Capítulo 3 - Encontros

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  O corpo sem vida cai no chão e o sangue rapidamente espalha formando uma poça. O buraco na testa é onde levou sua morte, e havia sido difícil pegar aquela homem de aparência 50 anos. Lucas nunca imaginou que ele fosse bom no esporte para correr tanto numa casa de 20 metros ao quadrado.

  Colocou o telefone no ouvido e não demorou para a figura de uma mulher bem saudável aparecer na sua frente.

—  Exterminado corruptor n° 20. — A identificação para o caso é separado por números para que seja fácil nas organizações dos formulários.

—  Bom trabalho, Lucas.

  A imagem some, finalizando a chamada como sempre foi em outros momentos. Ele já pensou em pegar ela, mas não fazia muito seu tipo e ela nem demonstrava interesse nele.

  Não era necessário pegar o morto e joga-lo em algum lugar, a própria bala existia contendo microrganismos para "comer" o corpo, deixando apenas a mancha de sangue que seria sugado pelo chão, um tipo de dispositivo que faz a própria limpeza, que seja o conteúdo líquido. É programado em todas as residências, dando facilidade aos moradores por falta de tempo nas suas vidas agitadas.

  Logo ele estaria em seu carro terminando seu trabalho exaustivo. Em meios a seu devaneios, acabou recordando o que Samanta lhe dissera:

"Você deveria abrir mais os seus olhos, Lucas. Há pessoas que se preocupa, que ama, e você pouco se importa."

  Quem raios precisa de amor? É algo tão sem graça, como se fosse algo necessário para viver. Sério, pra que isso? Lucas não precisava de tal sentimento. É necessário ser frio tanto pela suas missões, quanto sua convivência.

  Deu um sobressalto no banco quando ouviu a voz do comando perguntando "Qual o destino?".

  — Ponto 16, apartamento Lucas.

  O barulho de bipe fora o aviso de que o comando é acatado . O rapaz descansou o tronco no banco confortável enquanto refletia novamente suas ideais diferente dessa época.

  Reparava que o ser humano é sempre insatisfeito. Mesmo com tantas tecnologias que alcançarão, não estava satisfeito com apenas aquilo, queria mais, desejava por mais.

  Já o Lucas, desejava apenas o corpo de Gustavo abaixo dele, nem se importaria ser o passivo apenas uma vez por ele, se tivesse outra oportunidade.

  Sentiu o efeito do remédio sair do seu corpo como se fosse chuva — Pensou em como fazia tempo que não tomava um banho das gotas caírem do céu até tocar sua pele —, não demorou um minuto para que os músculos tensos relaxassem.

Já em frente ao apartamento, um carro chamou sua atenção.

—  Comando, identificação.

  Lucas clicou no vidro e esperou vir os dados do proprietário do veículo, surgindo o nome conhecido.

  — Gustavo?

  Geralmente ele não aparecia quando Lucas estava fora ou trabalhando, muito menos entrava no seu apartamento quando havia uma parceira dentro...

  Correu pegando o elevador, que ficava na parte de fora da construção. Discou, rapidamente, a senha ao lado da porta e entrou encontrando os dois na sala. Reparou nos olhares de ódio que foram direcionados a si mesmo fazendo-o franzir a testa.

  — Que isso, gente? Mal cheguei na festa e querem me expulsar?

  Ver os dois amigos juntos lhe causavam uma estranheza desconhecido por ele, como se estivesse pressentindo no que iria acontecer a seguir. O arrepio em sua espinha e o suor na tez entregava o nervosismo que mesclava na sua voz.

  Sua mente levou a tempos atrás, quando conheceu o Gustavo, quando estava tendo uma tipo de "amizade colorida" com a Samanta. Percebeu de primeira que ele era bastante tímido, diferente da comunicativa Samanta, dando uma certa curiosidade no que se passa naquela cabecinha do rapaz.

  O silêncio entre eles estava lhe deixando nervoso, as entreolhadas lhe causavam certo ciúmes que nem pensou sentir a um bom tempo.

  — Vão dizer alguma coisa ou não?

  Gustavo levantou e andou até ele, segurando o rosto firme de Lucas e seus olhos verdes claros capturam os olhos castanhos escuros do amigo.

— Não me avisou que Sam viria para cá. — A voz calma dele denunciava que havia mais coisas. Mesmo que sempre falava de um jeito tímido, algumas mudanças Lucas conseguia perceber. — E que não esteja tomando as pílulas que lhe passei.

  Lucas fez uma careta e logo afastou do outro, indo se sentar na poltrona oposta e pegando seu tablet buscando se distrair daquilo como se fugisse.

  — Sei que a reunião estava ótima mas... Não se preocupa comigo.

  Ergueu os olhos na Samanta — A que manteve em silêncio desde a chegada dele — e sorriu de lado.

—  Estou querendo uma segunda rodada. Topa?

Percebeu que Gustavo pegou sua mochila e foi em direção a porta, abrindo-a e virando-se para encarar diretamente a Samanta.

  — Eu... pensarei no que disse, Sam. Agradeço.

Boquiaberto, apenas observou o amigo sair pela porta sem despedir de Lucas. Que sujeito mais esquisito? Depois Gustavo colocava a culpa sempre nele.

  — O que conversaram para que o Gustavo saísse assim?— Voltou-se para a Samanta, analisando-a como se procurasse a resposta nas suas feições.

  — Um pequeno problema. Não se preocupe. — Sorriu de um jeito falso. Levantou-se e caminhou para a saída. — Tenho trabalho a fazer. Até mais, Lucas.

  Mas que raios está acontecendo aqui? Perdeu duas companhias ótimas sem nem ter dito uma palavra profana dessa vez.

(...)

  Que maravilha, encontrou com sua amiga que perdera o contato e acabou revelando a ela que ama Lucas. Realmente era vergonhoso para o rapaz dizer isso a quem também passava por isso.

  "Eu amo aquele idiota, queria muito bater nele por me causar isso e não saber reagir."

  Seu breves momentos indo a sua casa foi deprimente, sua mente sempre focava naquilo como se estivesse andando em círculos, completamente sem saída.

  Passou pelo grupo protestante — É aqueles contra essa avanço grandioso da tecnologia. Nem sempre é possível agradar a todos, infelizmente. — e recordou de uma fala que Lucas ditou uma vez:

"— O que nos causou essa coisas? Porque não podemos voltar como era antes? Foi tão ruim que precisou ser apagado?"

  Sempre percebeu que o amigo adorava indagar tudo e a todos, sempre tendo o conceito próprio criado e insatisfeito com apenas esse conhecimento.

  Novamente encontrou com Margarete, um pequeno projétil robótica que desempenhava na organização da casa. Jogou no sofá sem fome algum, iria comer mais tarde. Passou a mão acima de seu rosto fazendo surgir uma tela onde verificava o estado corporal, reparando que as barras de desanimo estava alto e acabou dando um profundo suspiro.

  — Eu devo estar com falta de sexo. — Murmurou.

  Estranhou aquelas palavras terem saído de sua boca com tanta facilidade. Acabou ignorando pois acreditou que seja coisa da sua mente cansado pelo trabalho.

Continua...

Ponto 22Onde histórias criam vida. Descubra agora