Capítulo 5 - Desaparecimento

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Lucas estava a pilha de nervos. Sério mesmo? Tinha que sumir todo mundo? E ainda, estava tendo problemas com as benditas pílulas pois seu organismo estava tendo reações inversas do que era para ser, e nem sabia descrever quais sintomas sentia.

Ele desejava esganar o amigo, qual seria o motivo para ele ter desaparecido? Nem  sequer deixou pista de onde se encontra, nem uma mensagem, fumaça, audiovisual gravado, absolutamente nada.

Jogou a porcaria do tablet, que antes de atingir a parede, o dispositivo acionou para que o objeto fosse absorvido, impedindo o impacto.

— Desgraçado. Resolveu esconder?

Abriu a lata de cerveja bebendo em grandes goles. A bagunça de semanas começou acumular em cada cantos e a preguiça era mais forte para ir configurar a arrumação do apartamento, e muito menos ele próprio iria limpar.

— Atende, porra!

Ele sentia preocupação pelo sumiço súbito dele. Tentara de todas as formas buscar alguma novidade do Gustavo e se irritava profundamente por não conseguir absolutamente nada

E seu membro estava muito duro e isso era também uns dos motivos para querer esganar seu amigo.

Não podia sair assim para chamar alguma mulher para uma transa, ele teria que seduzi-la para depois ir para a cama. Só que agora a urgência estava absurda, nem a masturbação resolvia a ereção permanente.

Dessa vez não estava sendo egoísta.

Ia desistir de ligar pela milésima vez quando o som preguiçoso tomou seus ouvidos.

— Boa noite, Gustavo. Sabe, eu tenho vontade imensa de cortar o seu pau e dar aos cães comer com muito gosto.

Houve uma interferência antes da imagem do amigo tomar sua visão. Ajeitou-se no sofá o mais confortável possível, enquanto a raiva estava lhe consumindo cada poros.

— Já anoiteceu? — Gustavo pareceu confuso no fuso horário. 

O Black Power bagunçado fez parecer que havia dormido o dia todo. Lucas estranhou o fato de aquele dia ser a folga dele, um dia da semana. Geralmente seria a cada seis dias, três é a folga.

— Não, flor de laranjeira, o sol resolveu brincar de esconde-esconde. — Ironizou acompanhado com o revirar dos olhos.

Franziu o cenho ao ouvir a gargalhada atrás da tela. Sério, o que raios está acontecendo? Ele anda bebendo?

— O que foi, Lucas? Aconteceu algo?

Iria dar outra patada se não fosse de Gustavo levantar para abrir a cortina para clarear o quarto e conferir o tempo. Ele teve uma breve visão da bunda — durinha e morena que lhe causava a louca vontade de apertar—, fazendo com que ele prendesse a respiração pela visão privilegiada.

"Oh nossa..."

— Quero explicação, depois você continua a fazer exposição do seu belo corpo para mim.

Gustavo piscou sem entender, Lucas apenas rolou os olhos achando melhor deixar isso de lado.

— Então? 

— Eu... estive dormindo. — Respondeu, devagar, o Gustavo.

— Duas semanas?

Ele pareceu escolher as palavras, como se o que dissesse poderia entregar o que estava escondendo. Lucas ficou possesso.

— Ando muito cansado...

— Ah, sério mesmo? — Reparou uma mancha vermelha sobre o peito, reprimiu os olhos no rosto de Gustavo. — Talvez seja porque está tendo uma transa boa? Nem lembra mais o seu amigo, muito menos chama para participar.

Novamente Gustavo pareceu confuso, como se a sua volta não tivesse fazendo sentido ou por que tenha dormido demais para poder pensar rápido.

— Não sei do que está falando.

— Olha pra si mesmo e analise.

Gustavo fez e murmurou um "Porque estou nu?". Lucas novamente riu de um jeito cínico, não acreditando na lerdeza do amigo.

— Diga-me, Gustavo, que merda está aprontando?

— Eu não sei!— Praticamente gritou em pleno pulmões.

Lucas fica estático, ainda mais que a chamada foi cortada . Ele não sabia se esbravejava ou se devia se preocupar

(...)

Jussara chefiava o grupo de cientista para a ingestão do produto no protótipo. A ansiedade era muita, e sentia-se triste por Gustavo não estar ali para prestigiar juntos dos outros umas das conquistas.

Todos comemoraram com abraços e incentivos, logo debatia onde passaria, já que teria uma breve férias após tanto esforço. O presidente apareceu para parabenizar cada um que ralou para conseguir. De fato, todos ali presente estavam cansados, mas felizes pelo resultado, mesmo que dependeria da reação do robô.

Umas das garotas, Pâmela, aproximou de Jussara para lhe perguntar de Gustavo, a chefe apenas respondeu que ele não deve estar se sentindo muito bem e que alguns minutos reportaria a ele.

Assim que o grupo saíram da fabrica para ir o terminal pegar os ônibus, ou seu veiculo, Jussara pegou o telefone e fez a discagem. No entanto, estranhou pela demora dele e que a discagem dizia estar inativo. A preocupação se tornou forte por pensar que o colega — E amigo — não se encontrava presente.

Geralmente os chefes conseguem puxar a localização do trabalhador por ser liberado, desde que seja em caso de urgência. Ligou a tela na sua frente e discou o nome do rapaz e esperou alguns segundos para aparecer o ponto vermelho no mapa. Franziu o cenho por encontra-lo no Ponto 7, que seria no estado de Mato Grosso do Sul. É onde ele viera, suspeitou que ele fora visitar seus familiares, porém, não deixar notificação lhe deixou um ar de estranheza.

(...)

Samanta estava começando a se arrepender por estar em frente da porta de Lucas. Andava de um lado para o outro, fardada com seu uniforme, demonstrando o nervosismo pela condição que lhe atormentava a dias.

O proprietário da residência aparece atrás da porta e Samanta pode visualizar o vestimenta amarrotado dele, assim como o mau-humor parecer sair pelos poros.

— Não haverá sexo, querida. Estou em...

— Quando foi a ultima vez que viu o Guto? — Cortou pois não estava com disposição discutir bobageira.

Lucas pareceu hesitar antes de abrir mais a porta e indicando para que entrasse. Logo, quando os dois se ajeitaram em seus lugares, houve um breve silêncio, Samanta cortou com outra pergunta:

— Você percebeu algum comportamento estranho nele?

— Liguei para ele ontem. Pareceu que ele tinha dormido o dia todo e, ao despertar com minha chamada, demonstrou confusão.

Os dois ficaram padecendo nas suas próprias conclusões.

— Você acha que ele...? — Perguntou Lucas.

— Ele está desaparecido a uma semana. E ele não aparenta estar bem.

Lucas engoliu seco.

Continua...

Ponto 22Onde histórias criam vida. Descubra agora