Capítulo 28: Distância pertuba

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Então, eu resolvi voltar com ela.
Mesmo sabendo que vai me magoar de novo. Foi um erro meu, mas viver sem ela dói demais, então prefiro errar na dor.

A noite passada. Deus. Como posso descrever? Idiotice? Só. Muito mais que incrível? Porra, só. Uma das melhores noites da minha vida? Certamente.
Gostaria de poder dizer que não tenho ideia de como aconteceu, mas não é verdade. Eu sabia o que estava fazendo quando me sentei ao lado dela. Sabia quando toquei seu rosto. Quando me inclinei para provar daqueles lábios incríveis, para quais olhei a porra da noite toda.
Quando ela começou a corresponder o beijo... foi aí que eu soube que não conseguiria parar. Nenhuma lógica ou medo poderiam ter me impedido naquele momento.
Não tenho palavras para explicar a sensação de finalmente tocar nela de novo.
Nada nunca me fez sentir tão no lugar certo como quando eu estava colada a ela. No momento em que ela afundou-se em mim, porra, parecia que meu coração ia explodir. Emoção demais. Amor demais. Tudo demais.
Tentei dizer a mim mesma que seria só um sexo casual, mas eu sabia que não era. Com ela, nunca seria só isso.
Será que uma noite incrível, iria consertar as coisas entre nós? Ultrapassar tantos dos nossos problemas? Não parece provável.

*Horas mais tarde*

Após acordar, comer e limpar a casa, saí para terminar as compras de minha tia.
Derrubo os produtos como sempre, mas agora é por um motivo maior.

Estou vendo.
Estou vendo a mulher, que é uma das grandes causas pelo meu sofrimento: A mãe da Ingrid.
Meus braços congelam, e eu não sei se choro ou se saio correndo. Ou se fico e bato nela. Bater? Não. Eu iria morrer só com um tapa de dedo midinho dela.
Mas ela tá ali. A alguns passos de mim, e o medo ao meu lado.
Continuo revirando os biscoitos na minha frente e de repente ela desaparece. Some e isso dá um certo alívio, até eu sentir uma mão pesada em meus ombros. Me viro e..

- Ora ora ora.. mas quem vemos aqui.

Engulo seco, estou trêmula.

- Fiquei sabendo que você e minha filha não se afastaram do modo que eu pedi.

Eu - Eu amo ela, não vou me afastar dela.

- Como? Amor? (Dá gargalhadas altas até demais). Isso não é amor sua pirralha! Isso é nojento e miserável. Isso não é o certo.

Eu - E por acaso você sabe o que é amor? Você Odeia sua própria filha, e vem me dar lição sobre "amor"? (Faço aspas com os dedos). E sabe o que realmente é nojento? Essa sua homofobia.

- Você me dá nojo. Você é um monstro que não deve andar perto de seres humanos como eu.

Eu - Você é uma porra de uma homofóbica imbecil. VOCÊ me dá nojo. É uma criatura repugnante. EU sou mais humana que você!

- É? Porque sua pirralha?

Eu - Por que eu sei amar! E eu AMO a sua filha!

- Você acha que é quem pra falar assim comigo sua idiota? É melhor você me escutar e se afastar dela, por que eu vou fazer de tudo para impedir que isso tudo aconteça.

Eu - E eu vou lutar pra ter ela comigo pro resto da minha vida!

- Deixa de ser criança! Você tem quantos anos? 13? 14?

Eu - É 16 sua idi.. (Sou interrompida quando caio no chão, após receber um tapa dela).

- Não vou deixar você se aproximar dela. Vai se curar por que isso é doença.

Ela vai embora soltando fogo pelo nariz. Enquanto isso, levanto e tento me recuperar do ocorrido. Todos me olham e eu apenas choro, por saber que será ainda mais difícil tê-la ao meu lado.
Termino as compras e vou embora. Meu rosto ainda formiga pelo tapa. Meu sangue ferve nas veias..
Fico pertubada e pensando em tudo que aquela homofóbica falou.

~Não vou deixar você se aproximar dela. Vai se curar por que isso é doença.~

Amar é doença? Querer o bem dela é doença?
Que incrédula!

Depois disso tudo, vou arrumar minha bolsa da escola e meu livros, amanhã começam as aulas naquele inferno. As aulas foram adiadas por alguns dias, que se passaram voando. E amanhã, não verei mais a minha princesa sentada atrás de mim, me atormentando, falando pra eu sorrir.
E dessa vez, vai ser difícil sorrir, quando olhar para aquela escola, e não sentir o cheiro dela nos corredores. Entrar no banheiro, e não sentir os braços dela em minha volta, me lançando um beijo cheio de amor e desejo.
Mas.. em meio ao caos, tenho a Nah, que é a minha salvação.

Sou interrompida dos meus pensamentos quando minha tia me chama para ir a psiquiatra.
Como não sou rica, não vou mais a psiquiatra particular, mas será muito difícil achar uma pelo governo.
Vou para o centro com ela, consigo uma vaga na psiquiatra, mas tem toda uma burocracia para tolerar.
Comemos e vamos andar um pouco. Me distrair talvez seja o necessário nesse momento.

Durante todo o nosso percurso, lembro da noite passada e sinto minhas pernas formigarem. Estou faminta por aquele corpo. Aquele sorriso, aquelas curvas, aquela pele macia e cheirosa, aquela bunda, aquela.. ó céus.. aquela boca que me domina por inteira e me faz gozar loucamente.
Enquanto o verão se congela e se transforma em inverno, as órbitas distantes nas quais Ingrid e eu giramos em torno uma da outra mudam e se metamorfoseiam em uma coisa nova. Uma espiral elíptica de calor e frustação sexual com subtons bem definidos de catástrofe, mas que nenhuma das duas parece inclinada a evitar.
Por mais que nos amemos, ela irá se distanciar, depois irá voltar. Não sei quanto tempo depois, mas voltará. E quando ela volta, a recebo de braços abertos e de boca aberta para chupar sua bela buc.. ops.. sinto algo começar a molhar minha calcinha, então volto pro mundo real, em que estou esperando o ônibus, pra voltar pra casa solitária e depressiva.
Mas dessa vez, espero que seja realmente diferente.

*Dia Seguinte*

-Triiim!!

As três primeiras aulas terminam e agora é o intervalo.
Pensei que ficar um tempo longe, me tornaria mais forte, ou pelo menos, eu conseguiria enfrentar isso de frente sem chorar ou amarelar. Mas tudo não parece diferente. Os alunos demônios ainda estão aqui, e pra minha grande sorte, me odeiam ainda mais. Os lugares que deveriam ser intocavéis, são os que mais me atraem pelo fato de ter história, e essa história tem um maravilhoso perfume doce, fatal, gruda no cérebro.

Talvez se pergunte: Então agora mudou? Não! Nós terminamos ontem. Mas como sempre, voltamos. Sou trouxa demais. Mas sou fraca demais para sobreviver sem ela. Talvez seja algo da minha cabeça, mas me sinto inconscientemente derrubada sem ela ao meu lado.
Mas se ela quiser terminar de novo, juro, que essa será a Última vez!

Destino Complicado ♡ (Romance)Onde histórias criam vida. Descubra agora