele tem um passado confuso é misterioso, nunca superou a morte da mãe. Ela nunca fala da família. Essa é a história de como Anna...