3- FLOR BELLA

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  Continuamos nosso trajeto sem muita conversa ou comentário, não queríamos nosso filho com medo ou assustado. Paramos em um posto da cidade próxima a praia, não conhecia aquela cidade, mas na placa consegui ver escrito "Bem vindo a cidade de flor bella."
  Desci do carro, minha esposa foi a loja de conveniência com Chris. O  frentista veio até mim, já me cumprimentando e fazendo seu serviço. Ele falava sobre a cidade, ela era meio vazia, havia apenas mil e cem habitantes ali, as pessoas passam por ela apenas de visita a praia que é próximo daqui. Eu estava ainda ouvindo o papo da cidade, mas curioso com o fato da rodovia, o carro da garota devia ter passado por aqui, talvez ele tivesse visto algo.
  _ Você por acaso viu algum carro em alta velocidade passar por aqui? Perguntei baixinho, olhando pra ver se minha esposa estava ainda na loja de conveniência com meu filho.
  _ Não senhor, os carros aqui são poucos e os que tem, respeitam o limite de velocidade.
  _ Na estrada, eu vi uma garota correndo acima do limite e ela vinha dessa direção.
  O rapaz parecia estar compreendendo o que eu queria perguntar, ele terminou de encher meu tanque, guardou a mangueira da gasolina, me deu o troco e olhou para os lados.
  _ A garota loira se chama Hellena,- dizia o frentista me entregando o troco - ela é seu irmão são dessa cidade, os vizinhos dela piraram e acabaram atacando os dois, o irmão protegeu a irmã e acabou sendo mordido e gravemente machucado, a irmã pegou um tronco próximo a eles e atacou os vizinhos, ela passou por aqui para abastecer o carro, o irmão dela parecia já estar sem vida, mas ela queria levar ele para o hospital central fora da cidade.
  _ Por que os vizinhos os atacaram? Estavam em uso de entorpecentes?
  _ Na verdade amigo, desde três dias atrás que tudo isso começou, várias pessoas estão mordendo umas às outras, a população é pequena e está diminuindo mais. O primeiro caso foi com a família Hodefild, o marido e a mulher atacaram o filho, mas ele acabou se matando com um tiro após as mordidas.
  A notícia do rádio, esse deve ter sido o ocorrido que comentavam na estação de rádio algumas horas atrás. Minha esposa havia voltado pro carro, parecia já não se lembrar do ocorrido na estrada, isso me aliviava.
  _ Obrigado pela ajuda amigo, - agradeci entrando no carro junto com minha esposa que dava salgadinhos a meu filho no banco de trás.
  _ Não precisa agradecer amigo - o frentista se aproximou do vidro do carro perto de mim - A praia é a vinte minutos daqui, aproveitem ela, lá não tem coisas estranhas como nas cidades pequenas.
  Aquilo havia me assustado, minha esposa não tinha compreendido o que ele quis dizer, dei partida e continuei a viagem.
Mais alguns minutos e já podíamos ver a praia, várias pessoas na areia, o sol já não estava tão forte, era quase sete horas da noite e em pleno verão, o sol ainda não havia se recolhido. Fomos para a casa de aluguel que pagamos o ano inteiro, descemos as malas e logo iríamos descansar da viagem longa até aqui.

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