Passei a noite em claro. Gemma veio bater na porta do meu quarto umas cinco vezes, mas me recusei abrir por que, aliás, agora eu sou um monstro. Claro que ser um vampiro tem partes boas, como nunca envelhecer, mas a maioria das partes são ruins. Ter que se alimentar de sangue humano? Não poder criar uma família? Ver a minha família sentindo a ação do tempo enquanto eu fico do mesmo jeito? como se eu fosse uma estátua de mármore? Isso não era vida.
Esperei Gemma ir dormir e fui até a cozinha colocar fim nessa história toda. Peguei uma das facas da gaveta e a pressionei em meu pulso arrastando ela pelo meu antebraço todo, passando pela mordida, que me fez urrar baixo de dor. O corte se fez profundo, um sangue negro saía por ele e escorria pelo meu braço caindo no chão. Olhei para meu pulso e o corte estava se fechando, assim como o resto do corte.
- Bebê, isso não vai adiantar em nada.- Ouvi uma voz atrás de mim, não era a de Gemma e sim daquele loiro. Daquele filho da puta que me transformou nessa droga de monstro.
- Como entrou aqui?- Perguntei me virando para ele.
- A janela do seu quarto estava aberta, então eu entrei.- Ele me olhou de cima até em baixo. – E aliás, meu nome é Niall.- Ele chegou mais perto e se sentou no balcão, tomou a faca de minha mão e fez um cortezinho em sua mão. –Isso não dá certo por que a partir do momento em que eu injetei meu veneno em você foram junto algumas bactérias chamadas Flobotnobacteria augeria, que faz o sangue se concentrar no local do corte fazendo a rápida regeneração de tecidos. – Quando ele terminou de falar não havia nem resquícios de corte em sua mão.
- Mas que droga!- murmurei enfiando a faca no balcão.
- Meu bem, não tem o porquê ficar assim, você se acostuma e daqui algumas décadas você vai desejar nunca ter sido humano.- Ele falava enquanto passa a mão no meu cabelo enrolando mechas nos dedos.
Conversamos por mais algumas horas e ele foi embora, me deixando sozinho na noite de novo. Niall não era de todo ruim, tirando o fato de que ele me tirou a vida e se alimenta de sangue humano, mas fora isso ele é legal. Ele tem 117 anos, foi transformado pelo Zayn que, para ele e para Liam (o outro garoto), a idade é um mistério. Eles desconfiam que ele tenha pelo menos uns 300 anos.
Niall também disse que deve tudo para Zayn que o achou soterrado pela neve quase morrendo de hipotermia. Zayn o acolheu em seu chalé até que estivesse treinado para poder viver com humanos sem ter vontade de morder todas as jugulares que visse.
Eram quase quatro horas da manhã quando eu resolvi subir no telhado, com mais facilidade do que eu pensei que teria para subir, fiquei sentado olhando a cidade de Londres adormecida. Era tudo tão calmo, tão morto. Era estranho ficar parado como um nada, sem precisar respirar ou piscar, eu me sentia realmente como uma escultura de mármore. Passaram-se horas quando o sol começou a nascer e irritar meus olhos. Logo Gemma estaria acordando para ir para a faculdade junto com Zayn.
Desci do telhado antes das seis horas para nenhum vizinho achar estranho e resolver ligar para a polícia ou algo do tipo. Fui para a cozinha lembrando que meu sangue tinha derramado lá e limpei e, caralho, esse sangue impregnou no piso. Gemma acordou e fez o café, enquanto eu observava pela janela do quintal. Esperei ela sair de casa para poder entrar na cozinha e comer meu café. Ela me olhava e chorava, era uma cena muito triste.
A cozinha estava enfestada com o cheiro do sangue de Gemma, não que meus olhos tivessem ficados negros e os caninos enormes, mas era um cheiro gostoso. Era quase a mesma coisa de passar na frente de uma pizzaria e ficar com vontade de comer sem estar com um pingo de fome. Me senti um lixo por estar pensando isso de minha irmã.
Comi alguns pedaços de bacon e fui me deitar. Caí no sono o mais rápido do que eu pensaria que ia. O sonho era tão real. Eu vi a cena da festa de halloween, vi garotas vestidas como vadias mostrando a polpa da bunda e os peitos quase saindo da fantasia e ali, bem ali em baixo do globo de luz estava alguém, não dava para ver se era homem ou mulher, mas estava de anjo ou algo assim. Essa pessoa tinha um cheiro tão gostoso que eu não consegui me controlar, fui para cima dela e coloquei meus dentes em seu pescoço enquanto todos gritavam apavorados. A pessoa gemia embaixo de mim, não de dor, mas de prazer.
- Hazz, acorda, é só um sonho.- Gemma me chacoalhava com cuidado. Abri os olhos com cuidado e olhei para ela. Estava com um gesso na mão e os olhos cheios de lágrimas.
- Gemma se afaste, por favor!- Seu peito pulava de tanto chorar enquanto ela saía do quarto e se trancava em seu quarto. Eu a ouvi chorar e isso partiu meu coração morto, mas a imagem daquele ser fantasiado de anjo gemendo dentro do meu abraço me ocupou a mente. Fiquei pensando em possibilidades de quem era. Talvez poderia ser alguma líder de torcida ou algo assim, pois tinha uma bunda linda.
O celular vibrou na estante. Era Zayn pedindo para que eu o retornasse.
- Harry?
- Sou eu.
- Atendeu mais rápido do que eu pensei que iria.
- Diz o que você quer logo.- Disse sem paciência.
- Nossa, que esquentadinho! Mas enfim, amanhã já é segunda-feira e pelas minhas contas, você precisa se alimentar mais ou menos na terça. Então como desculpas eu falei com um amigo meu que trabalha no hemocentro para deixar você entrar e pegar o que precisar sempre que tiver sede.
- Mas como eu vou entrar no hemocentro?
- Simples. Pela janela. Mas vá de noite para não correr riscos... Ah! Harry, entre pelo corredor do terceiro andar e procure pela Ala 3. ALA 3.
- Ok, obrigado.- Zayn desligou sem despedidas. Pelo menos minha noite teve um fator bom: não terei que matar ninguém.
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Bite Me
FanfictionHalloween. Mais conhecido como a data em que adolescentes aproveitam para se vestirem como idiotas e beberem como loucos. Não há em toda a cidade pelo menos uma festa de halloween por bairro e, infelizmente a minha casa foi a escolhida para esse ano...