Capítulo 7: Curiosidade crescente II

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O dia está uma merda.
Passei a noite em claro, refletindo no que eu falei pra Ingrid. Eu não a amo, né?
Qual é, eu sou hétero!

Como fiz isso? Como beijei ela? Uma mulher?

Não sei a resposta. Algo em mim foi despertado, e acho que estou sentindo algo a mais por ela. Mas será?

Vejo ela na escola e me desespero. Fico corada sem saber o que fazer.

Ingrid - O-o-oi. Ah.... me da um a-abraço? (Ela para na minha frente com os braços abertos, e fico com vergonha de negar).

Eu - Ah... c-claro! (Fico sem jeito quando a abraço na frente de todos. Muitos sabem que ela é lésbica, e ficam me zoando dizendo que sou também).

Não sei como ela consegue, mas me desperta explosões de sentimentos estranhos em apenas um simples abraço.

Continuamos nossas vidas, nossa amizade.

Ela até falou em namoro, mas isso já era demais para mim.

*

Nai - Assumam que vocês tão namorando porra!

Eu - Mas nós não estamos.

Ingrid - Já falei que não estamos Naiara.

Nai - Claro que estão. Eu vi a conversa de vocês. Estavam falando de se beijarem. Assumam que vocês se chupam depois da escola.

Eu - Nossa! (Faço careta e volto a lhe encarar). Não estamos namorando. É difícil entender?

Nai - Estão sim! Podem assumir, eu serei amiga de vocês do mesmo jeito. Não sou homofóbica.

Eu - Quando eu namorar com ela, eu assumo tá, mas por enquanto é não!

Passamos uma hora nesse assunto. Não conseguimos convencê-la.

Ela realmente acha que nos pegamos depois da escola e que trepamos loucamente as escondidas.

Mas não. Beijo é um passo. Sexo é outro que não quero chegar.

Fui para casa e pensei em tudo que a Nai disse. Eu jamais transaria com uma mulher, que nojo! Meter a língua em uma buceta? Jamais! Me matem primeiro please!


*Dia seguinte*


Estou na escola. Super nervosa. Verei Ingrid. Vejo ela todos os dias, mas ainda não me acostumei com a ideia de que agora somos ficantes (por mais que não tenhamos passado daquele selinho), pois ela sempre vai querer me beijar, e não poderei demonstrar afeto em público. Isto me magoa, mesmo sem eu saber porque.

Começou a aula livre, no pátio, mas não iremos participar, não gostamos de jogar futebol.

Então vou no banheiro me olhar no espelho e ela apenas me segue.

Está vazio. O banheiro está vazio. SOCORRO!


Terei que beijar ela?? Porque foi assim que tudo começou.
Ai Meu Deus! Mas vou agir, vencerei meus medos.

Demoro um pouco arrumando meus cabelos, pra disfarçar o nervosismo.

Depois, me inclino em sua direção.
E finalmente sinto seus lábios macios conectados ao meus. Sinto sua respiração quente em meu rosto.
Fecho os olhos enquanto um tremor percorre minha espinha. Ela segura em minha cintura e coloca a língua na minha boca. Um beijo quente, molhado e doce. 

Me distancio e não consigo evitar que um sorriso se forme em mim. Ela está sem reação, mais corada que nunca.
Dou um suspiro e a puxo para fora do banheiro.

A aula está quase acabando, então sinto um braço me segurar enquanto subo as escadas. Ela me cola na parede e gruda seu corpo ao meu.
Aquilo me deixou em choque. Ela jamais criou coragem para chegar em mim.

Ingrid - Só quero mais um beijo! (Inclina-se para mim e viro o rosto).

Eu - Não!

Ingrid - Porque não? Tá vazio!

Aponto para a faxineira que estava atrás de nós.

Ingrid - Merda! (Ela continua reclamando baixinho e subimos em direção a sala).

Começo a relembrar aquela cena, em que seus lábios transmitiam uma chama ardente para mim, e me pergunto: Eu fiz mesmo isso? Beijei ela? Criei coragem para tal ato?

Mas é. Eu a beijei. Não consigo disfarçar. Estou com um sorriso de orelha a orelha. Todos estão perguntando o que houve comigo, apenas respondo que a felicidade deve ter me beijado.

Não posso mais esconder, estou gostando dela. Eu não a beijaria se não realmente gostasse dela.
Uma hétero, não beijaria alguém por mera besteira.
Essas coisas estranhas que sinto, só pode ser paixão. O que mais é?

Destino Complicado ♡ (Romance)Onde histórias criam vida. Descubra agora