Capítulo 5 - Gêmeos

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Charlie e Miguel eram as crianças mais extrovertidas e custosas que já havia conhecido. Embora quase não entendesse de crianças, morávamos na fazenda afastado da população da cidade, fomos expulsos do céu mas ainda tínhamos poderes de anjos, que foi deixado conosco como um presente, uma dádiva de Gabriel. Queríamos evitar que as pessoas julgasse-nos, queríamos evitar uma convivência. Não conhecíamos o que as crianças poderiam se tornar. Quais seriam as dádivas que Gabriel iria presentea-los. E se iria. Eu e Valentina decidimos que não iriamos contar as crianças o que elas realmente eram. Porque as outras pessoas não iriam entender, eles eram crianças e também não iriam entender.
Os anos estavam se passando tão rápido a produção da fazenda estava cada vez maior. E os meninos estava crescendo rápido, mais rápido do que eu gostaria que eles tivessem crescendo.
- Leonard, é melhor ir fazer a matrícula dos meninos hoje. Anna me disse que amanhã a creche lota de mães para matricular as crianças. _ Valentina estava sentada na cadeira com o Miguel no colo dando comida para ele.
- Tem mesmo necessidade de colocar eles na creche? Eles tem apenas três anos. _ Me sentei na cadeira ao lado dela.
- Sim, por favor. Eles precisam ter uma educação como as outras crianças.
- Eles não são como as outras crianças, precisam que nos dois os eduquemos. Que ensinemos sobre o que é anjos e demônios. Como é o céu e o que é o inferno e o porque de estarmos entre eles.
- Eles não moram no céu ou no inferno Leonard. Eu quero que ele saiba lidar com pessoas da terra.
Eu não queria que as crianças fossem como as pessoas da terra, as pessoas na terra gostavam de mentir e enganar as outras pessoas. Não que anjos não fizessem isso. Existiam anjos não tão bons.
- Eu vou hoje fazer a matrícula não se preocupe.
Eu passo o dia trabalhando na fazenda, cuidando da plantação, do gado. Temos 3 peões para me ajudar e ainda sim precisamos de mais porque o trabalho aqui tem aumentado bastante.
No outro dia fui na cidade fazer a matrícula das crianças na creche. As outras mães me olhavam estranho. Estava na fila da secretaria da creche esperando. E elas realmente me olhavam estranho. Acho que com desejo. Valentina me olhava assim, ela sempre teve esse jeito de olhar para mim. Desde que nos conhecemos. Então chegou minha vez. Uma moça bonita e jovem com o nome de "Isabella" me atendeu e fez a matrícula dos meninos. Eles iam fazer o Jardim de Infância. Então eu fui para casa cuidar das minhas coisas logo depois.
No outro dia, coloquei o Miguel e o Charlie na cadeirinha do carro.
- Papai, papai. _ As crianças já falavam, até bastante pra terem apenas três anos.
- Oi Charlie.
- Onde vamos?
- Para creche, está na hora de aprenderem alguma coisa.
- O que é creche? _ Miguel perguntou.
- É onde tem uma pessoa para te ensinar coisas, como ler, escrever, desenhar.
Liguei o carro e fui levar eles para creche. Eles entraram, e nem se quer olharam para trás. E eu achando que eles iam chorar e dar birra para não ficarem aqui sozinhos.
Então fui para casa. Algumas horas depois voltei para busca-los. Eles me esperavam na porta. Os dois pareciam bem, felizes e sorridente. E conversando com uma senhora bem simpática.
- Vamos embora crianças. _ Eles vieram correndo e me abraçaram, cumprimentei a senhora com um aceno de cabeça.
Entramos no carro e fomos embora.
Os anos foram se passando rapidamente. Logo os meninos saíram do Jardim de Infância para a escola, ensino fundamental e logo estavam entrando no ensino médio. Eles eram adolescentes inteligentes.
Charlie gostava de motos, nadar, correr. Ele gostava particularmente gostava de aventura de todos os tipos, era aventureiro.
Miguel gostava de carros esportivos, livros e sempre se dedicava aos estudos. Miguel era o mais inteligente dos dois e Charlie era o mais custoso. Sempre nos preocupávamos com Charlie, mas nunca com o Miguel.
Os anos se passaram tão rápidos, talvez por nos sermos anjos e o tempo no céu ser mais longo. Mas quando nos demos conta as crianças estavam com 17 anos. Hoje era o aniversario deles.

- Pai, estamos indo. _ Charlie passou por nós pela cozinha.
- Não vai comer nada Charlie? _ Falei alto para que ele escutasse.
- Não, não estou com fome.
Miguel se levantou da mesa, pegou a mochila no chão e saiu logo atrás do Charlie.
- O que vamos dar para os meninos esse ano? _ Valentina que beliscava um pedaço de pão falou.
- Não sei, eles já tem tudo.
- Charlie queria uma festa.
- Não acho boa ideia.
- Porque ele não pode ser como o Miguel, evitar pessoas na nossa casa?
- Porque são adolescentes e não sabem quem são. Deveria entender.
Me levantei da mesa pegando o prato e o copo que havia usado colocando sobre a pia.
Valentina se levantou da mesa e foi para fora.
E eu fui começar minha vida monótona na fazenda.



Entre o Céu e o InfernoOnde histórias criam vida. Descubra agora