Hoje não é um bom dia para morrer

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A guitarra de Scott, de fato estava na porta do meu quarto. Eu olhei para ela. Aproxime-me e a peguei, e agora eu tenho que a afinar. Será mesmo? Não quero fazer isso. Já chega de obedecer. Ele levou a ordem do meu pai para um rumo diferente. Ele está fazendo de mim um empregado, e não é isso que meu pai queria ao dizer "Obedeça a Scott". Ele não disse "Faça tudo que ele quer". Já está mais que na hora de começar a quebrar essa ordem. Eu fui até a porta do quarto de Scott e deixei a guitarra encostada na parede. Em seguida fui até meu quarto.

Já passava das oito da noite e eu estava com fones de ouvido escutando minha playlist que, não importasse qual música, me fazia pensar em Emily. Eu estava conversando com Gregg por mensagem. Ele disse que já escrevera três canções para a banda. Eu falei para ele me mandar todas as letras das músicas por e-mail, pois estava curioso demais para esperar.

Dez minutos depois eu já havia ligado meu notebook e vi que recebi o e-mail com as letras das músicas. Eu li as letras e gostei muito. E naquele momento eu tive uma ideia para o ritmo. Depois de ter imprimido as três letras, eu peguei minha guitarra e comecei a dar vida e melodia para aquelas palavras.

Olhei as horas no meu celular e já eram onze horas. Eu já havia terminado uma música e começado outra. Eu estava cansado para continuar, então, desliguei meu notebook e meia hora depois eu fui dormir.

Sábado de manhã. Não tão de manhã assim, já eram quase meio dia, e eu ainda estava enrolado no edredom da minha cama. Fui forçado a levantar, pois estava em estado de fome. Ontem à noite eu não parei de compor nem para comer. A fome parecia que me consumia por dentro. Depois de uma rápida passagem no banheiro eu desci para cozinha.

— Bom dia! — disse mamãe.

— Bom dia!

— Tenho boas notícias, seu pai vai vim segunda-feira!

— Será? — Disse me sentando à mesa.

— Ele parecia estar falando sério no telefone.

— Ele sempre parece sério.

Servi-me com um copo de suco e panquecas. Minha mãe me observava.

— O que foi?

— Ontem, estava passando pela porta do seu quarto e escutei aquela melodia. Estava incrível!

— Obrigado.

— E eu naquela época não queria te dar a guitarra, pois achei que seria barulhento.

— E de início foi.

Demos risadas. Não era sempre que isso acontecia, e isso me fazia bem. Meu pai não estava quase nunca presente na minha vida, mas minha mãe estava ali, para me manter sempre de pé. Toda vez que meu pai volta ele se surpreende comigo, diz que eu estou diferente, mais alto e tal. "Mas é lógico, você não está aqui para me ver crescer. Se estivesse não se assustaria tanto" respondo a ele. A ausência dele me faz falta, mas também não é necessária. Scott acabara de entrar na cozinha.

— Do que estão rindo?

— De quando Charlie começou a tocar guitarra.

— Tempos difíceis aqueles — ironizou Scott.

— Mas agora ele se tornou um grande guitarrista. Eu estava passando ontem na porta do quarto dele e o ouvi tocar.

— Eu também ouvi. E Charlie, de que cantor ou banda são aquelas músicas?

— Da nossa banda. Gregg compôs a letra.

— Como assim vocês têm uma banda e não me contaram? — Disse mamãe.

Você É Minha CuraOnde histórias criam vida. Descubra agora