Cap 4

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Diogo

Irado, voltei para o centro do tumulto e agarrei
Julian pela gola da camiseta.
- eu não sei qual é o seu problema. O que eu sei, é que vai se dar muito mal comigo se fizer essa garota sofrer.
- opa, opa- com violência ele empurrou minhas mãos, se afastando- não estou vendo nenhum santo aqui na minha frente.
- ela é um ser humano- gritei, apontando o dedo para sua cara- não é um produto que você pode leiloar em uma corrida sem sentindo.
- eu sempre achei que isso aqui- fez um círculo com os dedos- você o seu sentido! Isso aqui, cara, sempre foi a sua vida, eu sempre fui seu irmão, parça e agora vem dar uma de mané?
Pode ir parando por aqui, ou você é carta fora do baralho.
Passei as mãos pelos cabelos, inconformado com a situação.
- olha pra você, Diogo. Usa todas as mulheres, trata os seres humanos como lixo, fala com o seu pai sem nenhum respeito- ele se aproximou e deu um soco no meu peito. Não era pra me ferir, era pra chamar a atenção- eu estou com você a anos, acompanhando cada merda que faz por aí e nunca, NUNCA te critiquei. Então para! Essa brincadeira de super herói termina aqui. Entra na droga do seu carro e sai da minha frente. Você vai correr na ultima rodada, como ficou definido no sorteio agora.
Pela primeira vez, em anos, temi aquele homem que se considerava meu amigo-irmão. Temi pela garota.
Balancei a cabeça, desistindo e concordando.
- só um pergunta- falei em voz mais branda dessa vez- com quem ela vai ficar até acabar essa competição?
- se vencer hoje, você fica com ela até a próxima semana- seu sorriso perverso estava de volta, como se estivesse curtindo muito o que rolava por ali- quem vencer, leva o brinquedinho para casa, sendo permitindo tudo, menos penetração.
Senti meu estômago se embrulhar com aquelas palavras sujas, então me dei conta que eu era aquele Julian, eu era o Fera, o Fred.....nunca tive limites.
Naquele instante, diante de centenas de pessoas a minha volta, senti vergonha do Diogo que tinha me tornado.
Só que o caninho era sem volta.
Como um alpinista que tem por objetivo escalar o Everest, eu seguia o curso da minha vida, sem me importar com o que deixava para traz, com os machucados, com a dor....
Não tinha fotografia do percurso, porque o objetivo era o topo e nunca a caminhada.
A diferença minha e de um alpinista, é que eu não sei o que encontraria no topo, não tinha uma meta, só um caminhar sem nenhum sentido. A diferença é que o alpinista assumi o risco por algo que ele sonha e eu....perdi meus sonhos em algum lugar sombrio e distante.
O alpinista pode até morrer, ser engolido por um avalanche, mas ele luta por seu sonho e vai lutar por viver.
Eu, Diogo, tenho me deixado ser engolido por um avalanche, sem nenhum esforço para sair dele, porque tenho achado que a minha vida não valia  a pena.
Esse mesmo Diogo, mais uma vez jogou tudo nas costas e saiu. Entrou dentro do carro e acelerou, porque acelerar fazia com que o sangue bombeasse  nas suas veias e o fazia sentir vivo.
Pisou no acelerador sem temer nada, nenhum obstáculo, buscando vencer, só porque a vitória era um sinal de que ele não era um fracasso total.
Esse cara que eu não reconhecia em mim, ultrapassou tudo e alcançou o primeiro lugar, um lugar que não importava, que não trazia sorrisos aos lábios, nem aqueceria o coração. Desceu do carro e ovacionado por centenas de pessoas que não sabiam bem o que comemoravam, que não conhecia o ser do vencedor, desferiu um murro no ar e gritou. Nunca era um grito de vitoria, era de dor. Todos olhavam extasiados e por fim, ninguém enxergava o vazio ali. Mas aqueles olhos, azuis como uma imensidão de águas se cruzaram com os meus e eles sim, penetraram na minha alma e compreenderam que não tinha comemoração.
A dor de ser compreendido, pela primeira vez na vida, fez com que meus olhos se escurecessem. Era inadmissível que alguém participasse da minha dor.
Mas não tinha volta.
Ela compreendia. Aquela mulher, parada, no meio da multidão, sendo oferecida como um produto, me olhava e escutava as batidas do meu coração.
Aquela mulher linda, machucada pala vida, me abraçava com o olhar.
Pela primeira vez na vida eu me senti amado e a odiei. Odiei por saber que nunca mais esqueceria aquele olhar que aquecia meu coração e iluminava a minha vida.

Aleluiaaaaa voltei 😂😂😂
Nem vou me desculpar, porque ausência tem sido meu sobrenome nessa plataforma, mas não abandonei e nem vou abandonar o livro.
Vai ser postado na íntegra como todos os outros.
Só posso dizer que essa história é tão linda, que vocês vão amar. Tenho certeza.
Tá vou me desculpar sim. Três livros sendo publicados no mesmo semestre do ano tem me deixado muito atarefada e não conta conta de fazer outras coisas. Me perdoem.
Pra quem vai na bienal do rio, minha agenda está aqui pra vocês conferirem 👇🏼👇🏼👇🏼👇🏼👇🏼

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Inexplicável amor  (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora