Cap 13

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Lorena

Adormeci no caminho e quando acordei, já estava na cama, coberta e sem meus sapatos.
Sorri, imaginado aquele briguento fazendo algo tão doce. Não parecia combinar.
Acabei adormecendo novamente, desta vez sem preocupações, sabendo que tinha alguns  dias de sossego até a próxima corrida.
Quando o dia amanheceu, lembrei do prêmio e fiquei maquinando o daria a ele.
Já o tinha beijado. Caramba, as coisas poderiam ficar muito.....quentes.
Corei só com os meus pensamentos.
Tomei um banho demorado, esfriando meus pensamentos, escolhi a melhor lingerie que tinha- o que não era lá grande coisa- e fui caminhando até o quarto dele.
Nunca, em toda a minha vida imaginei que pudesse ser capaz de fazer ou imaginar as coisas que estava fazendo.
Era um jogo tão perigoso, que sabia desde o primeiro minuto que mesmo ditando as regras, perderia e que a derrota não seria esquecida no outro dia com a companhia de uma garrafa de uísque, como todo bom perdedor fazia.
Lembrei de tudo que deixara para trás, incluído a Lorena do passado que em nada se parecia com essa de agora. Talvez, a que vestia o short curto que sempre odiou e a blusa justa que marcava as curvas que sempre procurou esconder, fosse a farça para enfrentar toda aquela situação.   No fundo, sabia que a verdadeira Lorena, estava escondida, ferida e sairia sem que nem um pedaço intacto sobrasse do seu  eu interior.
Parei em frente à porta do quarto dele. Ergui a mão para a bater e parei.
Respirei fundo. Como era difícil.
Um misto de vergonha, desejo.....e medo tomarem conta do meu ser.
Bati duas vezes, por fim e esperei.
- pode entrar- falou, provavelmente imaginado ser uma das suas empregadas da casa.
Abri a porta vagarosamente, como se aquilo fosse postergar em uma vida o que viria acontecer.
Deitado na cama, de mangueira despojada, com as pernas cruzadas e mexendo no celular, ficou surpreso quando me viu e abaixou o aparelho.
Agradeci aos deuses dos homens vestidos por ele estar totalmente coberto por seus roupas negras. Ajudava a manter minha sanidade mental.
- precisa de alguma coisa?- indagou.
Coragem, força, vergonha na cara, litros de ar para continuar respirando....
- resolver algumas questões- falei baixo, olhando para o chão.. Nem sei se foi audível.
- posso te ajudar?
Ergui o olhar e encontrei seus olhos fixos nos meus, como sabia que estariam. Diogo nunca pestanejava.
Pensei em pedir que ele colocasse uma venda. Facilitásseis muito a minha visa fazer o que tinha que fazer sem ter aqueles olhos negros me encarando fixamente. Porém, compreendi que depois de "Cinquenta tons" qualquer menção à vendas nos olhos soava um tanto quanto sugestiva.
- esse sorriso sugere que você não está correndo perigo- inclinou a cabeça para o lado, parecendo curioso.
Nem percebi que sorria.
- o maior perigo da minha vida- deixei escapar uma risada irônica- eu corro do seu lado.
Ele colocava em risco minha saúde mental, meu coração...tudo. Diogo desequilibrava tudo quando estava por perto.
Aquele homem desequilibrava o meu universo!
- só tento fazer o melhor- ele falou ofendido. Não compreendeu o "perigo" que continha as minhas palavras- infelizmente, o meu melhor nunca foi para ninguém.
As palavras cruéis contra si mesmo, me magoaram.
Não me expliquei. Seria complicado demais.
- na verdade, vim entregar seu prêmio.
- é mesmo?
- sim.
Era engraçado, porque Diogo sempre tinhas palavras certas, os gestos perfeitos e nesse momento parecia constrangido ou talvez, arrependido?
- você vai querer o que é seu por direito?
Ele fitou o teto antes de responder.
- quero muitas coisas de você. Só quero ter certeza antes de que é recíproco e não está fazendo isso só para que eu ganhe essa madura corrida. Quero que me diga exatamente que jogo estou entrando, para que depois não seja mais uma a me dizer que fiz besteiras.
Assenti, surpreendida pela sua honestidade.
- pode ter certeza de que a situação me forçou a estar onde estou. Mas o que vê em meus olhos, Diogo, sabe muito bem que não tem nada a ver com obrigação ou medo.
- eu sei o que vejo em seus olhos, sei o que sinto quando te toco e sei principalmente o que eu sinto quando tudo acontece. Talvez esse seja o maior erro.....-as palavras como se ditas para ele mesmo, se perderam, até ele me encarar novamente- acho que já falamos demais e não deve ser esse o prêmio que vou receber essa noite.
Fechei os olhos para conter a vergonha.
Ele se mantinha deitado na cama, o que dificultava os meus planos.
- tire a camisa- falei rapidamente.
Uma declaração daquelas não era nada fácil de fazer. Eu deveria estar tremendo ou suando, nem sabia o que acontecia!
Diogo não demonstrou surpresa, obedecendo a ordem.
Seus músculos expostos, as tatuagens desenhadas na sua pele me deixam sem fala. Será que isso mudaria alguma vez?
O calor do quarto pareceu triplicar. Minhas bochechas queimavam e tive vontade de pedir que ele aumentasse o ar condicionado, que quando entrei chegou a me causar um certo frio.
- o que você sentiu quando entrou naquele carro?- perguntei colocando as mãos na beirada da minha blusa.
Nossos olhos estavam fixos, em uma conexão que nenhuma bomba parecia ser capaz de destruir.
- raiva, ódio, desespero e adrenalinas misturados em algo que me corroía por dentro.
Desta vez, ele parecia ter pedido um pouco da calma, arqueando o corpo de encontro com a parede.
- o ódio se estendia a mim, naquele lugar?
Ergui a blusa o suficiente para que minha barriga ficasse visível.
- senti ódio de você por estar vestindo aquelas roupas, por se permitir estar naquele lugar- Se levantando e vindo em minha direção, ele fechou a porta do quarto do toda a força e me encurralou- tive raiva porque mesmo te odiando naquele momento por ser a culpada de se colocar naquela situação, tive medo de te perder para eles e tive vontade de tomar você ali mesmo, no meio dos carros.
Ele acendeu um fogo dentro de mim com suas palavras.
E não precisou de mais nada.
Sua boca tomou meus lábios em um beijo desesperado, com uma intensidade que eu mal conseguia compreender. Não dava para respirar ou racionar qualquer coisa.
- Lorena, Lorena....- ele começou a repetir enquanto sua lábios percorriam todo meu rosto e desciam por meu pescoço.
Empurrei seu corpo e terminei de tirar minha blusa. Sim, esse era meu presente. Encostei meu gosto semi nu no seu e foi como se tivesse jogado mais combustível no fogo.
Me pagando no colo, ele me jogou na cama. Não tinha nada de delicado nos movimentos. Tinha um urgência, misturada com paixão que me tomavam por inteira em um êxtase que roubava todo o ar dos meus pulmões.
Deslizando sua mão quente pelos meus ombros nus, ele abaixou a alça do meu sutiã, quase me deixando exposta. Arqueie dando passagem para os seus beijos que trilhavam o meu pescoço.
Quando a outra alça começou a descer, me dei conta de que se não parássemos agora, seria tarde.
- para, Diogo...tem que parar agora- o empurrei sem fôlego.
Rapidamente ele se afastou, me dando espaço para sair da cama.
- te machuquei?- perguntou lançando-me um olhar desnorteado.
- não. Você não me machucou- abaixei no chão para pegar minha blusa, me afastando em direção à porta, com medo de ficar mais um segundo ali e não conseguir sair.
- o que está fazendo?- indagou quando meus dedos tocaram a maçaneta.
- o seu presente foi esse. Ganhe a próxima corrida e continuamos- lancei um sorriso esperançoso.
Os seus olhos se estreitaram e ele deixou escapar uma gargalhada incrédula.
- você não pode sair daqui e me deixar desse jeito. Volte aqui, Lorena.
Abri a porta, e sai correndo, sem nem vestir a blusa, escutando seus gritos ao fundo.
- que merda é essa, Lorena! Inferno, você quer me matar?
Sorri, feito uma garota atrevida.
Não, Diogo. O meu desejo não te matar. Meu único objetivo era sobrevier as corridas e aí seu charme.

Inexplicável amor  (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora