Abri os olhos apenas para me encontrar num lugar desconhecido. As paredes pareciam ser feitas de madeira, assim como o chão e o teto, além dos itens que decoravam o cômodo. Eu estava amarrado nos calcanhares, pulsos e o tronco numa cadeira no meio do lugar, tornando impossível a minha fuga, além de uma mordaça de pano que me impedia de falar ou gritar. A única coisa que eu podia fazer era olhar ao redor enquanto ninguém aparecia.
Ao todo, haviam cinco móveis. Um comprido sofá que parecia caber seis pessoas sentadas comodamente, uma poltrona que mais parecia um trono com os adornos talhados em sua madeira, a cadeira que eu estava amarrado, uma mesa baixa de centro e uma enorme estante que ia de uma parede a outra cheio de livros empoeirados que nunca pareciam ser lidos.
Não haviam janelas, apenas dois corredores que eu não sabia para onde levavam. Mas não eram deles que vinha a luz que iluminava o cômodo. Não tinha energia elétrica no lugar que parecia tão antigo e fora do comum. Meus olhos vasculharam o lugar, um pouco confuso, até que encarei um jarro no meio da mesa de centro, que até então eu não havia dado atenção. Ele estava de cabeça para baixo, e era dele que vinha a luz. Não haviam fios, e não parecia ser uma vela ali. Então, o que era aquilo se tinha tanta energia para iluminar com tanta clareza um cômodo tão tétrico.
Tantas perguntas, mas nenhuma resposta.
De repente, ouvi passos ecoando pelo corredor esquerdo. Se aproximando cada vez mais de onde eu estava amarrado. Tentei me mover, me soltar, mas só consegui ferir as regiões em que eu estava preso. Um garoto de cabelos platinados apareceu no meu campo de visão, seus olhos eram tão puxados que mal se via sua íris escura. Seu modo de andar expressava certa marra e por instinto tive medo dele. O que eu poderia fazer numa situação como essa? E se ele tentasse algo comigo?
Ele parou na minha frente, inclinou seu corpo até ficar com o rosto na altura do meu. Sua expressão era séria, seus lábios cheios e seus olhos pareciam ver dentro de minha alma, lendo todos os segredos que eu escondia dentro de meu ser. Ele franziu as sobrancelhas, e parecia pensar no que fazer. Do bolso, sacou um canivete. A lamina brilhou na luz misteriosa e eu fechei os olhos, imaginando que aquele era meu fim. Senti a lamina fria tocar a minha pele e então desaparecer. Abri meus olhos depois de não sentir nenhuma dor e vi que o desconhecido havia se afastado e aos meus pés estavam as amarra. Ergui as mãos até o pano que estava em minha boca, cauteloso, os olhos atentos na figura que estava próxima a estante de livros.
— O que estou fazendo aqui? Quem é você? Por que me sequestrou? Onde estamos? — Perguntei apressado em busca de respostas.
— Você fala demais — Ele falou ignorando as minhas perguntas. Sua voz era cansada, como se tivesse preguiça de falar, porém não era tão grave e intimidadora quanto sua aparência. Ele me encarou, e por instinto me encolhi, com medo. Ele soltou uma risada, um tanto infantil e terna que me deixou impressionado, mas ela rapidamente cessou quando o soar de sinos inundou o recinto e ele se aproximou da mesa e do jarro de vidro.
Assim que seus dedos tocaram o jarro, o som dos sinos parou. Ele ergueu o jarro e pela fresta saiu o ponto de energia, que voou pelo lugar rapidamente, fazendo círculos e deixando para trás um rastro de luz dourada. O ponto de luz parou mais uma vez na mesa, por um segundo pensei ser um vagalume diferente, mas descartei essa ideia assim que a luz pareceu dobrar e talvez triplicar a intensidade até que o lugar inteiro se tornou branco e praticamente me cegou.
Essa luz branca permaneceu por cinco segundos até que tudo voltou ao normal, só que no lugar do vagalume estava um garoto magro, de cabelos verdes extremamente claros, suas roupas eram esquisitas, seu tronco estava praticamente nu já que sua blusa parecia ser uma rede dourada, sua pele brilhava como se fosse banhado em cristais.
Ele parecia irritado, rapidamente ele descruzou as pernas e se colocou de pé, indo até o platinado. Mas ao invés de se ouvir gritos, apenas fui capaz de ouvir sinos que pareciam soar em alguma espécie de código pelo ritmo das badaladas, um código que eu desconhecia mas o platinado parecia entender muito bem, pois tratou de falar com o brilhante.
— Minhyuk, trate de se acalmar — O platinado falou, mas só recebeu som de sinos em resposta. O esverdeado estava bravo, diria até furioso, pois o agarrou pelos ombros e o chacoalhou duas vezes antes de ter sido empurrado, a força do platinado o fez retroceder dois passos. — Se não crê que foi ordem de Pan, pergunte a ele você mesmo.
E então, mais uma vez me senti confuso quando o esverdeado passou acelerado ao meu lado, indo para o mesmo corredor que o outro havia entrado e desaparecendo por ele. Sua rapidez era tanta que parecia que seus pés nem tocavam o chão e o vento fosse o responsável de lhe locomover.
— Anda, levante-se daí, está na hora do jantar — O platinado falou, sua voz mais uma vez soando arrastada e logo ele marchou para o corredor e eu achei melhor seguir ele a ficar neste cômodo empoeirado. Mesmo não sabendo quem ele era, que opção eu tinha? Até eu saber onde estava, não adiantava simplesmente dar a louca e sair correndo. E me fazer de difícil e esperar ele me prender de novo ao invés de comer comida de graça nem devia ser considerada uma opção.
C O N T I N U A...
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Hook & Pan (MONSTA X)
FanfictionKihyun sempre gostou de historias de piratas, mas nunca imaginou que chegaria em Neverland.