Capítulo 7

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30/12/2017

Quando Awa acordou, ainda não tinha amanhecido. Ela olhou para o relógio apenas para ter certeza de que eram quase cinco da manhã. Então os grandes orbes esmeraldas correram para a figura masculina ao seu lado dormindo profundamente.

Sentou-se, respirando fundo.

Tinha dezessete anos agora. Sabia seu aniversário, de sua história, de toda a verdade. Os dias passavam e revelavam seu passado como um dejavú.

Mas sentia-se melhor, como se a noite lhe tivesse arrancado a doença. Ela tocou a face adormecida do homem e acariciou-lhe a barba cheia. O coração disparava naquele simples toque e mordeu os lábios, recolhendo a mão para perto do peito e se afastando dele, espreguiçou-se silenciosamente, rumando para a beirada da cama e indo para o banheiro na ponta dos pés.

Assim que fechou a porta, Alexsander abriu os olhos e sentou na cama. Havia despertado assim que sentiu o coração de Awa acelerando, mas não quis abrir os olhos. Por algum motivo, simplesmente fingiu.

Espreguiçou-se, estralando os ossos do corpo antes de se colocar de pé. Alex passou as mãos pelos cabelos ouvindo o som do chuveiro soar e abriu a porta do quarto.

No segundo em que atingiu o corredor e fechou silenciosamente a porta, o ruivo começou a correr.

E ela tomou um longo e revigorante banho. A cólica tinha passado apesar de o sangramento continuar. Mas ao menos a febre e o mal-estar desapareceram completamente. Quando abriu a porta do banheiro, o vapor invadiu o quarto e ela colocou a cabeça para fora, corada pela quentura da água.

Ninguém. Nem sombra de Alexsander ali e Awa correu pelo cômodo vestindo apenas a calcinha e seu mais novo "objeto de contingência". Vestiu-se rapidamente com um moletom cinza e olhou-se no espelho, usando um turbante de toalha nos cabelos.

A porta de madeira se abriu e ela viu o reflexo de Alexsander parar na entrada do quarto, segurando um prato com duas torradas, ovos mexidos e uma xícara de chá.

― Feliz aniversário.

― Você já disse ontem... ― Ela riu, bem humorada e tirou a tolha dos cabelos, jogando o tecido molhado sobre a cadeira para se aproximar do ruivo. ― Vamos dividir?

― Essa porção preenche metade do seu estômago. ― Ele falou sério, mas a loira deu risada. ― O que foi?

― Você. ― Awa parou, pegando a xícara das mãos de Alexsander com um sorriso divertido parafusado nos lábios rosados. Os cabelos umidos caiam-lhe pelo rosto e o homem tentava não demonstrar o quanto aquela singela visão o perturbava.

― Eu?

― Obrigada por cuidar de mim. ― Vendo a surpresa nos olhos azuis, a garota suavizou a expressão. ― Como posso agradecer?

― Não precisa agradecer, mas se quiser mesmo, coma isso e tome o chá, depois coloque o casaco e me acompanhe.

― O que? ― As sobrancelhas grossas se arquearam e ele reprimiu o sorriso.

― Pensei que quisesse agradecer.

― Mas por quê?

― Não fique me-

― Isso tem alguma coisa a ver com o fato de hoje ser o dia que é? ― Ela o interrompeu. O tom de voz havia mudado.

― Você quer dizer seu aniversário. ― Alexsander mantinha um semblante impassível no rosto.

Sentimento Solúvel - (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora