Capítulo 6

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🔹Eric

— Não sei quem é mais louco, Eric, você ou sua mãe! — sorrio ao notar a seriedade de Matheus. Ele havia me perguntado se o excesso de perfume era para encontrar a ruiva, recriminando-me por insistir na história, então, para me livrar da falação, acabei contando. Não vi mal em ter uma opinião masculina a respeito, embora, como previ, não me foi nada favorável.

— Estou fazendo um favor, apenas, em prol da empresa da família... — viro um porta-retratos que está na mesa dele e começo a admirá-lo. Na foto, Matheus está com a família, que mora no Rio Grande do Sul. Faz exatamente quatro anos que ele se mudou para São Paulo e só os visita eventualmente. Ele age como se fosse mais velho do que eu, mesmo não sendo e, às vezes, é tão sério que me pergunto como podemos ser amigos.

— Acho interessante como você minimiza as coisas. Até para você é um pouco demais tudo isso.

— Até para mim? — sorrio debochado, devolvendo o porta-retratos — Devo me sentir ofendido?

— Você se ofender, acho difícil — sabe que está coberto de razão — Você nem tem ideia de como seja a tal mulher... E, além do mais, depois de seu rosto sair nas manchetes, por que acha que isso dará certo, gênio?

— Porque vou entregar parte da verdade para ela — cruzo os braços — Dizer que estou cansado de mulheres interesseiras e que entrei no site para encontrar alguém que pudesse gostar de mim pelo que sou, não pelo que tenho.

— Tudo bem, supondo que esse papo consiga convencê-la. Você acha que acontecerá o que, quando ela fizer uma breve pesquisa sobre você na internet, porque duvido que não faça, e, além de descobrir a coleção de "interesseiras" com quem já foi visto, muitas delas, inclusive, reclamando sobre sua incapacidade de se comprometer, o que acha que ela dirá, quando souber que é filho da mulher de quem ela se recusou a receber uma bela quantia?

— Deixe de ser estraga-prazer, Matheus. Vou dar um passo de cada vez. Eu confio no meu poder de persuasão — diria "em minha aparência", porém, sei que meu sócio me julgaria mais ainda.

— Isso não tem a menor chance de dar certo, pois, ao contrário de você, procuro enxergar além. Ela pode até se deixar seduzir por sua lábia, mas daí a conseguir convencê-la de algo, vai uma vida. Em que século você e a sua mãe estão vivendo, afinal? Hoje em dia, as mulheres só têm feito o que querem e quando querem. Nem a conheço, mas se foi capaz de dizer não a uma proposta vantajosa e apresentada de maneira limpa, tenho certeza de que não embarcará neste seu jogo sujo.

— Bem se vê porque não pega ninguém, Matheus! — minha crítica parece desagradá-lo, pois ele se mexe de maneira desconfortável na cadeira — Uma mulher apaixonada não é assim tão racional quanto está pintando. Elas são capazes de tudo e de qualquer coisa.

— Desisto, Eric, já sabe o que penso — agora é ele que cruza os braços — Se te interessa saber, não o imaginava capaz de algo assim.

— Cara, você está pior do que a Valentina — irritado eu me levanto da cadeira, e olho no relógio — Não pretendo fazer mal à Pietra, apenas acrescentar um pouco de emoção à sua vida sem sal.

— Se fosse apenas emoção estava bom. Coloque aí também, mentira, engano, decepção...

— Precisa transar amigo, vai por mim. Quando um homem fica tão crítico assim é porque está tenso demais — tiro o celular do bolso e verifico rapidamente na agenda — A minha massoterapeuta, a Nicole, já demonstrou interesse em você. Ela tentou disfarçar nas perguntas, mas entendi que não tem nada a ver com a sua saúde. Ela quer sim te fazer relaxar, só que de outra maneira... Olha, se me envolvesse com funcionários, já teria tentado algo com ela, pois atém de ter mãos excelentes, a japa é uma tentação. Se quiser, posso passar o telefone...

Às Escuras (Somente Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora