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O cabelo caía em mechas
despenteadas no seu rosto, e ela usava um cardigã velho por cima
do pijama. Ainda tinha pantufas nos
pés.

De repente, parecia que todos os
meus pesadelos haviam se unido em
um só e explodido, formando um
único espetáculo horrível. E isso?
Isso era o meu fundo do poço.
Se eu achava que estava com
raiva, aquela cena mudava tudo.
Senti um calor me atravessar e mal
consegui segurar o grito. O que
Chad estava pensando? Como ele
pôde fazer isso com a minha mãe?
A mulher do irmão dele? Eu me
senti enjoado e, de repente, não
sabia mais de que lado eu estava.

Brendon estava certo; eu devia ter ido para casa. Devia ter fugido de
Columbus com ela. Eu devia tê-la
mantido em segurança. Ela era a
única pessoa na família com quem
eu podia contar e fui bobo por
pensar diferente.

Quando viu as armas apontadas
para ela, minha mãe sufocou um
grito. As mãos cobriram a boca e
ela cambaleou para trás.
Os Dun hesitaram, se entreolhando, mas não abaixaram a mira. Não entendia como podiam ver qualquer coisa perto de ameaçadora nela. Ela mal tinha 1,60m, cinquenta quilos e tremia como uma vara.

Mordi as costas da mão e tentei
me concentrar, mas estava gritando
por dentro. Cheguei mais perto — o
mais perto que pude sem ficar com
a proteção dos poucos caixotes que
ainda sobravam. Ainda não era o
suficiente. Eu queria
desesperadamente pular das
sombras e tirá-la dali, mas sabia
que levaria um tiro antes de chegar
lá.

Minha mãe girou o corpo mais
uma vez para frente, apertando os
braços ao seu redor.
— Vim buscar meu filho. — O
medo havia deixado a voz dela irreconhecível. — Vim buscar meu Tyler.
Brendon abaixou a arma.
— O que o Joseph acha que está fazendo?
Os outros não se mexeram.
— Não abaixe a arma — avisou Bill. — Isso claramente é uma armadilha.
— É a mãe dele — insistiu Josh,
virando-se para cuspir no chão. —
Ele está usando a maldita cunhada.
— Tem mais gente do lado de
fora — retrucou Bill. Ele
semicerrou os olhos e começou a
analisar minha mãe como se
quisesse ter certeza de que não era uma ilusão. — Não sei o que ele
acha que vai conseguir com isso,
mas se Chad Joseph pensa que
não vamos atirar em você, está
completamente enganado.
— Ca-cadê meu filho? —
Minha mãe não estava conseguindo
se concentrar. A atenção dela tinha
se dispersado ao ver as armas e
agora ela enxugava a testa, os olhos
vasculhando todo o galpão. À
minha procura. — Cadê ele? —
perguntou, o pânico tomando o
lugar do medo na voz ofegante. —
Ele disse que ela estava aqui. O
que fizeram com ela?
— Onde está Chad Joseph neste exato momento? — Bill caminhou na direção dela, mirando na cabeça. — Diga o que ele está
planejando ou mato você agora
mesmo.
— Pare! — gritou Josh. Ele esticou o braço na frente do pai e Bill parou de repente.
— Joshua — sibilou ele em resposta. — Precisa aprender a escolher suas batalhas.
— Ela não tem nada a ver com isso — esbravejou ele.
— É claro que tem, está bem aqui!
— Combinamos de não ferir
mais inocentes. Você é tão horrível.
— Bobagem — disse Bill, indignado. — É claro que devemos matá-la.
Brendon entrou no meio de Josh e
Bill.
— Realmente deseja destruir
ainda mais esta família, tio Bill? —
perguntou ele, a voz
cuidadosamente controlada. — Não
é assim que vamos resolver a
situação, e todos nós sabemos bem
disso. A expressão de Brendon ficou
levemente hostil, mas a voz
permaneceu inalterada.

— Ty-Tyler? — Minha mãe se
inclinou para frente, torcendo o
pescoço para tentar enxergar atrás
dos caixotes. Mas eu não estava ali
e, quanto mais ela se esforçava,
mais difícil era vê-la frustrada.
Lágrimas silenciosas corriam por seu rosto, reluzindo na luz baixa. —
Tyler?
— Onde está Chad Joseph?
— repetiu Bill. Ele estava tão
obcecado em estudá-la que não
ouviu um ruído baixo vindo dos
fundos do galpão. Nenhum deles
ouviu.
Dei um salto de susto e a dor nas
costelas se multiplicou, como se
uma mão invisível tivesse
resolvido repuxar meus órgãos. Eu
me agachei e segui o barulho.
Quatro pessoas estavam entrando
pela porta dos fundos, se
movimentando por entre os
caixotes, abaixados rente ao chão.

A visão de uma cabeça ruiva me
alertou para a posição de Brad heaton. É claro que o melhor amigo
de Chad estava envolvido nisso,
assim como todo mundo. Ao seu
lado, reconheci os passos do meu
tio, que se arrastava em direção aos
Dun.
Comecei a entrar em pânico,
indecisa entre gritar e chamar a
atenção de Josh e Brendon para avisá-los da presença de Jack, ou ficar quieto para que Chad salvasse minha mãe da mira cada vez mais instável de Bill. Talvez ele merecesse
isso, talvez não. Chequei o canivete
de Brendon em meu bolso e a parte mais raivosa de mim imaginou a
lâmina se enfiando no corpo Chad.
De que adiantava aparecer no meu
resgate se estava disposto a usar
minha própria mãe, mesmo sabendo
que ela poderia se machucar?

— Chega! — Era Jesse; Jesse, o
instável. Ele se atirou para frente,
passando batido por Bill e Josh
com a arma levantada.
Minha mãe gritou, cambaleando
para trás e quase tropeçando.
— Jesse! — O grito de Josh
abafou o meu e parecia que
ninguém notava nossas vozes
embaralhadas.
Brendon saltou na mesma hora e, em um segundo, estava parado na frente
da minha mãe com as palmas
estendidas para o primo.
— Jesse, não — falou também,
porém mais calmo.
— Ela é uma distração — disse
Jesse, balançando a arma loucamente no ar. — E é a mulher de Chris Joseph! Pelo menos assim
vamos acertar a dívida que você e Aaron estragaram.
— Cuidado com o que diz, Jesse
— disse Brendon sem pestanejar.

As sombras no fundo se aproximavam. Avistei a ponta do
corte de cabelo militar de Chad a alguns caixotes de distância. Decidi
ir até ele. Se soubesse que eu
estava bem, talvez ele pudesse sair
de fininho, e Brendon os convenceria a deixar minha mãe ir embora.
Eu me arrastei pelo chão de
concreto, olhando por cima do
ombro ao me aproximar o mais
rapidamente possível. Minha mãe
havia enterrado o rosto nas mãos e
seu choro ecoava pelo galpão. Vi
Brendon se virar e cochichar algo para ela. Ela se endireitou e começou a enxugar o rosto com as mãos
trêmulas. Disse algo a ele, que
assentiu, e então minha mãe abriu
um sorriso choroso, com o rosto contorcido pelo alívio. Ela sabia
que eu estava vivo.

Quando me virei, Chad não estava
mais no meu campo de visão, e as
sombras rastejantes não eram mais
sombras: eram homens. Estavam de
pé, com braços esticados e armas
em punho. Gritei o mais alto que
pude, mas era tarde demais.
Nos filmes é sempre tão
dramático quando alguém leva um
tiro. O tempo congela, a música
aumenta e envolve o momento.
Quando a bala atinge o corpo, ele
cede, cada membro reagindo em
perfeita sincronia, cambaleando,
quase flutuando no ar e, embora a intenção fosse ser aterrorizante,
sempre há algo perfeitamente
artístico na cena.
Não foi assim com Brendon. Ele
simplesmente caiu. Uma hora
estava de pé, na frente da minha
mãe, e na outra estava caído no
chão em uma poça do próprio
sangue.

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Aaaaa tadinho do Brendon :(
Será que ele sobrevive?
Só vão descobrir amanhã.
JohnnyLaneBoy 💚

Heavydirtysoul // JOSHLEROnde histórias criam vida. Descubra agora