Poetic Dawn

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As semanas se passaram e assim me curei, mais rapidamente do que o normal. Gemma passou a maior parte do tempo comigo, mas em alguns momentos que ela precisava sair eu ficava sob a custódia de Louis que passava metade do tempo estudando e a outra metade lendo seu livro de poesias.

- De quem é esse livro? - Ousei perguntar em uma madrugada a qual ele pernoitou comigo, pois Gemma havia saído com alguns colegas de sala. Ela tem todo o direito de se divertir. Não quero ser um peso maior do que eu já sou.

- Meu. – Respondeu sem levantar o olhar.

- Não – ri – Eu quis dizer quem é o autor.

- Ah sim – Sorriu sem graça – São poesias das irmãs Brontë.

- Qual o seu favorito?

- Chama-se "Solidariedade" – Ele colocou o marca páginas no livro e o fechou aproximando a poltrona onde estava sentado para mais perto de minha cama. Continuou – Ele fala que mesmo que a desesperança se fizer presente e você chorar, não desista, continue seu caminho mesmo que desanimado.

- Uau, parece ser genial.

- Se quiser emprestado... – Ele sorriu.

- Eu adoraria. Você já leu Charles Buckowski? - Perguntei na esperança de continuar a conversa. Adorava ouvir sua voz.

- O nome não me é estranho, porém não me recordo de ter lido alguma obra. – Disse com o olhar pensativo.

- Se quiser ler algum dia... Bom, não tenho nenhum livro – Ri envergonhado – Mas na internet aposto que tem alguma coisa.

- Bom – Ele checou seu relógio de pulso – São 2:00 e eu estou sem sono, acho que você pode me apresentar ele. – E então inclinou-se demonstrando interesse no que eu tinha para dizer. Eu sei que não deveria, mas iludi-me com seu interesse. Queria que estivesse interessado mais em mim do que no meu gosto sobre literatura, mas sem delongas comecei a lhe recitar meu poema favorito, O pássaro azul, e lhe ocorreu de escorrer uma lágrima solitária pela bochecha, desculpou-se por ser extremamente sensível e elogiou meu gosto literário.

A madrugada poética se prolongou até as 4:00 quando Louis pegou no sono repentinamente e eu, que passei vários dias apenas deitado na cama, não me importava de ficar acordado mais algum tempo apenas para observar seu dormir tranquilo e ouvir sua respiração compassada com seu coração.

Adormeci tão levemente que só percebi que havia dormido quando ouvi batidas na porta. Acordei exasperado olhando em volta, Louis não estava mais ali e a luz do sol inundava o cômodo. Seria ele na porta?

- Entra. – Falei e passei a mão pelo cabelo para arrumá-lo, tirar aquela aparência de "acabei de acordar".

- Bom dia. – Gemma entrou. Meu ombros desmoronaram involuntariamente. Não que eu não quisesse vê-la, mas eu ansiava para que os meus momentos com Louis não cessassem. – Nossa, que decepção ao me ver. – Droga, ela percebeu.

- É que eu pensei que era alguma visita.

- Bom mesmo.

- Bom dia. – Era Louis e trazia consigo uma bandeja com biscoitos de canela e chá, entregou-a para mim e sentou-se no lugar que ocupou durante a noite toda. Gemma sentou-se na cama comigo.

- E aí, como foi a noite dos garotos? - Ela parecia animada.

- Foi boa, nós...

- Nós dormimos cedo, pouco depois de você sair. – Louis interrompeu-me.

- Só isso? Nem um pouquinho de fofoca? - Gemma brincou.

- Só isso mesmo. – Gemma sorriu forçado de canto e saiu do quarto. Olhei para Louis sem entender o porquê de ter mentido, nós não fizemos nada de errado (mesmo que eu quisesse) e o mesmo cerrou os lábios e se retirou também.

Bite MeOnde histórias criam vida. Descubra agora