LollaE se quando eu levantar dessa cama o Harry não segurar meu braço? Pensei nisso. E se ele não me impedir de ir encontrar o Luke? E se o Luke for o cara certo? E se? Ah, ele é. É sim. Mas talvez eu queira o cara errado.
Levantei da cama devagar. Senti os olhos do Harry sobre mim enquanto eu me vestia. Peça por peça, preguiçosamente, para que ele tivesse tempo de pensar no que ia dizer, para que ele sequer tivesse tempo de dizer algo.
Ele não moveu um dedo quando me levantei da cama e fingi ter dificuldade para fechar o zíper da calça. Eu estava dando tempo para ele, para que ele não me deixasse desistir dele, mas ele não soube ler as minhas entrelinhas.
Ele virou para o outro lado da cama, de modo que não pode me ver sair do quarto, ele nem ao menos estaria lá quando eu tomasse a decisão?
Sabe aquela situação em que você não sabe o que fazer, não sabe se deve fugir ou se deve ficar e lidar logo com o problema? Então, eu me encontrava nessa situação e embora meu coração não soubesse exatamente o que fazer meu cérebro guiava meu corpo para o quarto do Luke.
Ele estava sentando na beirada da cama quando entrei no quarto, o espaço tomado por flores e um sorriso tímido no rosto do garoto.
Meu melhor amigo, aquele que nunca havia me magoado, estava esperado pela minha resposta.
Ele não perguntou nada. Não disse nada. Talvez estivesse nervoso, não tanto quanto eu, mas nervoso, e não soubesse o que dizer. Caminhei com calma e sentei ao lado dele na cama. Olhei para a porta, um fiapo de esperança de que o Harry aparecesse a qualquer segundo me impediu de falar algo naquele momento.
— Lolla, eu... — Luke começou a falar enquanto entrelaça seus dedos da mão aos meus. — Eu...
— Eu sei. — Interrompi.— Eu também te amo. — E o beijei.
Eu não menti para o Luke, não mesmo. Eu amo ele. Ele é meu melhor amigo. Talvez eu não o amasse como uma mulher deve amar um homem mas eu poderia aprender.
Não tem como fugir por muito tempo de uma decisão. Eu estava triste pelo que eu e o Harry poderíamos ter sido, mas continuei com aquele beijo. Que coração idiota, batendo por alguém que se quer lutou por ele. Eu não podia destruir todas as minhas chances de ser feliz por acontecimentos bobos com o Harry.
— Está tudo bem com você, Lolla? — Luke perguntou quando cessamos o beijo. — Está tudo bem pra você?
Ninguém nunca saberá o quanto doeu esperar o Harry entrar pela porta do quarto e acabar com aquela cena. Bem, talvez algumas garotas da faculdade saibam. Talvez a garota dos peitos bonitos do início da festa. Mas o Harry não entrou. Suspirei fundo, peguei uma das flores que estava mais próxima, respirei fundo e dei um selinho no Luke.
— Vai ficar...
Harry
Depois que a Lolla saiu, fiquei no quarto observando o teto. E quanto mais o tempo passava mais eu sabia que a Lolla não seria minha. Por mais que eu soubesse que ela não voltaria depois de tanto tempo, meu coração ainda pulsava por ela e uma parte bem pequena de mim tinha esperanças de que ela entrasse pela porta e se deitasse ao meu lado na cama.
Nunca senti algo tão estranho quanto estava sentindo naquele momento, apertava meio perto tão forte que achei que pudesse me destruir. Qualquer posição na cama era desconfortável, talvez eu precisasse tomar algo para dormir.
Lembro de ter lido na capa do caderno de uma garota que senta ao meu lado na faculdade que não éramos nós que escrevíamos os melhores momentos das nossas vidas, mas com certeza éramos nós que entregávamos o lápis para escreverem os piores.
Eu deixei a garota levantar, parte de mim queria segurar seu braço e não deixar ela ir, mas a escolha era dela, não? Eu queria mesmo ter participação no coração partido do meu melhor amigo? Eu havia nos colocado em tudo aquilo.
Mas que porra! Eu nunca fui do tipo que analisasse frases em cadernos de garotinhas.
Levantei da cama e fui desviando de alguns bêbados para o quarto do Luke, maldita festa!
Lolla
Já havia perdido a noção de quanto tempo estávamos deitados na cama do Luke, seus dedos ainda entrelaçados ao meu, mas com certeza seu coração batia a um ritmo diferente do meu. Ele tentava me explicar quando exatamente havia começado a gostar de mim, parava apenas para sorrir e me beijar, ele era tão lindo e gentil, ele deveria ser feliz, e eu não poderia estragar aquilo.
A porta do quarto abriu de supetão, nos assustando e nos fazendo sentar rapidamente na cama.
Era ele. Atrasado demais mas era ele. Parado na porta nos encarando como se não soubesse exatamente o que estava fazendo ali. Harry.
— Ela disse sim, Harry. — Foi Luke quem quebrou o silêncio e começou a falar empolgado. — Você é o único solteiro agora.
Harry olhou para mim e depois para o Luke e soltou a sua irritante risada safada de quem não se importa.
— Parabéns, casal. — Revirei os olhos, ele iria mesmo jogar o joguinho "do nada aconteceu"? — Então, eu já posso expulsar essa gente toda de casa?
— Pode ficar com alguma garota. — Luke gargalhou, ai se ele soubesse a raiva que me deu ao ouvir aquilo. — Hoje isso não importa. Só não faça muito barulho, né amor?
Olhei para Luke com os olhos arregalados, Harry sacudiu a cabeça negando e riu. Amor? As coisas seriam tão rápidas assim?
— Okay, Loirinho. — Harry piscou um dos olhos. — Boa noite pra você, cara. — Ele disse fechando a porta do quarto. — E pra você também, amor.
Harry
Saí do quarto pensando na real possibilidade de acabar com a festa. Mas porque eu faria isso? As pessoas estavam tão felizes.
E bêbadas.
Eu queria estar feliz também. Então meus planos já estavam feitos. Peguei qualquer um dos copos que me deram e sorri satisfeito para a loira que continuava na festa.
— Harry? — Luke me chamou escadas acima quando eu finalmente beijaria a Jessy... Ou era Jade? Não sei. Não me importa.
— Hm? — passei a mão pela cintura dela.
— A festa não ia acabar? — ele perguntou.
Mas não foi nele que eu prestei atenção. Foi em Lolla. Que me encarava com os olhos vermelhos, e eu me perguntava se era de tristeza ou raiva.
Qual era a razão pra qualquer uma das duas? Era ela quem tinha escolhido.
— Ah, loirinho, a festa está apenas começando.
E com isso, grudei meus lábios da garota que eu mal tinha acabado de conhecer.
Eu me acabaria naquela noite.
Porque mais acabado do que eu já estava, era impossível ficar.