Capitulo 28 - Mande lembranças ao Gabriel

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Acompanhei Charlie subir as escadas sem piscar, estava sentado na mesa de centro com as mãos ensanguentadas por ter tirado as balas do corpo dele.

— Miguel eu sinto muito, a culpa não foi sua. _Cath apoiou as mãos em minhas pernas.

— Se eu não tivesse ajudado ela nada disso teria acontecido. _Sorri fraco.

— Seu irmão disse aquilo apenas porque está com raiva agora, depois ele vai ver o quão injusto está sendo. _Eu a olhei.

— Eu não sei se ele está sendo injusto. _Levantei caminhei até as escadas.

— Vem comigo Cath. _Murmurei do alto da escada, ela me acompanhou até o meu quarto.

Fui direto para o banheiro e fechei a porta, tirei minhas roupas e liguei o chuveiro, deixei a água cair sobre meu corpo, fechei os olhos lembrando de Emília, ela havia matado outra pessoa aquela garotinha meiga matou o melhor amigo do meu irmão e meu irmão a matou.

— Droga. _Sussurrei. Comecei a esfregar minhas mãos para tirar o sangue. Sai do banho, Catherine estava dormindo virada de costas para mim, vesti um moletom e me deitei ao seu lado.

Ela parecia dormir profundamente, passei o braço por cima do seu corpo e logo adormeci.

— Doutor Miguel, por favor acorda. _Abri um olho e escutei batidas leves na porta, Catherine ainda estava dormindo, levantei e abri a porta.

— Melissa, algum problema? _Sai do quarto e encostei a porta.

— Tem dois policiais aí senhor. _Ela estava bastante assustado, passei a mão na cabeça.

— Fique aqui, vou resolver isso. _Sorri para ela tentando a acalma-la desci as escadas e eles estavam sentados na sala.

— Bom dia senhores, sou Miguel Seth Clair algum problema? _Apertei a mão de cada um e me sentei no sofá de frente a eles.

— Senhor Miguel, você conhecia Emília Creek, algumas fontes nos informaram que ela morava aqui. _Eles me entregaram uma foto dela.

— Sim eu a conheci, o pai dela era um covarde e então um dia eu a salvei de um estupro e a trouxe para morar aqui até ela encontrar outro lugar, nos tornamos amigos. Porque? _Os encarei tentando parecer que não sabia de nada.

— Você não sabe o que aconteceu com ela? _Entreguei a foto para um deles.

— Ela saiu daqui alguns dias atrás, disse que ia seguir seu caminho. _Suspirei.

— Ela matou um garoto e depois de uma forma estranha ela morreu. _Arqueei a sobrancelha.

— Emília está morta? _Me levantei.

— Sim, sinto muito. E tem mais. _Nessa hora eles me encararam.

— O que? _Abaixei o rosto.

— Alguém matou ela depois do que ela fez, você sabe se ela tinha algum inimigo? _Nesse momento fiquei tenso, não iria falar a verdade isso significaria culpar meu irmão.

— Não eu não sei, ela sempre foi doce com todos, pelo ou menos o tempo que convivemos. _ Coloquei as mãos nos bolsos.

— Se quiserem olhar as coisas dela, estão no quarto lá em cima primeira porta à esquerda. _Apontei para a escada, eles balançaram a cabeça positivamente e subiram até o quarto.

Reviraram tudo procurando algo, pegaram então o notebook e algumas anotações dela e logo saíram, fiquei os esperando encostado na porta.

— Podemos levar isso? Como estão retidos dentro de sua casa não podemos tirar sem sua permissão. _Dei de ombros e balancei a cabeça positivamente.

— Certo senhor Miguel. _Eles guardaram as coisas dentro de uma mochila e desceram as escadas, fui logo atrás.

— Obrigado pela contribuição, isso vai ajudar a resolver o caso. _Apertei a mão de cada um e abri a porta.

— Não foi nada senhores, se precisarem de mais algum esclarecimento, estarei por aqui. _Eles acenaram e logo entraram no carro, fechei a porta e respirei fundo.

Logo que virei dei de cara com Melissa.

— Melissa oi, já foi tudo esclarecido não precisa se preocupar. _Ela estava roendo as unhas.

— E seu irmão o que era aquilo? _Ela perguntou firme.

— Não precisa se preocupar com aquilo, está tudo bem, foi apenas um acidente. _A olhei sério e ela balançou a cabeça e se retirou, caminhei de volta para o meu quarto, entrei e fechei a porta. Peguei um papel e escrevi um bilhete para Catherine que ainda dormia.

—Vou dar uma volta, não precisa se preocupar. _Inclinei meu corpo beijei sua bochecha, vesti uma calça jeans e uma camisa preta, peguei a chave do carro e a carteira, sai do quarto, passei pela casa estava muito silenciosa, entre na garagem e depois em meu carro, sai de casa. Dirigi por quase uma hora, então parei o carro de frente a um bar na beira da estrada principal que interligava outras cidades a Tyrce. Me sentei em um banco de frente para o balcão, pedi uma garrafa de whisky, comecei a beber, era bem cedo então havia apenas pessoas bêbadas naquele lugar. Depois de alguns minutos bebendo já me sentia alterado, mas continuei bebendo até o liquido da garrafa acabar.

— Olha só um Seth Clair por aqui. _Uma mulher aparentemente com 30 anos se sentou ao meu lado e pediu alguma coisa para o barmen.

— Quem é você? _Sussurrei, levantei peguei a carteira e paguei minha conta, não estava conseguindo manter meu corpo firme.

— Lilith meu bem. _Ela me olhou e sorriu de lado, porra eu estava literalmente perdido, me virei e fui caminhando até o lado de fora, encostei as mãos no meu carro.

— Isso aqui é pela dor de cabeça que está me dando, você e aquele seu irmão. __Ela virou meu corpo de frente para ela, abaixei o rosto e reconheci a faca dourada em sua mão, estava bêbado demais para tentar me defender, ela apenas cravou a faca em meu peito, um pouco abaixo do coração, a dor era insuportável, eu apenas consegui gritar e deixar meu corpo cair.

— Isso não vai te matar de imediato Miguel Seth Clair, mas se eventualmente você morrer mande lembranças para Gabriel. _Ela empurrou a faca mais fundo com o pé, apertei meus olhos aquilo estava queimando, a dor era insuportável. Quando abri os olhos com a visão um pouco turva ela havia sumido.

— Puta merda Miguel, que vida fodida. _Sussurrei, firmei a mão em volta da faca e me levantei com dificuldade, abri a porta do carro e entrei, minha blusa já estava encharcada de sangue e a dor só aumentava, estava já respirando com dificuldade, dei partida no carro e dirigi de volta para casa, cada minuto a dor aumentava, mas tirar aquela faca poderia me matar. Depois de alguns minutos minha respiração já estava falha, meu corpo já não estava obedecendo.

— Olhos abertos Miguel, mais 10 minutos. _Sussurrei sem voz e apertei a mão em volta da faca, já estava na estrada que dava para casa. Deixei o carro na entrada da fazenda, abri a porta e cai para fora do carro, meu corpo não tinha a menor força, caminhei alguns passos e me ajoelhei, comecei a vomitar sangue na grama da entrada de casa, aquilo não era nada bom, me arrastei até a porta e entrei na sala de casa, fiquei deitado no chão já não conseguia mais levantar.

— Charlie... _Sussurrei, com a mão contra o meu peito.

— Charlie. _O chamei com toda a força que me restava, escutei alguns passos e tudo se escureceu.


Entre o Céu e o InfernoOnde histórias criam vida. Descubra agora