Ashley POV
A dor é sufocante, é angustiante. Quando atendi o telefone e o homem disse que agora ele ia conseguir me matar, e que ia finalmente se vingar contra meu pai, eu entendi muitas coisas. Desde sempre andando com seguranças, o acidente no avião, as vezes que eu não pude sair de casa. Meu pai tem o rabo preso com alguma coisa, e isso atingiu diretamente na sua família e na minha.
Quando escutei o que o homem disse, a minha reação foi parar o carro e descer. Pedir ajuda. Mais acho que ele sabia que eu ia fazer isso, o carro que estava atrás bateu na gente e aí sim o tanque explodiu.
Eu não sei quando o socorro chegou, não sei quem falava comigo. Mais só conseguia pensar em minha filha. Não escutava o que as pessoas diziam até que alguém disse que eu tinha que ficar acordada por minha filha. Eu fiz o que pude. Forcei o corpo pra baixo como eles pediram, mais estava cada vez mais fraca e só sentia algo se desprendendo de mim. Não sabia o que era, sei que doía. Muito.
Na viagem até o hospital eles ficavam conversando comigo e tentando me manter lúcida. Eu estava maluca com tanta informação, mais não conseguia dizer aonde doía, e que queria que minha filha ficasse viva. Afinal ela era minha filha. Depois que vi as luzes do hospital eu comecei a ficar mais tranquila e tenho a impressão de que isso não foi bom, fiquei tranquila demais, calma demais, tudo estava perdendo o foco, a dor estava indo embora e eu conseguia sentir paz. Tudo ficou escuro e então eu vi uma luz no final e segui andando até ela.
- Mamãe. Mamãe. - alguém me chamou atrás de mim.
Olhei para trás e uma mini versão do Harry estava me olhando com os olhos grandes. Ela devia ter cerca de cinco anos, o que era estranho porque eu só estava de oito meses.
- Quem é você? - eu perguntei e ela sorriu.
Agachei ao seu lado e ela colocou as mãozinhas no meu rosto.
- Eu sou sua filha. A bastante tempo eu quero voltar para seus braços, mais não é a minha hora ainda. Eu vou voltar para o Pai. Mais você não precisa vir se não quiser. - ela diz e eu fico assustada.
- Você é minha filha? - eu pergunto sem entender.
- Sim, de outras vidas. Mais isso não importa agora. Quero que você fique viva. Você pode? - ela me pergunta e eu começo a chorar.
- Eu não sei. Eu estou com muita dor. Não sei se aguento viver sem você. Eu não sei se aguento mais viver nesse mundo cruel e insensato. Queria ter você nos meus braços. Não tenho mais nada na terra. - eu digo e ela balança a cabeça.
- Não mamãe, você tem a meu pai. Ele está sofrendo tanto. Escute a voz dele.
Então eu escuto Harry me pedindo pra ficar, pra não morrer, que ele não aguentaria viver sem mim.
- Ele não aguentaria viver sem você mamãe. Ele ia acabar fazendo uma besteira, e nenhuma de nós ia poder o salvar. - ela diz e eu compreendo.
- Tudo bem. Acho que posso ficar. Você vai voltar? - eu pergunto e ela sorri mais largo.
- Eu sempre volto. Não sei quando, mais eu vou voltar. Você precisa acordar também, está deixando as pessoas malucas lá embaixo. - ela diz e da uma risadinha.
- Você visita eles? - eu pergunto surpresa.
- Eu sou o anjo da guarda da sua família desde que morri a primeira vez. Eu estou sempre levando recadinhos ao Pai, sobre vocês, e sobre o que vocês precisam. Eu sempre apareço nos sonhos e acalmo as pessoas, e então sumo. - ela diz e eu começo a entender.
- Você sempre fez isso, então quando eu saí do coma aquela vez, foi porque...
- Eu ia nascer. Sim. Eu conversei com você, nesse mesmo corredor e disse que se você aguentasse, o Pai te daria a mais linda das dádivas, que é ser mãe. - ela diz e eu sorrio.
- Mais não agora. - completo.
- Não agora. Você já é mãe. No seu coração. Você sempre foi e sempre será mãe. Mais agora, você precisa se recuperar. Ajudar os corações dos nossos grandes amigos a voltarem. Precisa ajudar a titia a encontrar a luz. Precisa ajudar o meu pai a manter a calma. Precisa ajudar a si mesma, e algumas pessoas que precisam de você. Da sua música. Da sua bondade. Você pode fazer isso por mim mamãe? - ela pergunta e eu aceno com a cabeça várias vezes que sim.
Ela me abraça forte. Sinto um aperto no peito.
- Pode ficar calma, é minha hora de ir embora. Eu já consigo ver o Pai. Eu te vejo nos seus sonhos mamãe. Eu amo você. - conforme ela corre para a luz, meu coração se aperta e dói. Muito. Eu chego a derramar algumas lágrimas. E então tudo passa novamente.
As coisas estão escuras. Consigo ouvir o bip bip do aparelho cardíaco. Consigo ouvir a voz de Niall e de Harry no canto, eles estão falando sobre a festa de aniversário no Brasil que eu fiz. Harry da uma risadinha, mais sei que ele está triste.
A mão da minha irmã está na minha, e eu posso sentir que ela quer chorar, mais que não chora, pelos meninos provavelmente. Shay está com a minha outra mão, e sei que ela está orando pois ela a segura firme e sua respiração está calma.
A luz incomoda meus olhos, mais eu os abro mesmo assim. Olho para eles, antes de eles me verem acordada. Sorrio. Essa é a minha família.
Shay levanta o rosto ao mesmo tempo que Lisa olha para mim, Niall e Harry viram a cabeça para o lado e todos ficam com os olhos arregalados.
Os olhos de Harry enchem de lágrimas, e Niall já está chorando. Minha irmã está chamando a enfermeira e Shay está agradecendo a Deus.
Todos se juntam a minha volta.
- Olá família. - eu digo e recebo um abraço dos quatro ao mesmo tempo.
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A Contratada || H.S
FanfictionAshley Nicolle é uma brasileira, filha do empresário alemão Steven Bowen e da atriz brasileira Túlia Ferreira. Aos 22 anos ela sonha em ser cantora pop famosa. Dinheiro não há falta, mas ela precisa de um empurrão, e mesmo tendo participado do famos...