Ⅱ ✵ KIHYUN

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Quando vi a luz no fim do corredor, depois de subir uma escada de madeira que rangia a cada novo degrau, um pico de esperança cresceu dentro de mim e eu acelerei o passo para sair dali o quanto antes. A minha frente haviam várias árvores do que imaginei ser uma floresta, parecia que onde estava antes era no subterrâneo e por um segundo me ocorreu que se eu corresse por entre as árvores não conseguiria achar o caminho de volta.

Ao dar alguns passos em direção ao limite da clareira senti como uma mão pesada agarrava o meu ombro e me impedia de prosseguir. Num piscar de olhos a lâmina afiada de uma adaga estava em meu pescoço.

— Mas que caralho você pensa que está fazendo? — Eu gritei por puro medo sem pensar nas consequências, no riscos, como eu sempre fazia quando estava em pânico. Senti o fio da lâmina em meu pescoço pressionar um pouco, eu não sabia dizer se já estava cortando a pele ou não pois eu não sentia nada além do meu coração batendo agitado em meu peito, eu já sentia que se dependesse, de quem quer que estivesse me segurando, eu não duraria muito e logo chegaria o meu fim.

— Bear! — O grito soou de repente, me deixando ainda mais assustado. Das árvores surgiu o garoto de antes, o platinado que tinha olhos estreitos e não usava roupas tão peculiares como o outro, apenas grandes demais para seu tamanho. — Como se não bastasse o Minhyuk... — Ele suspirou antes de continuar, dando passos lentos enquanto se aproximava cada vez mais de onde eu ainda estava sendo mantido refém do cara com a adaga — Você também está estressado demais.

— Você é descuidado, Bee, ele vai fugir. Não devemos deixar o prisioneiro solto assim. Pan não ficará feliz se isso acontecer.

— Blá, blá, blá. Pan está ocupado demais e nada vai acontecer, eu tenho tudo no esquema, valeu? — O platinado terminou de se aproximar e segurou no pulso do que chamou de Bear, afastando a arma de meu pescoço e o empurrando um pouco para ficar longe de mim. Eu queria entender qual era o lance desses apelidos, obviamente não eram seus nomes, e olhando para os dois não achava a ligação para tal. — Além disso, não é como se ele tivesse algum lugar para se esconder nessa ilha, ele é um forasteiro, ninguém o protegeria de graça. Então, não precisa ser tão desconfiado — Ele falou para o moreno e logo desviou sua atenção para mim, esticando sua mão e puxando o meu braço e consequentemente o meu corpo para mais próximo de si. Sua mão era grande, os dedos longos e praticamente conseguiu rodear meu braço todo. — Ele é nosso pequeno escravo, e deve fazer seu papel — Senti seu agarre mais forte em meu braço. Escravo? Eles me sequestraram para trabalhar para eles? Então o banquete que eu achei que era para mim, é para eles? Aigo~ isso é injusto.

O platinado, que eu até agora não sabia o nome, apenas o apelido estranho de abelha, começou a andar, me puxando consigo e nos afastando do garoto urso e indo para as árvores.

— Com o tempo, quando Pan confiar em você, poderá vir sozinho procurar comida. Mas por enquanto sou o encarregado de você. À propósito, me chamo Jooheon.

— Eu não quero ficar aqui. Eu quero ir embora — Falei sério e movi o braço querendo me soltar e ele me soltou sem impor resistência, o que me fez perder o equilíbrio e cair no chão já que havia usado força demais sem ter necessidade. O impacto do chão fez minha bunda doer e eu encarei surpreso ou meu "raptor".

— Olha, você ir embora ou não já não é comigo. — Ele falou e eu rapidamente me coloquei de pé o encarando confuso e com raiva.

— Mas foi você e aquele outro que me sequestraram!

— Só somos encarregados, o Pan que mandou te sequestrar.

— Quem é esse Pan afinal? Por que ele mandou me sequestrar e qual é esse lance dos apelidos de animais?

— Na mitologia Pan é o deus dos bosques, da natureza selvagem, que vive pelas montanhas caçando e que vive cercado de fadas.

— Então vocês tipo que cultuam um mito grego e supostamente ele te responde?

— Não seu cético escroto. Pan é um cara tão real quanto eu e você, então deixa de ser babaca e me escuta — Ele falou dando empurrões com o indicador no meio do meu peito que me fizeram dar dois passos para trás. — Ele é um dos moradores mais antigos dessa ilha, por isso é meio que considerado um rei, só quem sabe como ele chegou aqui é ele mesmo e as fadas, mas sabe, é difícil falar com elas. Ele cuida de todos, das fadas às sereias, dos índios aos garotos perdidos. É ele quem decide quem vem ou quem vai. Por isso que o Gancho nunca conseguiu ir embora daqui.

— Espera... — Na minha cabeça aquelas coisas não pareciam fazer sentido, era tudo muito estranho, e mais ainda era o fato dele estar falando tão sério. Aquilo era mentira, não? — Fadas? Sereias? Índios? Essas coisa não...

— ...existem. Ele me interrompeu antes que eu completasse a frase em voz alta.

— Como você pode não acreditar se você já viu o Minhyuk? — Ele perguntou, suas mãos pressionando o meu lábio e a minha nuca, me impedindo de falar qualquer coisa. Minhyuk? Aquele cara que usa glitter demais e se veste com coisas esquisitas?

— Ele é uma fada?! — Perguntei depois de raciocinar um pouco e empurrar ele para longe de mim.

— Claro que é. Achou o que? Que ele tinha exagerado na maquiagem?

— Não sei o que pensar — Falei para mim mesmo, mesmo pronunciando em voz alta. Tudo estava tão confuso.

Esse povo usa maconha ou o que? Isso tudo é um mito inventado há séculos! Como eles podem ter acreditado em tais coisas? Mas que explicação teria ao garoto de glitter que havia aparecido de um clarão de luz? Mágica? Não. Mágica não existe. Mas que merda~, essa gente está me deixando maluco!

— Você não tem que pensar em nada. Só acreditar que muitas coisas são possíveis na Terra do Nunca e que isso não é um eufemismo.

Terra do Nunca? Tipo, J.M. Barrie? O autor de Peter e Wendy de 1911? Que caralhos está acontecendo nessa porra?

— E você é o que afinal? Por um acaso você tem um poder de virar uma abelhinha?

— Não seu merdinha. Eu não viro o caralho de uma abelha, mas se você quiser posso mostrar meu ferrão — Ele falou levando a mão para a calça e segurando o seu membro, o que me fez arregalar os olhos e engolir em seco.

Ele está insinuando o que eu acho que está?

— Eu sou um garoto perdido, Hyunwoo também é. — Esse é o nome do garoto urso? — Somos seguidores leais a Pan. Há muito tempo, quando coisas ruins aconteceram conosco e nos perdemos no cair da noite, Pan nos resgatou e nos trouxe para essa ilha e decidimos ser leais a ele.

— Pan é tão bom assim?

— A bondade é subjetiva. Anda, venha, o pomar é mais adiante. Não sei o que vai cozinhar, mas aqui na natureza você vai encontrar tudo do que precisa. Isso eu te garanto.

C O N T I N U A...

Hook & Pan (MONSTA X)Onde histórias criam vida. Descubra agora