CAPÍTULO 1

463 17 1
                                    

STEFAN

O grande dia havia chegado.

Estava em frente ao espelho tentando colocar a maldita gravata preta enquanto, mais uma vez, pensava nos motivos que me levaram a casar. E se tudo não pudesse ficar pior, estava me casando com uma mulher na qual não amava. Não que eu estivesse sendo obrigado a isso, claro, mas eu sabia que era o certo a se fazer. Se eu não poderia ficar com a pessoa que eu realmente amava, teria que começar a colocar o futuro em uma outra perspectiva. Casar com uma mulher e ter alguns filhos com ela me pareciam o certo. Tentei mais uma vez colocar a gravata, mas não estava funcionando. O nervosismo não ajudava nessas horas. E havia outra coisa que estava me preocupando desde ontem; o silêncio do meu melhor amigo. Joguei a porcaria da gravata em cima da cama e sentei em uma cadeira que ficava ao lado da janela do meu quarto. Peguei o celular do meu bolso e pressionei pela milionésima vez o número do Fernando. Nem criei expectativas. Mais uma vez desligado. Onde você está, Fernando? Eu já estava ficando preocupado. Fazia dois dias que o Fernando havia chegado no país para o meu casamente, mas era como se ele não estivesse aqui. A última vez que falei com ele foi quando estava pegando um táxi para ir à um hotel. E desde então a única coisa que obtive dele foi o silêncio. Eu nem ao menos o vi. Mas que porra que estava acontecendo? Escutei uma batida de leve na porta e em seguida ela foi aberta pelo meu irmão.

- Ei, você está bem? – perguntou entrando e se sentando na ponta da cama. Eu fiquei o olhando por alguns segundos e quis gritar não. Mas eu já estava na chuva mesmo. Tossi um pouco pra limpar a garganta não confiando muito no meu estado emocional.

- Acho que sim, Marc. Só um pouco nervoso. – disse me levantando e sentando ao seu lado na cama. Ele estava vestido igualmente a mim, só que o terno dele era um azul escuro enquanto meu era um preto básico. Passei os braços em volta dos seus ombros e o fiz olhar pra mim. – Você se lembra da época quando éramos crianças? - perguntei.

- Qual é, Stefan?! Vai ficar todo emocional agora? – perguntou com um sorriso zombador.

- Não, seu babaca! – disse rindo – O que estou querendo dizer é que sempre fomos nós contra o mundo. Depois que os nossos pais morreram, você é a única família que eu tenho. – tirei os meus braços dele e subi na cama me deitando. Ajeitei as almofadas batendo ao meu lado indicando que ele fizesse o mesmo. Marc tirou os sapatas e se jogou ao meu lado.

- Sim, sempre fomos. – disse aconchegando a cabeça no meu peito e passando o braço ao meu redor. – Você cuidou de mim como um filho, Stefan. Você foi o meu pai e mãe, e nada do que eu fizer vai ser o suficiente pra lhe agradecer. Foi você quem me abraçou nas noites depois dos pesadelos, foi você quem segurou a minha mão na terapia, foi você quem me amparou. – ele parou de repente e começou a soluçar.

Eu sentei rapidamente e o puxei em meus braços. Eu sou um idiota! Sabia que se começasse a falar sobre o passado com o meu irmão iríamos chegar a esse ponto. Eu o abracei o mais forte que eu podia. Fiquei sussurrando que tudo ia ficar bem, o deixando saber que eu nunca iria o abandonar. A morte dos meus pais foi algo muito doloroso pra nós, principalmente para o Marc. Ele só tinha 10 anos e ainda estava no acidente que os matou. O Marc sempre se sentiu culpado pela morte dos meus pais. Eu fiquei louco na época. Os meus pais morreram na hora e o Marc ficou um mês em coma. Foi o pior momento da minha vida. Eu só não enlouqueci totalmente, pois o Fernando sempre ficou do meu lado. Ele sempre me apoiou e nunca me deixou fraquejar. Fernando... O que está acontecendo com você, meu amigo?

- Acho melhor a gente se apressar. Caso contrário, será você a chegar atrasado. E são as noivas que chegam atrasadas, lembra? – disse se afastando dos meus braços, mas eu precisava deixar claro uma coisa. Segurei a sua cabeça com as minhas mãos e o fiz olhar em meus olhos.

AMARGA MENTIRA (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora