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Os primeiros efeitos da minha
despedida noturna de Josh foram mais complicados do que eu
esperava. O que ele disse virou
meu mundo de cabeça para baixo e
me fez questionar tudo que eu
pensava saber sobre minha família
e minhas emoções. De vez em
quando, memórias sorrateiras dos
seus olhos mocha, do toque do
cabelo bagunçado ou de como às
vezes o sorriso dele puxava mais
um lado da boca invadiam minha
mente e me deixavam ainda mais
nervoso, quase me causando uma
dor real, capaz de me dividir em
dois.
Tentei ignorar o máximo possível
as imagens desagradáveis fazendo turnos duplos na lanchonete,
chegando cedo e saindo tarde para
ganhar uma grana. Uma pequena
parte de mim esperava que Josh
fosse aparecer, mas eu sabia, lá no
fundo, que ele não viria. Fiz
questão de pegar o caminho mais
longo para casa depois do trabalho
para não passar pela mansão
Dun e correr o risco de revisitar o sentimento horrível associado a ela.

Meu chefe saiu da fase estranha
para a bizarrice total. E desapareceu por completo. Liguei sem parar, mas ele nunca atendia. Mandei inúmeras mensagens, mas ele só respondeu uma vez e, quando o fez, usou duas palavras irritantes— "Estou bem". Mais mentiras, eu me importava porquê Chad, é ou era amigo do meu pai e eles eram como irmãos, desde que meu pai foi embora ele sempre vai em casa e se certifca de que eu e minha mãe estamos bem.
Algo estava acontecendo com
ele, eu sabia, mas ainda não entendia o que era. Chad sabia que
eu tinha perguntas e ele não tinha a
menor intenção de respondê-las,
fosse por mensagem de texto ou
qualquer outra forma. Agora ele
não estava apenas evitando Columbus: estava me evitando também, o que me deixava cada vez mais ansioso. Começava a me sentir
como se estivesse gritando para o
vazio, sem ninguém por perto
escutando.

— Realmente não teve notícias dele? — perguntou Matt ao passarmos sob o arco de pedra na entrada do Rayfield Park.
Era noite de cinema ao ar livre, e ele havia me convencido a ir com ele. Queria que eu tentasse, por pelo menos algumas horas, me distrair, antes que enlouquecesse de preocupação.
— Não parece coisa do Chad.
— Eu sei. — Chad prometeu a
meu pai que sempre cuidaria de
mim, e ignorar minhas tentativas de
contato não era um bom sinal. —
Deve ter algo muito errado para ele
ter se afastado de tudo.

Seguimos um dos caminhos de pedra sinuosos que cercavam uma
clareira verde margeada por
castanheiras. À nossa frente, alguns
adolescentes espinhentos carregavam uma pilha de cobertores, cestas de piquenique e cadeiras dobráveis.
— E se ele na verdade tiver fugido com todo o dinheiro da lanchonete? — perguntou Matt.
— Que dinheiro?
Nós dois rimos.
Era bom me divertir com o Matt depois de todos os acontecimentos. Embora ele não soubesse o que meu pai tinha feito ao pai de Josh, tentei não me sentir culpado por omitir alguns detalhes
— com relação à máfia — da
história. Eu tinha prometido a Josh e
não queria ser alguém que quebrava
promessas. Além do mais, era melhor para Matt que não soubesse; não queria arriscar colocá-lo em perigo, ainda mais depois das ameaças de Brendon.

Matt pôs o dedo no queixo.
— Bem, seu tio postiço deve receber
dinheiro de algum lugar para pagar
aqueles ternos metidos a besta.
— Pode acreditar. Eu já vi as
contabilidades. Não é da lanchonete.
— Droga — lamentou Matt. —
Eu ainda tinha esperanças de ganhar
um aumento.
Seguimos uma multidão por um
caminho lateral em direção à praça
central do parque.
Ele passou a mão pelo tronco de um carvalho no caminho.
— Está tentando se conectar com a natureza? — provoquei.
Ele me deu um leve empurrão e
cambaleei, saindo da trilha para a
lama que a cercava.
— Ei!
— Estou só tentando fazer você relaxar.
— Você é meu melhor amigo mesmo.
— E você é o meu, Ty — agradeceu Matt, fazendo uma reverência ridícula.

Finalmente chegamos à praça:
grandes extensões de grama
separadas por trilhas de pedras ladeadas por enormes árvores. No
lado oposto haviam montado uma
tela gigante.
— Tem um trailer de tacos este
ano! — guinchou Matt, me arrastando pelo short jeans. —
Vamos sentar por aqui.
Uma multidão já relaxava em
cadeiras e cobertores em frente à
tela. Havia famílias com crianças,
que corriam despreocupadas, e
casais abraçadinhos carregando
desde almofadas e cestas de
piquenique a latas de cerveja e
garrafas de vinho.
— Uau, as pessoas devem realmente amar Crepúsculo — observei, enquanto Matt estendia seu cobertor em um local no meio do caminho entre a tela e o trailer de tacos. Ele ajeitou os quatro cantos, certificando-se de que estavam retos.
— Não acredito que você nunca viu esse filme.
Assim que nos acomodamos,
esvaziei a sacola e espalhei nosso
banquete improvisado pela coberta,
fazendo fileiras de balas e
chocolates.
Matt enfiou a mão em um saco
de jujubas e tacou quatro na boca
de uma só vez.
— Eu amo isso — disse ele com as bochechas infladas. — Embora
eu seja proibido de comer jujubas.
— Ele sorriu, revelando pequenos
gomos coloridos que agora estavam
presos nos dentes.
Ri da cara dele, feliz. Desde a noite com o Josh, fiquei me torturando com dúvidas e chafurdando em autopiedade. Isso estava me fazendo mais mal do que bem. Eu precisava parar com aquilo antes que ficasse louco pensando no que não poderia mudar.

Abri um sorriso e então o senti
enfraquecer ao ver a expressão que
apareceu de repente no rosto de Matt.
— Eu pensei que ele estava fora
da cidade — murmurou ele, com a
voz forçadamente baixa.
— O quê? — Segui o olhar dele
e apertei os olhos para ver em meio
à multidão crescente. — De quem você está falando?
— Nick O'maley. Ele está aqui.

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Heavydirtysoul // JOSHLEROnde histórias criam vida. Descubra agora