O susto jogou Daniel para trás. Ele caiu no chão, batendo com o ombro.
- Mas que...
- É sério - continuou a voz. - Teria que ter um bom ângulo pra ter sucesso. Do jeito que ia fazer, tinha era mais chances de ficar todo quebrado.
Ainda caído, Daniel olhou para quem estava falando.
O garoto estava usando uma calça moletom vermelha, uma camisa listrada manga comprida, e um colar barato do símbolo das Relíquias da Morte. Seu cabelo azul era berrante. Parecia quase ter vida própria tamanha era a intensidade da cor.
Ambos se encararam por um momento até Daniel exclamar:
- Seu cabelo. É azul. Porquê?
- QUÊ? -o garoto pareceu ofendido. - Uma pessoa desconhecida aparece do nada e te impede de se matar, e a primeira coisa que você quer saber é sobre o cabelo dela?!
Ele bufou e se sentou. Seu olhar estava genuinamente indignado. Daniel estava vendo certo ou os olhos do garoto realmente brilharam azuis por um momento?
- Às vezes eu me esqueço do quanto podemos ser superficiais.
- E-e-eu não estava... tentando me matar – Daniel disse ao se levantar, sua voz num tom hesitante.
- Claro. Você estava treinando para as Olimpíadas. Porém, receio que salto ornamental seja feito em uma piscina e exija uma quantidade bem menor de roupas.
- E quem é você pra dizer o que eu estava fazendo ou não? Sem falar que até onde eu estou vendo você não fez nada, só tá aí falando merda.
- Só porque você não está vendo não significa que não esteja lá.
- Isso parece coisa de folhetim de crente.
- Nossa, quanta raiva acumulada. É membro do clã Uchiha?
- De que porra você tá falando?!
- Deus, como é decepcionante ter que interagir com pessoas que não entendem as referências.
- Eu não sou obrigado a entender nada que não queira, assim como não sou obrigado a continuar esta conversa patética. Passar bem – se virou e começou a andar para o outro lado.
- Ei, calminha aí – disse o garoto, estalando os dedos. De repente Daniel sentiu um puxão no bolso direito e quando se virou, seu celular estava na mão do outro.
- Nossa, sério? Oasis? Era realmente isso que queria ouvir pela última vez na vida? Não estou dizendo que é ruim. Adoro. Mas... sério?
- Como... como você...?
O garoto de repente desapareceu e reapareceu ao lado dele, ainda analisando as músicas.
- Olha só, você tem "Million Reasons" na sua playlist. Agora, mesmo não sendo o maior Gaga-fã, é inegável que essa tem o sofrimento musical que eu escolheria se estivesse na mesma situação que você.
-De onde você veio?! Tava bem ali! E agora você... – e então arregalou os olhos. - Você... está me dando... uma crítica?!
- Quê? Claro que não! Só estou dizendo o que faria se estivesse, você sabe, querendo morrer. O que considerando minha atual situação, seria de uma ironia extrema.
Daniel estava furioso.
- Você é insensível assim de natureza ou decidiu dedicar sua vida a como ser cada vez mais escroto?
- Considero como um superpoder – o garoto sorriu. - Mas porque você se importa? Afinal... nem estava tentando se matar.
Os dois trocaram olhares fulminantes, um de ironia e outro de fúria, até Daniel bufar e mais uma vez se virar para o outro lado.
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Todos os Nossos Fantasmas
Fiksi RemajaO destino de Daniel, um jovem sofrendo com depressão, esbarra com o de Edgar, o fantasma de um jovem morto dois anos antes. Desse desfuncional encontro, ambos firmam um acordo e com ele, surge uma amizade que pode não apenas mudar como ambos veem o...