Tocando no festival

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Mas eu não disse nada disso para ela. Não achei o momento propício. Ela insistiu em perguntar o que eu queria dizer, mas acabei dizendo que não era nada. Yuri acabou me chamando para ensaiar pela última vez, já que o festival será amanhã.

Eu comentei com Emily sobre o festival e tornei a perguntá-la se ela iria cantar o Dueto comigo. A resposta foi negativa. De novo. Eu ainda não ouvi Emily cantando. Yuri disse que a voz dela é perfeita e também disse que é compatível com a minha.

Às sete da noite, o meu motorista veio me buscar. Fiquei surpreso por não ser o relâmpago mcqueen. Desta vez era outro, um cara jovem, altura mediana e cabelo anelado. Eu nunca me dera o prazer de perguntar os nomes dos motoristas. Até mesmo porque quase toda semana troca. Culpa da minha mãe que acha defeito em tudo que eles fazem. Aposto que ela demitiu o relâmpago mcqueen só por que ele corria demais.

Depois de ter chegado, ter feito tudo que era para ser feito, conversar por mensagem com pessoas que se dizem normal e assistir o episódio Angels Take Manhattan, de Doctor Who, eu não pensava em mais nada além de dormir. Eu estava com tanto sono que nem vi quando perdi a consciência para o mundo dos sonhos.

Acordei na manhã de quarta-feira lembrando-me do meu incrível sonho que tive com Emily Grey. Essa garota não sai mais da minha mente. Eu preciso criar coragem para dizer a ela tudo o que eu sinto. Hoje meu dia vai ser bastante corrido e agitado, então tratei de levantar depressa da cama.

Fui à escola com o novo motorista. Eu cheguei cedo, não pelo fato de ele correr muito, mas sim porque eu levantei mais cedo. Chegando lá me deparei com Dylan pelos corredores do segundo andar.

— Ei, Dylan.

— Fala aí, Charles!

— É Charlie...

— Como vai?

— Muito bem. Eu queria te perguntar uma coisa...

— Pergunte.

— Sabe quem é Emily Grey, não é?

— A esquisita da minha vizinha? Sim.

— O que acha dela?

— Como eu já disse, acho Emily esquisita, e sei lá, ela é muito... Feiosinha. E além do mais ela tem depressão. Garotas com problemas não me atraí. Se é que você me entende.

Deu vontade de dar um soco bem dado na cara desse garoto metido a garanhão. Mas como eu deixei meu passado de "garoto encrenqueiro que só queria chamar a atenção do pai que não liga para ele", de lado, então eu resolvi não arrumar confusão. Dylan na verdade era um idiota. Minha consciência pesaria se eu batesse em um. Dá para acreditar? Como ele fala dela assim? "Garotas com problemas não me atraí. Se é que você me entende." Não, eu não entendo não. Acabei de comprovar que Dylan não é o tipo certo, nem tipo nenhum, de cara para Emily. Quiçá para ninguém.

Eu já estava abrindo minha boca para questionar com ele quando vi alguém correndo no corredor. Eu não vi direito mais sabia quem era. Contornei Dylan e segui a ligeira menina que corria pelos corredores do Seattle Future High School.

Quando cheguei mais perto, confirmei minhas suspeitas. Era Emily que estava correndo. Mas por quê? Decidi perguntar isso a ela quando parou de correr quando gritei seu nome. Ela se virou para mim e vi que ela estava chorando. Eu me aproximei e a abracei.

— O que foi, Emily?

— "Garotas com problemas não me atraí. Se é que você me entende." Eu ouvi tudo Charlie.

— Emily, agora você viu que ele não é a pessoa certa para você.

— Nem ele nem ninguém. Eu devo ser a menina mais horrível dessa escola, do mundo!

Você É Minha CuraOnde histórias criam vida. Descubra agora