Capítulo 9 - Humanoide

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Penúltimo capítulo


Lucas caiu no chão gemendo de dor pelo ferimento no seu braço esquerdo. O robô andou até ele pegando em seu pescoço e erguendo-o do chão deixando estendido. O barulho das engenhocas era nauseante e se intensificam quando estava próximo.

— Lata imunda, desgraçada.

Disse um monte insultos que recordava. O aperto cortara o oxigênio a entrar em seu organismo acabando fazendo que as frases saíssem engasgadas. Mexia suas pernas batendo no robô e pensando em como o barulho parecia de uma lata. Mesmo que parecesse quase um homem, se não fosse os cabos no lugar do pescoço, e a pupila que dilatava e fechava, sucessivamente. O corpo é coberto de metal brilhante e revertido em inox.

Seus olhos cerrados encaravam a copia de Gustavo com nojo. Percebia como gargalhava de um jeito insano, como se estivesse degustando a dor alheia. Gustavo não era assim, Lucas sabia muito bem como ele estaria se sentindo por ver um espelho seu machucar o amigo.

— Apenas sabe rir? — Não deixou de usar seu sacarmos em situação como essa.

— Ora, ora... Tentando ser engraçadinho nas horas de perigo. Realmente me pergunto como Gustavo apaixonou por você. — Disse simples, balançando a cabeça em descrença.

Lucas parou de relutar ao ouvir o que o monstro lhe dissera. Gustavo estava apaixonado por ele? Como? Sendo que sequer reparou nos movimentos dele.

— O que... Quer dizer? — Sua voz falhou.

— Tão lerdo... Sequer reparou que seu amiguinho queria seu coração, mas do que a amizade que tem. Senti pena por saber, tentei ajudar ele, e teve êxitos.

Lucas preferia nem saber o que ele fizera usando aquele corpo idêntico ao Gustavo. Podia imaginar ele aprontando e, como Samantha havia dito, cometera alguns delitos e saiu como se nada tivesse acontecido. Agora faz sentido em como não conseguiram prende-lo, em outros pontos, pois ele tinha facilidade em converter tudo. Seja mecânica ou por pessoas próximas.

Tantos pensamentos lhe vieram que sequer pestanejou do robô quase quebrando seus ossos do pescoço. Apenas saiu do torpor ao escutar o grito familiar.

— Larga ele!

A confiança de Gustavo era tão forte que Lucas duvidou ser ele mesmo a dizer. Os olhos brilhantes do humanoide pousaram no verdadeiro "Gustavo" e sorriu malicioso.

— Ora se não é o papai. Como está? — O tom usado foi de pura ironia, e riu por ver a expressão enojada por parte de Gustavo. — Creio que veio me impedir de conquistar o que eu quero, não? — Sugeriu junto com um sorriso.

— Talvez. — Disse Gustavo, tentando não deixar sua voz vacilar um minuto sequer.

Lucas olhava para os dois com certa confusão, apesar de ser obvio quem era o verdadeiro Gustavo, havia algo em comum entre eles: São belos e perigosos.

Soltou um gemido e remexeu o quadril ao sentir o desconforto, não queria ficar excitado na hora errada. E ainda, atraindo os olhares de quem refletia.

— Papai, eu lhe darei tudo o que desejar. Sabe que não pode me impedir do meu objetivo, pois fui criado pela cobiça sua.

Gustavo deu um passo para trás pela verdade dita. Não era apenas sua ambição ter projetado o micro, era também do governo. Porém, não entendia como ele fora criado daquela forma, tendo exatamente toda a fisionomia seu.

— Creio que esteja confuso, não? Irei explicar nos mínimos detalhes.

Os dois humanos estremeceram por ver o sorriso malicioso do humanoide, o mesmo deu um passo até o Gustavo e segurou o queixo aproximando seu rosto dele.

"A marca do dedo no tubo de ensaio fora o motim para todas as partículas aglomerassem criando um tecido próximo a de um humano. Fundiam, partiam, soldavam entre si para que surgisse a célula e mais células, continuando o processo até a ter a quantidade suficiente para que caísse aquele artefato da mesa, sujando o piso extremamente limpo e higienizado. De forma irreal, aquelas alvéolos se enrolam até que um corpo saísse no meio daquela lama grudenta e azulada. Por fim, o ser fica de pé podendo ver o brilho em seus olhos, que direcionou nas câmeras que gravam aquele local, com uma luz vermelha sobre ele. O sujeito sorriu, erguendo sua mão e cortando a cena, acabando com a prova.

Deu um passo e seus olhos azuis deram ao lugar dos castanhos escuros. Ele sabia o que fazer, e como agir.

"Isso foi há 10 semanas."

Agora, Gustavo estava ajoelhado com as mãos no solo. Encontrava-se com a respiração entrecortada, o suor escorria em seu pescoço e pingava no chão, fazendo-o ranger os dentes pela dor dentro de si, que começava do coração até a ponta dos pés.

— Consegui esse feitio graça a você, papai. — Quando mais o humanoide referia-o com essa palavra, mais o Gustavo sentia seu estomago revirar. — Criei um tipo de vinculo, assim podia sugar toda a sua vitalidade mantendo esse corpo. — Rodeou pelo o corpo caído de quem proferia, acabando por dar um chute no local visível, e sorrindo sádico pelo som de grunhido do Gustavo. — Percebi, também, que os humanos são fúteis e frívolos.

Lucas se desvincou de quem o segurava, e sacou o Glock atirando-o abaixo do queixo. Não percebera que outros vieram na companhia, um segurando sua perna e outro seu braço, e não hesitou em atira-los. Usou toda sua força para dar-lhe o golpe certeiro, e mexeu nos botões para que a bala fosse mais forte na substância, e assim atirou-o conseguindo matar. Em cada minuto olhava como estava à situação do amigo, ele precisava salvá-lo mesmo que estivesse encurralado.

Outros de seu departamento estavam ocupados ou morrendo. Os gritos desses pareciam vir de todos os lados, deixando o lugar alucinante e agonizante. Pareciam que a guerra era perdida, até os robôs virarem na direção onde estava o humanoide, como se tivesse ouvido o barulho mais interessante do que rasgar os corpos dos humanos ao meio.

Lucas fica paralisado na cena que ocorreu. Seusolhos focou no que Gustavo fizera, apertando seu maxilar pela tensão. Gustavohavia pegado o pedaço de vidro e enfiado no coração. A mente de Lucas nublou.Nada tinha em sua volta, apenas seu grito cobrindo seus ouvidos e os músculosmoverem, de um jeito assassino, em direção daquele humanoide para vingar-se.    

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