XII

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Bruno passou toda à viajem de volta para casa no mais profundo silêncio, ele não se sentia bem eu sei disso e também sei o porquê, e também não estou muito bem, uma coisa é você acordar todos os dias com à consciência um pouco tranquila e outra é acordar sabendo que você vai morrer mas sem certezas de quando.
Você fica inquieto não consegue raciocinar direito , só apenas pelo fato de saber que você vai morrer, sem poder impedir o que vai te matar apenas lutar; prefiro morrer lutando à esperar meu assassino, mas quando é uma carga "celeste" que está atrás de você é mais convidativo fugir, sinceramente não sei o que fazer e creio que Bruno também não, ele prometeu me protoger, me ajudar  e eu me sinto agradecido por ele tentar, e eu sei como ele está se sentindo agora por saber que mesmo tentando ele não conseguirá cumprir o prometido, ele poderia muito bem ter aceitado o trato e me deixado ir e bem...como eu sei que tenho pouco tempo de vida eu não me importaria; de qualquer jeito eu não estou à salvo, me doí pensar assim mas cada esforço de Bruno para me manter longe das criaturas, foram em vão eu reconheço que Bruno é um homem nobre e sou muito grato por tê-lo conhecido, mas ele poderia apenas seguir em frente mesmo sabendo disso.
-Chegamos.
Ele anuncia parando em frente à casa tão conhecida por mim, com aquela tinta azul bebê, o jardim verde com à grama recém cortada, aparentemente muito agradável,à casa perfeita para se viver com à família em toda à Henderson, quem imaginaria o inferno que se vive lá dentro.
-Sua mãe está em casa?
Perguntou Bruno frio.
-Não.
Respondi também um tanto seco; nós não estávamos bem e isso era visível mesmo sem Bruno saber o meu real motivo.
-...Deve ter levado Serena ao psicólogo.
-Então podemos entrar.
Terminou Bruno desligando o veículo.
De repente o barulho do sacolejo intenso de niña cessou, então pudemos contemplar o silêncio da avenida 869.
Descemos até o jardim em frente à casa, Bruno pôs as mãos...no...acho que seria uma cintura como às modelos victoria secret's fazem, e observou à casa mais atentamente e resolvi repetir o gesto, mas é claro sem aparte das modelos, talvez aquela fosse à última vez que eu via à casa de número 36 tão atentamente.
-Vamos?
Perguntei.
-Vamos.
Respondeu Bruno simplista.
Uma sensação estranha tomava conta de meu corpo, à cada passo dado em direção à varanda meu peito apertava-se mais, como se fossem meus últimos passos, meus últimos batimentos, respirei fundo eu estava indo bater de frente com o meu medo, incerto, confuso,assustado...Não consigo explicar à sensação que me toma neste exato momento, algo diz que devo deixar tudo acontecer em seus conformes, mas outra coisa me manda resistir e lutar, então tomo à decisão discutida tão assíduamente em minha mente.
-É guerra...
Falo para mim mesmo, com o ódio percorrendo minhas veias, me lembrando tudo o que passei, aquele momento serviu para me certificar o que realmente eu buscava,eu entrei nessa guerra para sair vitorioso, para impedir os malditos de destruírem o que resta da minha família,não vou agir como um covarde...ah não, não um covarde; aprendi com Bruno que à maior desonra de um caçador é à covardia, eu sou um caçador essa vida me escolheu, preciso ajudar pessoas nem que para isso eu precise morrer.
[...]
E como o habitual à casa permanece silenciosa quer dizer desde à morte de meu pai, eu poderia ser o excluído, detestado, estranho...
Mas ainda se ouviam sorrisos naquela casa que hoje é preenchida pelo vazio, e isso é o que motiva à seguir em frente,não desistir quando tudo estiver errado,  não é vingança é justiça.
-Onde está o desenho?
Perguntou Bruno esquadrinhando o local.
-Acho que no sótão.
Respondi.
[...]
Toda à procura foi realizada silenciosa, Bruno corroia-se por dentro isso era tão visível, não sei se ele também via o mesmo em mim.
-Achei!
Exclamei ao encontrar uma caixinha de lembranças, as lembranças que me matavam.
E lá entre tantos papéis e objetos tão conhecidos por mim estava o desenho que destruiu tudo,maldita à hora em que criei esse monstro, retirei o desenho da caixa e olhei atentamente o esboço, não se parecia muito com a criatura que me perseguia porém o monstro tem lá suas semelhanças caprichosamente parecidas com as de minha mente, o que o tornava tão maligno e real.
-Agora precisamos queima-lo.
Disse Bruno.
Engoli em seco os outros passos aparentavam ser os mais simples de serem cumpridos, mas só eu sei o que vi nos olhos daquele troço.
Descemos ao térreo,e verificamos cada cômodo, mais parecia que "o advogado" sim eu estou nervoso, por ora o nome é um tanto ridículo, mais parecia que ele não estava muito à fim de aparecer hoje.
-Temos de invoca-lo.
Soltou Bruno em certo ponto da busca.
Arregalei os olhos assustado.
-C-Como assim?
Pela primeira vez depois que retornamos da casa de Ômera demonstrei alguma emoção.
-Não sei, talvez temos de espera-lo.
Balbuciou Bruno confuso.
-Minha mãe não te quer aqui em casa, esqueceu?
-Claro, eu havia me esquecido deste mínimo detalhe.Que horas os fenômenos costumam iniciar?
-Acho que lá pras uma da manhã.
-Uau!
Exclamou Bruno.-Acho difícil matarmos esse treco hoje.
-Talvez nós não possamos mas um de nós pode.
Comentei.
-Quem?
-Ora não seja tão tonto Bruno, claro que sou eu.
-É perigoso moleque...você nunca matou um monstro antes principalmente desta forma, é arriscado.
-O que seria da vida sem alguns riscos.
-Você pode morrer.
-Você sabe de que qualquer forma eu não saio vivo dessa guerra.
-Não, eu não sei moleque.
-Sabe à conversa que você teve com Ômera? tenho certeza que não era uma receita de dieta.
-Você andou ouvindo a conversa por de trás da porta garoto?
-Pode-se dizer que sim.
-E até que ponto você ouviu?
-Até à parte em que não há salvação.
-Sinto muito.
Falou Bruno apático.
-Entendo; mas e aí como se faz pra matar esse "advogado"?
-Você quer realmente fazer isso sozinho?
Perguntou Bruno precupado.
-Me dê as ferramentas certas então saberei como usa-las.
Respondi confiante.
-Ok.
Concordou o homem em um suspiro.-Fique de tocaia no mesmo corredor e espere...então quado ele aparecer faça o possível para estarem cara à cara, não tire seus olhos do dele seja confiante, talvez isso o deixe atordoado por alguns segundos procurando alguma fraqueza sua, tempo suficiente para você queimar sua fonte de existência, não se esqueça você tem de superar todos os seus medos para não ser morto por eles.
Fiz que sim com à cabeça demonstrando coragem e autoconfiança.
[...]

                              00:30
Cá estou eu novamente onde tudo começou repetindo o mesmo gesto feito há três meses atrás, sozinho como em nosso primeiro encontro porém preparado para acabar com tudo isso, seguro fortemente o desenho em minnhas mãos resistindo à não destrui-lo neste exato momento.
[...]
                               00:58
Dois minutos me separam da criatura que tanto temi e os fenômenos que antecedem sua vinda se iniciam, as luzes começam à piscar às vozes se iniciam e um sussurro inaudível soa pelos quatro cantos da casa, eu permaneço observando o corredor vazio pela fresta da porta, às luzes piscam mais alguma vezes olho no relógio já são uma da manhã em ponto e eis que as vozes se intensificam anunciando à chegada de meu alvo, tento me controlar e não me deixar ser tomado pelo medo, às luzes piscam mais uma vez (escuro/aceso) revelando à figura pálida de olhos negros e dentes afiados, à imagem apavorante de onde minha mente foi capaz de me levar, à criatura se move de acordo com o piscar das lâmpadas, ele se move ao quarto de Serena, abro à porta em um impulso de coragem assim chamando à atenção da criatura que se vira para mim e desaparece, fico paralisado à espera de mais algo, mas tudo parece voltar à seu devido lugar, droga!
Então às luzes se apagam e sinto algo me agarrar por trás, às mãos frias da criatura me arrancam o fôlego e caio no chão com um baque segurando firmemente o desenho em minhas mãos, então à última coisa que vejo é à imensidão negra dos olhos do meu tormento.

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