Ⅸ ✵ KIHYUN

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Durante a espera para o almoço ser servido fiquei apreensivo, não sabia o que esperar, por um instante achei que seria um jantar reservado apenas para mim e o capitão e que desta forma nos conheceríamos melhor, mas não foi bem assim que aconteceu. 

Quando aquele homem esbelto voltou a aparecer, anunciando que o almoço fora servido Wonhook sorriu e me guiou para fora de sua cabine e para um pequeno corredor que dava a um novo compartimento. O chão de madeira rangia aos nosssos pés e eu me perguntavava por quanto tempo aquela madeira aguentaria. A porta foi aberta revelando um amplo lugar com uma janela extensa indo de uma ponta a outra em duas paredes, deixando o lugar iluminado, uma grande mesa ocupava o meio do lugar e cadeiras estavam dispostas ali para quem fosse comer. 

Cinco piratas já estavam na mesa, um deles reconheci como um dos homens que estava mais perto de mim quando estive jogado no meio do convés do navio, o que provavelmente significava que ele foi quem me carregou até ali. Os outros eu mal os vi na multidão. Não fazia ideia quem eles eram e porque estavam na mesa, mas não pareceu nada demais para Wonho que me guiou até uma cadeira ao lado de onde ele se sentaria na cabeceira da mesa, ele puxou a cadeira para mim e a empurrou quando me sentei. Eu não pude evitar sorrir pelos seus gestos mas o sorriso logo desapareceu quando aquele homem esbelto se sentou bem na minha frente, a direita do capitão do navio.

O Criado do Mar entrou carregando vários pratos equilibrados em seus braços e serviu a cada um que ali estava e logo que acabou de servir os pratos encheu as taças com vinho tinto e ficou parado, de pé, proximo à porta como se aguardasse alguma nova ordem. Eu imaginava que piratas só tomassem rum, mas parece que estava enganado. Eram frutos do mar, nada tão impressionante e isso de certa forma me desapontou. Senti uma mão sendo repousada na minha e ergui o olhar, encarando o capitão.

— Gostaria que pudesse te oferecer algo melhor, mas acredite, em comparação aos demais marujos, você está comendo algo da melhor qualidade. — Ele sorriu e sem soltar minha mão ele olhou para os demais na mesa. Ergueu o garfo e bateu três vezes em sua taça de cristal até ter a atenção de todos. — Creio que todos merecem uma apresentação. Tripulação, este é Kihyun, meu convidado por tempo indeterminado e...— Uma estranha sombra cobriu o rosto de Wonhook, demonstrava tanta seriedade que me deu um calafrio na espinha — ...quero que vocês o tratem bem e o mantenha em segurança caso algum pestinha do grupo de Pan venha atrás dele, se ele voltar para as mãos de Pan um de vocês será responsabilizado ou mesmo a todos vocês — Seus olhos ganharam um brilho esquisito e por um instante os vi mudarem de cor. Engoli em seco, me sentindo estranho por ter todos me observando e principalmente por ver uma personalidade de Hook que me dava tanto medo quanto curiosidade. — Kihyun, este é Peniel, meu Canhoneiro — Ele falou sinalizando para o homem forte e careca que estava sentado no final da mesa, e eu me recordei que esta era a função responsável por aqueles que lideravam o ataque aos alvos e inimigos, buscando provocar os maiores danos. — Seungcheol, meu Primeiro Imediato e Zico, o Segundo Imediato. — Os imediatos eram homens que cuidavam do navio quando o capitão estava ocupado, reforçando suas ordens com palavras ou golpes. Os dois eram completamente diferentes em aparencia, um era muito sério, cabelos curtos tingidos de preto e parecia usar delineador nos olhos, enquanto o outro tinha os cabelos cabelos loiros em dreds longos, olhos afiados e lábios cheios — Ukwon é meu Intendente e Curandeiro, em caso de algum ataque ele é quem me defenderá e para os acidentes, ele também é capaz de cuidar dos ferimentos — Ele explicou a função do de dreds roxos sentado ao lado do loiro. — Ao seu lado, tem o Kris, o Homem das Armas, é o que tem a melhor pontaria nesse navio quando se trata de armas de fogo, e é um ótimo esgrimista, qualquer dia desses ele vai te ensinar a manejar uma espada, Kihyun — Olhei para o meu lado encarando um homem alto tatuado. Ele tinha tatuagem até na testa! Ele tinha uma aura asustadora que fez eu me mover ligeiramente para o lado, para mais proximo de Hook, pude ouvir a pequena risada de Hook e como ele fazia um carinho em minha mão que em nenhum momento soltou. Ouvi alguém limpar a garganta e dirigi o olharr para Hyungwon que sorriu sinicamente para mim. — Ah, claro. O senhor Smee. Ele é o Contramestre do navio, é responsável pelos equipamentos e controlar o dia a dia da tripulação. Mas, vamos comer, sim? 

E dito isso, todo começaram a degustar da comida que algum pirata-cozinheiro fez. O gosto era bem melhor que a aparência, devo admitir, a primeira vista parecia só um monte de comida amontoada sem qualquer harmonia, mas assim que mordi uma pequena porção que estava em meu garfo senti uma explosão de sabores explodindo em minha boca. Como se aquele pedaço de salmão houvesse sido preparado pelo próprio Deus do Mar.

Enquanto degustava da comida, observei cada detalhe dos piratas que mesmo que não tendo os melhores modos à mesa, também não eram um bando de porcos trogloditas que não sabiam usar os talheres. Eles mantinham uma conversa da qual eu não conseguia me encaixar, mas mesmo que suas aparências fossem medonhas, estranhamente, eu me sentia confortável ouvindo eles conversando e rindo. Eles não se pareciam em nada com os piratas que eu vira nos filmes ou na descrição que faziam deles em livros, apenas duas coisas eram certas: eles eram assustadores a primeira vista e bebiam demais. A cada instante o Criado do Mar servia mais e mais bebidas em suas taças. 

— Espero que meus homens não tenham te assustado, eles podem não ser tão bonitos ou educados quanto eu, mas quando querem são bons homens — Ele falou dando um sorriso e se aproximando. O almoço já havia acabado e o capitão estava me guiando até uma cabine que ele disse que eu usaria pelo tempo que quisesse —Gostaria que você ficasse comigo, ao meu lado — Ele falou se aproximando, me encurralando entre ele e a parede de madeira daquele estreito corredor vazio. — Se você aceitar, prometo que ninguém vai se meter com você. Eu vou te manter em segurança e você não terá que se preocupar com mais nada — Ele falou, ele se aproximava cada vez mais, eu sentia seus lábios se aproximando perigosamente cada vez mais. Sua respiração batia em meus lábios e poucos eram os centímetros que impediam o beijo de se acontecer. — Vou deixar você pensando nisso — Ele falou e se afastou, abrindo a porta que estava ao lado do meu corpo antes de me deixar sozinho ali com a garganta seca e respirando com dificuldade.

Perigo, era isso o que ele significava, era isso o que eu sentia o tempo todo quando eu estava ao seu lado. E era essa adrenalina que mais me seduzia para um jogo que eu sabia que não sairia vitorioso. 

Se eu aceitasse ficar ao seu lado, eu estaria em constante perigo, voltando para Pan e os garotos perdidos, eu voltaria a ser um escravo. Eu estava entre o gancho e a espada e tinha de decidir o que seria melhor para mim e minha segurança.



C O N T I N U A...

Hook & Pan (MONSTA X)Onde histórias criam vida. Descubra agora