A menina que pisou no meu all star

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Meus olhos se abriram lentamente naquela manhã. O mundo se abrira novamente para os meus olhos e isso me deixava pensativo por alguns instantes. Naqueles minutos parado na cama, com o cobertor nos pés e um dos dois travesseiros jogado de lado, eu pensava sobre a minha vida e analisava todos os eventos que aconteceram que vir-se-ia a acontecer e que nem sequer aconteceram. Eu olhava para o passado e refletia sobre o que me tornei, planejava coisas para o futuro e o presente nem me era tão relevante assim. Virei-me para o outro lado e encarei a janela aberta do meu quarto. Tentei recapitular o que havia acontecido nos meus sonhos. Mas tudo que consegui me lembrar foi das palavras duras de minha mãe mandando-me dormir cedo, pois o ano letivo começaria no dia seguinte. Exatamente hoje.

Levantei-me preguiçosamente e caminhei em direção à janela. Debrucei-me sobre ela e encarei o cenário urbano ao fundo. As pessoas de fora, principalmente as pessoas de outros países, vêm a minha cidade como um belo clima romântico. Seattle não tem nada disso. Para mim, nenhuma cidade tem. As pessoas ainda não perceberam que o romance está nos olhos de quem vê.

Após ir ao banheiro e trocar de roupa, desci para cozinha. Parei à porta quando vi minha mãe com uma pasta verde no rosto. Cocei a cabeça e tentei forçar um sorriso de bom dia.

— Eu sei o que você está pensando, Charlie. Eu sei que estou parecendo um monstro, mas é só um novo produto de beleza que estou testando — disse ela andando para lá e para cá organizando a mesa do café da manhã.

— O que aconteceu com Janine? E o Scott? — Disse ao me sentar.

— Resolvi dar uma folga para Janine. E sobre seu irmão, bem, ele saiu apressado pela manhã — disse minha mãe sentando-se de frente para mim. Ela serviu-se de uma xícara de café e a mim também.

Levei a xícara à boca e olhei ao redor. A mesa estava a cada dia mais vazia. Mas nem sempre foi assim. Quando meu pai ainda habitava esta casa era tudo diferente. Não só a mesa do café estava sempre cheia, mas também, o convívio entre todos nós. Meu pai, Watson Walker, é dono da empresa de SMARTPHONE mais famosa do mundo. E ele nunca fica em casa, apenas a frequenta, muito raramente. Depois que ele decidiu se mudar para a Londres, meu irmão, Scott Walker ficou sendo o "responsável" por cuidar de mim. Porém, Scott não soube interpretar corretamente a afirmação do meu pai e acabou pegando muito no meu pé. Não obstante, ela ainda me força a fazer coisas como se eu fosse seu escravo pessoal. E isso me irrita bastante, já tenho meus dezesseis anos e não gosto da maneira como Scott manda em mim.

Olho no relógio da cozinha e percebo que meu tempo em casa estava se esgotando. Passo no meu quarto mais uma vez para pegar meus materiais escolares e dou uma última olhada no espelho. Minha aparência melhorou desde os dois últimos anos. Eu tenho cabelos pretos, uma mistura de liso com anelado. Eles são medianos e desfiados, com a franja jogada para direita. Herdei os olhos escuros do meu pai. Já Scott herdou os cabelos castanhos e os olhos claros da minha mãe.

— Tenha um bom dia na escola, Charlie. Não me importarei se você quiser sair com aquele seu amigo depois da aula — disse minha mãe quando passei por ela.

— Já entendi tudo — disse encarando a pasta verde em sua cara — Você tem certeza que quer ficar sozinha?

— Sim.

— Tudo bem, então.

Moramos em uma mansão. Sempre achei exagero da parte dos meus pais, mas, não estou aqui para fazer perguntas. Desde que meu pai se mudou para Londres, a casa ficou ainda mais vazia. Eu, minha mãe, Scott e nossa empregada, Janine, em uma mansão enorme. Eu, particularmente, não passo nem pela metade de todos os cantos da casa. Minha rota principal é: cozinha e quarto. Há dias que prefiro estar no meu quarto do que em qualquer lugar da minha casa. Primeiro que meu pai personalizou meu quarto da maneira que eu sempre quis. A porta tem o designer da porta de uma TARDIS – cabine telefônica britânica do seriado Doctor Who -, tenho uma cama muito confortável, uma estante de livros e vários objetos de coleção.

Você É Minha CuraOnde histórias criam vida. Descubra agora