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E, então, quando o relógio
marcava 10h57, quase uma hora
depois de termos saído de Lakewood, paramos. Brendon saiu da estrada e estacionou ao lado de uma pequena loja de conveniência.

Pela primeira vez desde que tinha
começado a dirigir, ele olhou para
mim. Eu o encarei de volta, vendo
seus olhos inacreditavelmente da cor exata de um café preto, e esperei enquanto ele se remexia no banco. Brendon tirou algo do bolso de trás e meu estômago se contorceu de medo quando ele se inclinou na minha direção, largando o que quer que fosse no meu colo.
Por um momento não senti dor,
apenas surpresa. Era uma nota de
cinquenta dólares.

Foi então que ele começou a falar, rápido e calmo:
— Eu tirei você da casa de verão contra a sua vontade.
Quando chegamos na cidade, parei
em um sinal vermelho e você fugiu.
Correu até a loja de conveniência.
Eu não fui atrás de você porque
tinha muita gente lá dentro. Não
podia correr o risco de ser pego.
Você ligou para um táxi. Foi para
casa da sua mãe e vocês duas
fugiram de Columbus imediatamente.
Comecei a tremer, primeiro nas
mãos e depois no corpo todo. Ele
estava me libertando. Ele não ia me
matar.
— Mas o meu tio... — falei, com
lágrimas surgindo nos olhos.
A expressão de Luca permaneceu
inabalada, a voz sombria.
— Você não vai voltar para casa
antes do enterro do seu tio.
O tio Bill não vai nos manter em
Columbus só por sua causa. Não
vai gostar de você ter fugido, mas
vai superar isso assim que a dívida
de Chad Joseph for acertada.
— Mas se...
— Tyler — Brendon me interrompeu. — Você nunca mais verá seu tio.
— Por favor — sussurrei. — Por favor, você precisa ajudá-lo.
— Alguns erros eu posso
cometer — respondeu ele, apático.
— Outros, não.
— Está querendo dizer que
matariam você se tentasse ajudá-lo?
Mas é a sua família.
— Quis dizer que eu não tentaria
— respondeu ele, no mesmo tom.
Engoli minhas palavras. Brendon
não só não poderia ajudar Chad,
como não queria fazer isso. No
fundo, ele acreditava que Chad
deveria morrer, e não havia nada
que eu pudesse fazer a respeito.
Como um garoto que tinha sido
criado para acreditar que pessoas
más são inteiramente más poderia
compreender o conceito de que
dentro da maldade pode existir a bondade e, mais importante, o
potencial para o bem? Brendon e sua
família viam o mundo em preto e
branco.
Depois de uma olhada rápida por
cima do ombro, Brendon tirou o
canivete do bolso e cortou as
amarras no meu pulso. Eu as vi
caindo sem acreditar. Ele me
empurrou a arma e fechou meus
dedos no cabo.
— Você roubou meu canivete e
levou com você, caso precisasse se
proteger.
Olhei para baixo e vi a inscrição: Brendon, 12 de abril.

Ele estava realmente me dando
seu canivete, o canivete
personalizado. E, mais do que isso,
estava confiando que eu não o
usaria contra ele. Parecia frio e
artificial nas minhas mãos, mas o
guardei em um dos bolsos do short
junto à nota de cinquenta dólares.
— Obrigado — falei, porque não
consegui dizer mais nada. Não
sabia se ficava grato ou apavorado.
Estava exausto, confuso e trêmulo.
Mas ele estava me libertando e,
mesmo com tudo que acontecia à
nossa volta, isso significava alguma coisa. Ele estava enfrentando a
própria família. Estava me dando a
vida de volta.
— Você nunca mais vai nos ver, Tyler. — As palavras dele carregavam uma conclusão arrebatadora, mas sua expressão permanecia a mesma. Ele estava, como sempre, cuidadosamente controlado.

Antes que eu pudesse responder,
a porta do carona se abriu e quando
me virei vi Josh, parado ali, no
pequeno estacionamento nos fundos
da loja de conveniência, segurando
a porta para mim. Saí do carro.
Olhamos um para o outro e identifiquei cada milímetro de dor
acumulado nos seus olhos escuros.
Ele me observou — o machucado no rosto e meu corpo encolhido, as mãos apertando as costelas. Ele fechou os olhos, soltou um suspiro profundo e, eu juro, o meu coração e o dele se partiram um pouco naquele
momento.
— Sinto muito — falou ele, voltando a abrir os olhos e vindo em minha direção. Ele segurou meu rosto com cuidado.
— Eu sou tão idiota, me desculpa Tyler, falou antes de começar a chorar.
Eu não podia dizer que estava
tudo bem. Estava muito longe de
estar tudo bem. Mas ofereci em
troca algo pequeno: um sorriso
lento, com olhos marejados, para o garoto que havia me beijado como
nunca antes. Havia bondade dentro
dele, mesmo que estivesse
enterrada lá no fundo dos códigos
sob os quais conduzia sua vida.
— Me beija uma última vez, consegui dizer antes de minha voz ser afetada pelo choro.
Ele me olhou profundamente e calmamente nos olhos depois fechou seu olhos e selou nossos lábios em um estalo rápido e sem emoção nenhuma porque havia tanta dor entre nós que nem um ato de amor foi capaz de parar o constante desespero.
Ele me abraçou tão apertado que eu gritei quando encomodou minhas costelas.
Ele estava chorando por mim é eu estava chorando por nós e por toda essa situação.
Brendon saiu do carro e chamou por ele.
— Josh vamos, estamos sem tempo.
Josh gemeu e o chorou se intensificou.
—Joshua gângsters não choram, vamos agora — Brendon vociferou.
Ele me soltou e não levantou a cabeça para se despedir e eu também não consegui dizer nada.

Fiquei parado enquanto Josh
passava por mim, tomando meu
lugar no carro ao lado de Brendon. Ele estendeu a mão e eu a segurei. Josh pegou a minha delicadamente, como se fosse de porcelana, passou o polegar nas marcas vermelhas no
meu pulso, levantou-a e a beijou.
— Acho que eu te amo — murmurou ele olhando para mim.

E, assim, os badboys da escola que eram na verdade mafiosos foram embora, me deixando curvado no chão, chorando tanto que mal respirava.

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eu também tô chorando muito tá!
Vocês conseguem me perdoar por Isso?
Me desculpem mesmo eu chorei mesmo escrevendo esse capítulo por isso ele ficou pequeno e tá muito perto do final aaaaaa :(
JohnnyLaneBoy 💚

Heavydirtysoul // JOSHLEROnde histórias criam vida. Descubra agora