GONZÁLEZ BRO'S
-Sábado [20:15]À loja estava deserta Carlos já estava arrumando tudo para fechar o estabelecimento e contabilizar o dinheiro ganho durante um dia monótono e chato, Bruno e eu ainda estávamos na incessante busca por informações sobre o monstro que matou meu pai, pesquisei na Internet na biblioteca local mas não encontrei nada relacionado, González revirava livros antigos em sua escrivaninha desorganizada no canto do pequeno escritório que dividia com Carlos seu
Irmão mais novo e sócio no ramo dos penhores, sim somente os penhores, Bruno me contou que Carlos sempre o achou lunático e que à perda da família afetou seu cérebro,e querer vingança à coisas abstratas e irreais era loucura,por isso o homem decidiu desistir das caçadas,isso era coisa de louco, mas eu acredito em Bruno e eu o entendo, eu sei como ele se sente, que se sente inútil por não ter impedido tudo o que houve, é culpa...eu sei como é acordar e se sentir um lixo todas às manhãs, não conseguir se olhar no espelho com medo do que poderá ver, como se aquele simples objeto fosse refletir sua alma e como ela está destruída, você sentir ódio de você mesmo por não reagir, por não resolver todos os problemas...as dúvidas...eu sei como ele se sente, eu me sinto assim.
[...][21:00]
-Então já encontrou algo aí Bruno?
Perguntei cansado.
O homem levantou o rosto gordo apoiado sobre a mão em puro sinal de tédio.
-Nada...moleque você tem mãe?
Arqueei à sobrancelha.
-sim, porquê?
-Bem...ela deveria ter ligado...
-É mesmo!
Exclamei,apalpando os bolsos da calça, por fim encontrando o aparelho ao qual procurava.
-Uau!
Exclamei em surpresa.-quinze chamadas perdidas!isso é um novo recorde!
-É melhor você ligar para casa garoto.
Alertou Bruno.
Dei dei ombros e liguei para minha mãe.[LIGAÇÃO ON]
-Mãe?
-A-Alô!Dave!!!
Minha mãe respondeu com à voz trêmula e rouca,algo de errado estava acontecendo.
-O que tá acontecendo?
-Eu não sei!
-Me explica o que está acontecendo mãe?
-É Serena!Ela está louca meu filho!
-Ahn?o quê?O que aconteceu com ela mãe?
Bruno me encarou com os olhos arregalados.-põe no viva-voz Dave.
Sussurrou o mexicano, e eu fiz o ordenado, fazendo assim todos no cômodo ouvirem o que minha mãe tinha a dizer ou seja eu e Bruno, já que Carlos foi para casa mais cedo.
-Eu não sei explicar...não parece ela meu filho...fui no quarto chama-la para o jantar...e ela estava...estava...c-comendo...
Minha mãe ficou mais nervosa.
-O que mamãe?!mantenha à calma.
-Ela estava comendo as vísceras de um gato.
Bruno e eu arregalamos os olhos ao mesmo tempo.
-Onde você está filho?
-Na casa de um amigo do colégio mãe.
Respondi.
-Onde está Serena?
Perguntei.
-No andar de cima...estou trancada na dispensa...ela enlouqueceu eu nunca vi algo parecido...ela parecia um animal, vem para casa...sua irmã está doente...
-Estou à caminho...[LIGAÇÃO OFF]
Bruno começou à andar de um lado para o outro no pequeno escritorio, eu o encarei confuso.
-O que houve ?
-Você não vê garoto?!
Ele respondeu ríspido.
-O que não vejo?
-Essa pode ser a resposta que procurávamos!
O encarei mais confuso ainda, esse saco de tacos ambulante pirou de vez.
-À resposta é minha irmã comer as tripas de um gato? O que isso tem haver com o que procuramos?
Bruno parou de costas para mim, apanhou uma bolsa e à encheu de livros, correu para à escrivaninha e pegou uns recipientes estranhos.
O homem estava agitado e nem mesmo eu entendia o porquê; minha irmã estava tendo um surto psicótico e eu estava trancado numa loja de velharias as nove da noite com um balofo com bafo de cebolas fritas.
O homem correu à um canto da sala e apanhou às chaves, assim correndo para à porta dos fundos com extrema agilidade.
-Ande!Dave!precisamos ser rápidos!
O homem entrou em um trailler caindo aos pedaços e deu à partida, os faróis piscaram algumas vezes e logo se apagaram, Bruno começou violentamente à socar o volante, como se aquilo fosse fazer à geringonça voltar à funcionar, que homem ignorante.
-Vamos!Volte niña volte!liga de uña vez desgraciada!
Praguejava o homem.
Aquela peleja me incomodava, e Bruno parecia mais aflito até que eu mesmo, parei em frente ao trailler já irritado com aquilo tudo.
-Dá pra me explicar o que diabos tá acontecendo?!
O homem me encarou irritado.
-Ou você é idiota ou é lerdo moleque!Não vê que isso é à resposta que procurávamos?
Revirei os olhos irritado.
-Você já me disse isso homem!mas porquê?E o quê?
O homem desceu violentamente do veículo.
-Sua irmãzinha está possessa moleque!
-Está o quê?!
O homem chutou à primeira lata de cerveja que viu à sua frente.
-Encapetada, cheia dos demônios dentro dela!Com as crias de satã fazendo à festa no seu frágil corpinho infantil!Ela está possuída seu idiota!
O homem jogou as palavras em minha cara da pior maneira possível me fazendo ficar ainda mais nervoso.
-Meu Deus!Precisamos ir para casa agora!
Falei claramente preocupado e inseguro.
Bruno estendeu os braços para cima, como se agradecesse à alguma ação de graças.
-Finalmente ein moleque!
O encarei perplexo, minha irmã poderia mesmo estar possuída por alguma entidade satânica?
Isso me preocupava, e se a criatura que à possui quisesse fazer algum mal à ela assim como fez com meu pai, eu preciso fazer algo para impedir mesmo que custe minha vida, elas são minha família, e mesmo com tudo o que passei ainda as amo e não me imagino viver em um mundo onde elas não existam.
Fui disperto de meus pensamentos pela luz forte que vinha do trailler de Bruno, o mesmo dava diversos tapas na porta metálica lateral fazendo um barulho irritante com à intenção de me fazer retornar à realidade.
-Não fique parado aí Dave!Sobe logo!temos um exorcismo à fazer!
Exclamou o gorducho de meia idade.
Corri na direção do automóvel, entrei e bati à porta com força.
-Ei!calma aí!
Reclamou Bruno.
Dei de ombros e o homem acelerou à lata velha, fazendo-a sacudir violentamente assim derrubando panelas e utensílios, me segurei em um dos armários e fiz questão de me sentar o mais rápido possível.
-onde você mora moleque?
Perguntou Bruno, virando o rosto e tirando o foco do trajeto, quase fazendo o trailler tombar, fui sacudido para o lado e logo tratei de me ajeitar o mais rápido possível ,eu só queria vomitar.
-Avenida 869 casa 36.
Falei firme com à intenção de ocultar o enjoo que eu sentia pelo constante sacolejo de niña.
O homem virou à uma esquina e cerca de vinte minutos depois estavamos na minha casa, o homem parou o veículo em frente ao jardim,e descemos sob o céu escuro daquela gélida noite de sábado, à rua parecia mais pacata do que nunca e as luzes das casas vizinhas iam se apagando de forma gradativa como um show de luzes planejado, pouco à pouco tornando à noite mais bizarra, à única casa que ainda mantinha todas às luzes acesas era à residência de número 36, à mesma parecia silenciosa e quieta demais para ter uma garota de seis anos possuída por um demônio.
Bruno jogou à mochila sobre os ombros e juntos corremos até à varanda, ficamos cerca de quinze segundos muito quietos esperando algum sinal fora do normal vindo do interior da casa, Bruno fez um gesto e girou à maçaneta fazendo à porta se abrir com certa facilidade, adentramos à casa e à mesma parecia estar completamente vazia, à sala estava intocada exatamente da mesma forma que estava quando saí,caminhamos lentamente em direção à cozinha e também não havia nada, Bruno foi examinar a casa enquanto eu procurava minha mãe, abri à despensa e lá estava ela completamente apavorada,à mulher rapidamente me abraçou, e acho aue aquilo era à demonstração que de certa forma ela acreditava em mim, desvencilhei-me do abraço e Bruno foi direto ao ponto.
-Onde está à garota?
Minha mãe desviou o olhar de mim para o homem e do homem para mim.
Logo entendi o que ela queria mas eu não estava disposto à responder essa pergunta tão cedo.
-Depois te explico tudo mãe, ele só veio ajudar.
A mulher pareceu mais confusa e nervosa por ver o estranho em sua casa.
-O que vão fazer com minha filha?
-Escuta moça...preciso que você mntenha à calma e permaneça aqui em baixo, esconda-se e não se intrometa em meu trabalho, eu sei o que estou fazendo e não irei machucar sua filha, só saia de seu lugar quando eu disser que pode, entendeu?
A mulher confirmou balançando à cabeça.
-Mas espera...o que está acontecendo com ela?
Minha mãe perguntou atordoada.
-Já disse...não se preocupe, aliás onde está à criança?
Comentou Bruno de forma segura.
-N-no andar de cima penúltima porta à esquerda...
Respondeu Janneliese aos gaguejos.
Bruno se esticou e jogou à bolsa em cima de meus braços.
-Vamos pequeno elfo ajudante, temos um longo trabalho pela frente.
(Pequeno elfo ajudante? Isso é sério? Estamos indo fazer um negócio sinistro...sim, é sinistro...é um exorcismo cara, estamos à caminho da coisa mais louca que já fiz ou vi na vida e ele está agindo como se fosse passear no parque? Esse cara é maluco!e um tanto bipolar, confesso que não entendo muito bem as alterações de humor que afetam Bruno,que cara doido).
[...]
E lá estava eu novamente naquele corredor vazio mas desta vez eu estava acompanhado, depois da perda de meu pai, adimito que sinto certo receio em passar pelo corredor novamente, pois à cena que presenciei na fatídica noite se repete dezenas,centenas, milhões de vezes em minha mente, cada passo cada detalhe, um turbilhão de lembrança e pensamentos assomavam-se em minha mente , aquela parte da casa me dava arrepios e uma sensação estranha, a cada passo que dávamos na direção da penúltima porta do corredor , mais aflito eu me tornava todos os meus sentimentos estavam à flor da pele, o auto controle é uma arma essencial em momentos como esse, em meio ao silêncio completo minha alma assolava-se em uma mistura de medo, apreensão e nervosismo o soneto de minha agonia real, uma confusão tosca e desconexa digna de um livro para garotas repleto de clichês e dúvidas na adolescência, mas meu caso não se tratava da bagunça de uma mente jovem confusa com que grupo deveria se encaixar, eu sempre fui estranho e sempre pertenci ao meu grupo de um cara só, à matilha de um componente, à banda de um homem só, ou como diriam os clichês atuais: "O lobo solitário."
Ah...isto é tedioso.
Meus problemas eram,quer dizer são bem maiores do que os adolescentes comuns gostariam de enfrentar,não estou sendo egoísta só estou à caminho do meu encontro com um demônio.
A cada passo dado um nó maior se formava em minha garganta, os passos ecoavam sobre o brilhante assoalho nu, Bruno se pôs à frente e abriu à porta, fazendo à mesma ranger de forma irritante e bizarra, como um acontecimento proposital para impor medo, e claramente essa foi à tentativa mais ridícula que vi em meus poucos anos de vida.
O quarto estava parcialmente silencioso, exceto pelos sussurros indecifráveis que saiam da boca de Serena, o quarto completamente rosa, estava redecorado em um ponto de vista completamente estranho e digamos que aquele troço que à possuia não continha o mínimo senso de arquitetura,à parede continha rasuras de símbolos estranhos feitos com sangue nas paredes e teto, espera aí...como ela fez aqueles desenhos no teto?
Meus pensamentos foram cortados pela voz grave de Bruno que preencheu o local.
-Olha só...você não tem vocação para arquiteto sabia?Quem em sã consciência decoraria um quarto com sangue e cinzas ein?Que mal gosto...
Debochou Bruno.
Serena(creio que ela ainda se chame assim) virou-se irada para Bruno e eu, a garota à nossa frente não se parecia nem um pouco com à garota meiga que um dia já chamei de irmã, a garota tinha desenhos estranhos nos pulsos e em sua boca havia muito sangue, ela nos olhava como se fosse nos matar com um piscar de olhos.
À garota fez um gesto com às mãos e senti meu corpo chocar-se contra uma prateleira repleta de ursinhos,fazendo-a vir ao chão junto à mim e os brinquedinhos de pelúcia, senti um gosto ferroso na boca, e me senti um tanto tonto com à pancada, olhei para o lado e pude ver González em uma situação não muito diferente da minha, o homem caído no chão levantou o rosto com um sorriso debochado o homem estalou o pescoço e coçou à barba engrenhada como costuma fazer.
-Pelo visto satã não os dá muitos recursos para decoração lá no inferno não é mesmo?
-Cale à boca insolente!
Ordenou à criança.-O que fazem aqui?!
Dessa vez Bruno deu um sorriso ainda maior.
-Um exorcismo! seu demônio tosco de una figa!você é burro?!
À garota deu um sorriso de escárnio em seguida soltando uma gargalhada que me fez arrepiar os cabelos da nuca.
-Quem diria! caçadores!Mas pelo visto não são dos melhores...-a garota caminhou na direção de Bruno e o olhou de cima à baixo em seguida riu com sigo mesma, à garota caminhou vagarosamente em minha direção e imediatamente tentei me pôr em pé mas parecia que algo me prendia ao chão, a garota apertou meu rosto com à mão e sorriu em deboche.
(Sinceramente eu estava inojando o ser que habitava minha pequena irmã.)
-Na-na-ni-na-não...garoto, você não vai sair daí tão cedo...
Cada centímetro do meu corpo foi preenchido com um ódio imenso e eu só queria dar na cara do demônio desgraçado que estava fazendo aquilo com Serena.
-Sai do corpo da minha irmã! seu maldito!
A criatura me soltou e deu outra risada.
-Esses caçadores estão bem fora dos padrões!Quem me mandaria um garoto de quinze anos e um balofo preguiçoso e peludo?Aliás vocês estão sendo bem lerdinhos com esse exorcismo!
-Vá se ferrar!Seu idiota!
Preguejou Bruno furioso.
A criatura fechou às pequenas mãos em punho e deferiu um golpe no meio da cara de Bruno, pois o mesmo encontrava-se incapacitado de levantar pois também estava preso à algo no chão.
-O que você quer com minha irmã?
perguntei juntando coragem, o demônio analisou o pequeno corpo e deu de ombros.
-É o que eu quero com esse corpo? Ah lembrei!que receptáculo excepcional!nunca imaginei que uma casca infantil seria tão resistente e útil!estou impressionado!UAU!
-Sai do corpo dela!
-Nossa garoto!Você ainda não aprendeu muito bem como se faz um exorcismo!Cá entre nós esse carinha aí não te ensinou nada não é?
A "garota" virou de costas para Bruno e eu, e caminhou em direção à parede aue continha os símbolos e começou à sussurrar palavras desconexas que mais pareciam estar sendo sibiladas.
-...ei moleque...
Sussurrou González, me fazendo o encarar confuso, o mesmo indicou à mochila com os livros e materiais próxima do meu pé, e claro que eu captei esta mensagem eu não sou tão lento, e tratei de tentar puxar à mochila com o pé, enquanto o homem ao meu lado recitava algum tipo de feitiço repetidas vezes para nos libertar da imobilização fúnebre.
[...]
Bruno saltou em cima da criturinha e a mesma começou àdebater-se freneticamente em busca de uma saída.
-Pegue à cadeira e as cordas Dave!
Ordenou Bruno segurando à "garota" com toda à força, corri e fiz o ordenado,assim amarrando a criatura à cadeira.
-Vocês acham que isso pode me deter?
Perguntou o demônio rindo.
Bruno revirou à mochila e retirou um pincel permanente e o entregou à mim.
-Preciso que você desenhe um círculo no chão com uma estrela dentro dele,precisa ser grande o suficiente para caber esse monstrengo dentro dele , assim como na imagem disposta no meu livro, entendeu moleque?
Fiz que sim com à cabeça e comecei à fazer o desenho no chão, o fazendo como ordenado no livro, após fazer o desenho enorme ao redor de minha irmã Bruno tomou o livro de minhas mãos.
-Quem o mandou aqui?
Bruno perguntou.
-Não o interessa!
Exclamou a garota com uma voz rasgada e grave.
-Vou repetir mais una vez desgraciado!Quem te mandou aqui?
-Não importa mexicano miserável!
O homem adentrou no círculo e apontou o dedo indicador em riste no rosto da criatura.
-Você é um miserável seu hipócrita!Agora me diga o que veio fazer aqui?!
Disse o homem claramente irritado.
-Vim fazer o mesmo que fiz com sua filha e esposa, seu imigrante idiota!
Disse o demônio em deboche.
Bruno encheu-se de raiva e deferiu um tapa no rosto do receptáculo.
A criatura se remexeu na cadeira rindo descontroladamente.
-Você vira uma fera quando o assunto é família não é Bruno?Principalmente quando se trata de Emma e Johana!Típico de vocês humanos fracos!
O demônio deu um sorriso de escárnio e cuspiu no rosto redondo do mexicano.
Bruno irritado deu outro tapa no rosto frágil do receptáculo, aquela criatura poderia ser nojenta o quanto fosse mas possuía o corpo de Serena e eu não à deixaria ser afetada.
-Pare com isso Bruno!!!
Gritei tentando evitar que o moreno desse uma surra na garota.
O homem se virou enfurecido.
-o desgraçado matou minha família!Ele me tirou à vida moleque!
-Eu sei Bruno!Mas não se esqueça de que você está afetando à serena e não o demônio em si homem!Ela é minha família também e ela não tem culpa por ser a casca desse troço!
Bruno meneeou à cabeça em concordância.
-Vamos logo com isso...
Disse o homem capisbaixo, o mesmo pôs o grosso livro marrom e antigo entre as duas mãos e começou à recitar às seguintes palavras:
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You Mind (EM REVISÃO)
Mystery / ThrillerFoi ele.Aquele maldito monstro, os demônios as criaturas que me atormentam...uma dessas coisas matou meu pai, eu não estou ficando louco, pense o que quiser.Sou Dave e vou me vingar do desgraçado que acabou com minha vida.