- Eu estou desesperado. Eu não sei o que fazer. - Ele me diz aos soluços e se lança nos meus braços.
Lucas chorava dentro do meu abraço enquanto eu tentava entender tudo o que estava acontecendo.
- Calma, vai dar tudo certo! - Eu repetia tentando fazer aquele momento menos confuso.
Depois de alguns minutos, finalmente ele limpou as lágrimas , respirou fundo e pegou a minha mão. Seus dedos entrelaçados nos meus era algo mais familiar do que eu gostaria que fosse. Ele começou a se aproximar e eu prendi minha a minha respiração.
Quando eu achei que seus lábios iriam tocar os meus, e eu ainda não havia me decidido totalmente se queria que isso acontecesse ou não, ele desviou a rota e me deu um beijo na bochecha.
- Desculpa, não era assim que eu tinha planejado começar essa conversa. - Me falou com aquela voz suave e um sorriso envergonhado.
Então tinha mais.
- Que é isso Lucas. Eu imagino a barra que deve estar sendo para você. O que ela tem ?
- É um síndrome rara. Aparentemente ela sempre teve , mas só agora a doença realmente resolveu aparecer. Já fomos em todos os especialistas daqui e todos nos aconselharam a buscar um tratamento no exterior.
- Nossa que barra.. - Foi tudo o que eu consegui dizer
- Pois é , foi por isso que eu te chamei aqui.
Ele deve ter percebido meu olhar confuso , pois as suas próximas palavras foram ditas quase cuspidas de tão rápido
- Tato eu não tenho o dinheiro pra levar minha mãe pro exterior, então eu decidi passar por cima de todo o meu orgulho e vir aqui te pedir ajuda. Eu tentei fazer uma reaproximação nossa antes para não soar tão...tão.. interesseiro. Mas você me ignorou por completo e bloqueou todas as minhas tentativas e sinceramente eu estou correndo contra o tempo aqui.
Algo muito tenebroso deve ter transparecido na minha cara a medida que eu entendendo tudo o que Lucas tinha acabado de falar, poque ele começou a se afastar lentamente. Então todas as tentativas de reaproximação não tinham sido porque ele estava arrependido de ter me traído. Todos aqueles bilhetes de "precisamos conversar" não eram porque ele ainda me amava. Todas as tentativas de reaproximação na verdade eram um plano para que eu ....desse dinheiro para ele?
- Você está me dizendo ....Pera. Eu não acredito nisso . - Antes que eu pudesse falar alguma coisa vi meus pés me levando de volta para o meu carro.
- Tato espera! Eu estou desesperado! - Lucas gritou e eu senti meu braço sendo puxado.
- Porque você não pede para o Denis? Porque você não vende o seu carro? Por que ...
- Eu já pedi. O Denis me emprestou 30 mil e isso já adiantou a papelada , as passagens e parte da estadia. O meu carro já foi vendido, assim que acabarem as aulas eu entrego ele. Mas mesmo assim a gente não conseguiu o valor. Vendemos tudo lá de casa, estamos até dormindo no chão..
- Então você pensou que era mais fácil enganar o seu ex namorado pela SEGUNDA VEZ e fazer ele acreditar que vocês ainda tinham alguma coisa para que ele bancasse o tratamento da sua mãe? - Falei com a raiva nítida em cada palavra que saia da minha boca.
- Não foi exatamente isso , na verdade..
- Na verdade o que Lucas? Você não podia simplesmente ter me pedido o dinheiro? Sem todo esse seu jogo?
- E como eu ia pedir? Você não fala comigo! Na verdade a escola inteira não fala comigo. Desde que nós acabamos parece que eu virei um maldito fantasma. Ninguém quer correr o risco de desobedecer a ordem do "poderoso Tato" e a sua trupe. A minha sorte foi eu ser o artilheiro do time de futebol da escola, senão era capaz dos caras terem me chutado de lá também só para não correr o risco de arruinar uma chance com a sua amiga Rosário.
Então era isso mesmo. Lucas estava admitindo que em nenhum momento ele se arrependeu. Ele ainda não entendia o mal que havia partido o meu coração em mil pedaços.
- Você não entendeu nada .. - Me peguei dizendo
- Entendi o que Tato? Que com você é só um deslize e acabou? Você também tem culpa nessa história. Foi você que me deixou falando sozinho nesse mesmo lugar e nunca mais me olhou na cara.
Uma fúrias incontrolável começou a surgir dentro de mim e quando eu vi as palavras vieram numa corrida:
-E você queria que eu fizesse o que Lucas? Você some quase uma semana e quando volta não quer me contar o que aconteceu. Aí quando eu te pressiono você me diz que ficou com um ex namorado.. ficou não .. pior. Você passou DIAS na casa dele. E ainda tem a coragem de me dizer que não foi nada, que era necessário para você fechar um capítulo do passado e que agora sabia que eu era o amor da minha vida. Vai se foder Lucas! Você queria que eu fizesse o que? Te aplaudisse? Você queria um prêmio por ter finalmente descoberto o que eu sempre soube? Que a gente era perfeito junto. Você quebrou a porra do meu coração Lucas!
- Tato eu ...
- Chega. Eu lamento muito, mas não posso te ajudar.
Dessa vez antes que ele pudesse me segurar eu já estava dentro do meu carro. Ele batia na janela desesperado, mas eu arranquei mesmo assim. Eu me sentia mal pela mãe de Lucas, afinal ela não tinha a culpa de ter um monstro como filho. Um monstro que tinha acabado de destruir o meu coração pela segunda vez.
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O preço do nosso amor (Romance gay)
Любовные романыTato sempre teve a vida perfeita: rico, popular e com pais que o aceitam como ele é. Sua maior preocupação era com qual combinação ele iria desfilar pelos corredores da Castro e Silva no próximo dia. Mas as coisas estão prestes a mudar. Obrigado a...