Cap 11

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Lorena

Já se passavam alguns minutos e ele continuava em silêncio. O escuro do quarto me impedia de ver seu rosto, só seu vulto.
Eu estava ficando maluca. Mais um minuto naquela cama e ele teria tirado toda a minha cama. Teríamos esquecido todas as regras da maldita competição e vai saber lá Deus o que teria acontecido com nós dois.
- isso tem que parar- falei por fim quebrando o silêncio- foi você mesmo que disse que estamos lidando com bandidos perigosos. O que vai ser de nós dois se acabarmos, acabarmos....fazendo....é....
- sexo, Lorena- ele completou. Corei feito uma idiota. Eu era virgem , mas não era a madre Tereza.
- isso! O que vai acontecer com nós dois? Eles vão nos matar, se isso acontecer e você não tiver ganho essa corrida.
A ideia de ser o prêmio de outro homem me repugnava e precisa não pensar nisso naquele momento para não desabar.
- vou ganhar aquela corrida. E além do mais- ele deu uma pausa, se levantando da cama e se aproximando novamente- existem várias forma de sexo que posso te ensinar.
Fechei os olhos quando ele ficou próximo demais que pude sentir sua respiração tocando meu pescoço.
- não- falei sem forças- isso é um jogo perigoso demais e você sabe disso. Não se tem controle nesse tipo de jogo.
- eu posso ter- Diogo falou, puxando meus cabelos para os lados e depositando um beijo em meu pescoço.
Sorri e suspirei. Ou suspirei e sorri. Nem sabia mais o que fazia.
Com o resto de forças que tinha o empurrei.
O luar entrava pelas portas de vidro no quarto e o seus traços eram lindos. Me permiti ficar fascinada por um instante.
- você disse que vai ganhar aquela corrida.
- eu vou- ele falou sem pestanejar, com toda a marra e prepotência que tinha.
- aliás, você me prometeu- eu estava pirando só de pensar no que iria dizer.
- e nunca quebro promessas- Diogo completou, sem deixar de aproveitar para deixar um seus lábios sobre os meus em beijo doce e gentil.
- tem nove corridas pela frente. E nove possíveis vitórias- engoli seco, colocando a mão no seu peito, me apoiando para continuar.
- não vou deixar ninguém te levar para casa.
- você não pode garantir. Mas pode lutar por isso e como recompensa por isso, a cada vitória vai ganhar um prêmio meu, até o prêmio final.
- puta merda, Lorena. Quer me enlouquecer?
- quero que ganhe. Não suporto imaginar ser tocada a força ou que algo possa acontecer a você se fizermos alguma loucura. É isso aqui é uma loucura.
- Nicolle, isso não vai acontecer- ele pegou meu rosto entre as mãos- ninguém vai te tocar a força. Ninguém.
Encostei meu rosto em seu peito, suas mãos acariciando meus cabelos. Me sentia protegida do mundo, no lugar mais improvável, um homem inconsequente que eu nem sequer sabia se tinha sentimentos por alguém.
- qual é o prêmio dessa primeira competição?- perguntou sem ressalvas.
Gargalhei diante da sua sem vergonhice.
- mas você é muito cara de pau mesmo. Acredito que já foi muito bem pago.
- falta um beijo.
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Quando o dia amanheceu, aquele Diogo sem armaduras tinha ido embora e dado lugar ao homem de cara amarrada, vestido de preto que não estava de amizades com ninguém.
Pronto para ir aí casamento da amiga.
Coloquei um vestido verde água rodado com uma faixa preta na cintura, sandália de salto fino e deixei os cabelos soltos.
Ele não trocou uma palavra comigo. Nem um bom dia, não teve um beijo, um sorriso, nada!
Era como se as conversas, os beijos, as carícias da noite anterior não tivessem significado absoluto na vida dele.
Deixei a mágoa de lado e o segui para fora do quarto em direção ao deck da piscina onde seria realizada a cerimônia.
O lugar estava simples, mas encantador, todo decorado com orquídeas brancas. Todos já sentados, e esperavam a entrada da noiva ao som de violinos.
A cerimônia foi rápida e emocionante. Megan estava linda em vestido branco todo bordado de flores delicadas no mesmo tom e cristais que reluziam na luz no sol e realçavam seus cabelos ruivos. Ela estava radiante e não conseguia esconder a felicidade. Me emocionei com a cena, diante de tanto amor dela com o noivo. Era palpável.
Diogo estava incomodado com tudo e não parava um minuto de se mexer ao meu lado.
Quando todos começaram cumprimentar os noivos, temi.
- vamos sai daqui?- pedi- não estou me sentindo muito bem- menti.
- você mente muito mal - ele sorriu com ironia.
Pegando no meu braço, me puxou em direção aos noivos. Gelei.
Não era possível que ele estragaria aquele momento tão lindo.
Quando chegou perto da noiva, ele soltou meu braço e a abraçou tão apertado que fiquei com ciúme daquele abraço.
Era algo tão forte, como se ele realmente se importasse com aquela mulher.
Observei que o noivo o fuzilava com os olhos.
Só que desta vez, tive certeza de que Diogo não fazia de propósito.
- cuide bem dela e nunca derrube uma lágrima desses olhos. Ou eu mesmo vou fazer questão de matá-lo- ele falou para Leon quando se afastou de Megan.
Fiquei chocada com as palavras dirigidas ao noivo e com ciúmes, raiva e um monte de sentimentos misturados.
Será que amava? O que tinha acontecido entre os dois?
Ele não se importava com ninguém e no momento seguinte estava defendo uma mulher com unhas e dentes.
Não dava para entender.
- você destrói tudo que toca, Diogo -  disse raivoso- não venha me dizer como devo tratar minha mulher.
Passando os braços pela cintura de Megan, puxou ela apertado para perto de si. Aquela homem amava a mulher que tinha escolhido para ser sua esposa.
Pela primeira vez na vida sonhei com um dia como aquele, vestida de noiva, me casando com um homem que me amasse daquela maneira. Que idiotice!
- o recado foi dado.
Antes de me pegar pelo braço e sair, não deixei de reparar no olhar de pena que Megan lançou sobre Diogo. Como se quisesse protegê-lo de alguma coisa.
Acho que ela conseguia enxergar a mesma coisa que eu via por traz daquelas amarras.
Enquanto o restante dos convidados foram recepcionados em algum lugar do navio para um almoço, Diogo sentou em um bar, onde bebeu durante todo o dia, me mantendo em silêncio ao seu lado.
O dia foi a definição da palavra tédio.
Até anoitecer e ele receber uma ligação.
- entendi, cara. Beleza- escutei ele dizer, parando apenas para virar um copo de cerveja.- sempre estou preparado para todas as coisas ou você não me conhece? Não coloque essas merdas na parada. Estarei aí.
Quando desligou o celular, me encarou por um longo tempo, sem dizer nada. Seus olhos estavam escuros. Reparei que ficavam mais negros quando ele se preocupava com alguma coisa. Eles perdiam o brilho.
- vá para o quarto e arrume suas bagagens. Vamos aproveitar que o navio só parte amanhã cedo e vamos descer.
Assenti confusa. Não me atrevi a fazer perguntas.
- a próxima corrida foi antecipada. Será amanhã à noite- ele respondeu ao meu questionamento que devia estar estampado em meu rosto.
Fiquei pálida. Eu sabia que as corridas seriam em breve. Só não estava preparada para que fosse tal rápido.
Respirei fundo e assenti novamente.
- vou ganhar a corrida, Lorena- disse, com a testa enrugada.
Não pude deixar de notar o ar de preocupação na sua face e no seu tom de voz.
- eu sei- tentei falar com confiança- estarei lá com o seu prêmio. É só isso que importa- deixei escapar.
Estava magoada depois de ser ignorada por um dia inteiro, voltando a me sentir a prostituta, a mulher vendida que era.
- o que importa é eu vencer e você ficar bem- ele completou- vai fazer as malas.
Assenti e sai, para que ele não visse a tristeza em meu olhar.
Como ele podia não compreender que eu não ficaria bem com nada daquilo? Como poderia ser tão insensível?
Não se pode ficar bem quando não é só o seu coração que importa. Quando tem outras pessoas em jogo, quando se tem muito mais em  questão, você não ganha sem olhar para trás.

Inexplicável amor  (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora