" Ele pegou em sua cintura e ela encaixou suas mãos no pescoço dele iniciando uma lenta dança. Se aproximaram mais e..."
Fui interrompida!
- Mas que droga! Esse vizinho mal chegou e está fazendo essa zona! Ele não tem escrúpulos, não? Olhei para o relógio - São 23:45 da noite. Passou da hora permitida para barulhos altos e esse imbecil fazendo essa algazarra! Ninguém merece.
Me levantei da mesa da sala indo em direção ao quarto. Eu já sou uma péssima escritora no silêncio, imagina no barulho. Daqui a pouco eu estaria colocando o tum tum tum da música na história! Ai sim ficaria uma porcaria por completo.
Segui para o banheiro, me despi e entrei na água morninha e tomei um bom banho. Após quinze minutos me sequei, e vesti um pijama de frio.
Voltei à cozinha tomando um copo de água e fui me deitar. Claro que eu coloquei um tampão de ouvidos, né? Já que esse encostado do vizinho parece não trabalhar amanhã e não quer deixar os que trabalham dormir. Me enrolei na coberta e apaguei.
*
Saí igual uma maluca, correndo pela rua como se estivesse maratonando na São Silvestre. Por causa daquele imbecil, perdi a hora já que tive que dormir com tampões. Hoje mesmo vou reclamar ao seu João. Aquela criatura não me deixou escrever em paz. E ainda me fez perder a hora! Aonde já se viu? Ah se ele pensa que vai ficar por isso está muito enganado.
Abri às pressas a livraria e fui organizando tudo para que meu dia fosse um pouco mais produtivo. Eu trabalho numa livraria no centro. Por sorte, não muito longe do meu prédio. Arrumei tudo bonitinho e me sentei no balcão ligando o computador.
Agora sim! Estava tudo do meu jeitinho. Eu fazia o turno da manhã e dona Christina o turno da tarde. Ela era proprietária ( acho essa palavra linda! Não me perguntem o porquê) deste imóvel ( como ela mesmo diz).
Era um trabalho bem fácil, eu confesso. Mas que me rendia uma boa graninha no fim do mês, adicionando para a outra graninha que eu ganhava por ser bibliotecaria na faculdade. Podemos dizer que eu vivia muito bem. Claro sem altos gastos mas numa quantia mais que suficiente para mim.
Eu me mudei para Santa Catarina à um ano, quando passei na faculdade e comecei a cursar serviço social. Pois é, acharam que era literatura, né? Eu até quero cursar, mas primeiro quero ver se nasci pra isso, sabe?
Meus pais ficaram em Brasília, pois é eu nasci lá. E e mudei sozinha pra cá. Filha única ainda, já sabe né? Foi aquele chororô. Dava pra encher o sistema Cantareira no estado São Paulo! (parece que lá está faltando água). Eram tantas lágrimas e frases como " Minha princesinha cresceu" que eu acho que meu cérebro auto-deletou essa palavra do nosso vocabulário.
Meu turno acabou ao meio dia. Segui para casa para almoçar e pegar minhas coisas. Sim! Faço faculdade a tarde. É muito bom, na minha opinião. Eu trabalho no maximo até dez da noite, mas eu cabulo horas e saio umas nove e meia, daí chego em casa por volta das dez horas da noite . Sim, sou cara de pau mesmo!
Entrei em casa e fui esquentando minha comida, tinha feito ontem então havia bastante ainda. Mesmo sendo uma esfomeada. Eu não como tanto assim. E eu sempre faço questão de fazer comida, comida mesmo. Nada de besteira! Sim, eu sei muito certinha, não é? Tão longe dos pais e mesmo assim tudo certinho. Qual é né? Costume!
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Entre Sacadas E Janelas
RomanceKarine Cardoso é uma jovem de vinte e um anos. Que mora em um predio de classe media no município de Balneário Camboriú em Santa Catarina. A mesma passa por um sério dilema em sua vida : Quer escrever! O unico problema é que ela não consegue se emo...