Epilogo

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Diogo

Olhei para ela que sentada na praia mantinha uma mão em cima da barriga que já estava enorme no sexto mês de gravidez, enquanto sorria para Lucas que tentava fazer um castelo na areia.
O vento fazia deus cabelos balançarem e ela ficava perfeita demais sorrindo. Fiquei ao longe  observando aquela cena, incapaz de acreditar que aquela era minha família. Não parecia real. Por algum motivo, em alguns momentos eu Ainda não me sentia digno. Então Lorena me abraçava e dissolvia todas as minhas dúvidas com palavras doces.
Larissa chegaria em alguns meses para clarear Ainda mais meu mundo. Lucas já era muito mais que um filho. Era parte do meu coração.
Ela percebeu que eu a observava e acenou. Retribui com um sorriso, aqueles que eu nunca dava, agora eram constates. Quando se tem motivos para sorrir, não tem porque os esconde-los.
Estávamos em Fernando de Noronha. Aproveitamos para finalmente oficializar o nosso casamento e tiramos umas férias. Era para ser só nós dois, no entanto Lucas era nossa família e nunca deixaríamos ele para trás. Em breve seríamos quatro. Eu, que achei que seguiria uma vida sozinho, que trilharia passos solitários, não tinha mãos suficientes para carregar todos que precisava, mas tinha um coração que cabia muito mais!
Deixei meu recém inaugurado negócio de carros nas mãos do meu pai, que não entendia nada de carros, porém se dispôs a cuidar de tudo para que eu pudesse estar ali. Tínhamos um longo caminho para percorrer na nossa relação de pai e filho, mas ele estava ganhando meu coração como avó do Lucas e acolhendo Lorena como nora.
Julie, nem precisava comentar. Era amor, versos amor.
- vem logo, amor- Lorena gritou.
Caminhei em sua direção. Lucas correu ao meu encontro e pulou em meus braços.
Peguei ele no colo e beijei seu rosto. Esses momentos eram de paz e ele parecia não se lembrar dos pais que deixou para trás. Queria que fosse diferente para ele, não como foi para mim. Faria de tudo para que fosse dessa forma.
- me diga garotão, o que fez aí?
- um castelo, pra Lari- respondeu orgulhoso.
Sorri, olhando para Lorena que não se cabia de tanto amor. Me abaixei, colocando ele de volta no chão e beijando ela no rosto.
- como vai essas duas mulheres?
Eu tinha saído um minuto para tomar um banho de mar. Ultimamente ficava paranoico se me descuidava por um minuto, com medo de algo pudesse acontecer a elas.
- estamos bem. Não se preocupe. Se ficar perguntado isso a cada dois minutos, vou acabar rouca e isso sim, será um problema.
- não seja ma- a repreendi.
Ela ergueu uma sobrancelha.
- nos casamos não faz nem vinte e quatro horas e você já está achando que vou me quebrar ao meio, Diogo. Não tem ninguém que vai me machucar meu amor. Ninguém mais.
Assenti. Era difícil me sentir aliviado. Passamos por tantas coisas que a sensação de quer tudo estava perfeitamente bem era inacreditável. Nada de competições, Fera, Bonde, a família dela tinha sumido....tudo estava perfeitamente bem. Eu estava bem. Não tinha marcas do passado, as feridas estavam cicatrizadas e sim, as coisas não seriam para sempre dessa forma, o mundo nunca seria perfeitamente estático, mas por hora, ido estava bem.
- acho que quando Larissa nascer, precisamos participar de uma nova competição e dessa vez eu assuma o comando e esteja à frente de um volante - ela me provocou.
A encarei, furioso.
- nem por cima do meu cadáver, você vai entrar dentro de um carro e se colocar em perigo.
- Julian me ligou e disse que tem uma pardas rolando com uns prêmios super maneiros.
- eu mato aquele desgraçado.
Só de pensar nela correndo perigo, meu sangue ferveu.
Ela gargalhou. Gostava de me provocar. Lucas riu junto, sem saber do motivo.
Lorena entrou na brincadeira e jogou areia em mim, que colou no meu corpo molhado. Segurei seus braços e a prendi no chão, ficando por cima dela, com cuidado para não relar na sua barriga. Aproveitei e deixei um beijo ali, na minha menina que nasceria em breve. Já sonhava com aquele rostinho.
- você gosta de me provocar- sussurrei em seu ouvido.
- sempre- ela respondeu- e em breve, vou estar nos rachas de São Paulo, correndo junto com você. Não dá para fugir da sua essência, Diogo. Sei que está louco para entrar em um carro de novo e enfrentar seus limites.
Balancei a cabeça, não adianta discutir. Ela sempre ganhava. E agora que trabalha comigo, mexendo em carros tunados, sua fissura por esse mundo aumentava a cada dia. Ela era uma mulher surpreendente. Não se escondia no medo por tudo que aquilo tinha deixado no seu caminho.
- dessa vez sem prêmios inusitados- completou.
- você é só minha- falei, colocando um fio de cabelo atras da sua orelha.
- sempre, eternamente sua, inexplicavelmente sua.

Fim

Inexplicável amor  (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora