Fui lançado para dentro do lugar. Ele usou tanta força que me desequilibrei caí de quatro no chão. Não podia ter uma posição mais humilhante. Ouvi o som de um riso nasalado e ergui o olhar vendo o capitão do navio de pé a minha frente, encostado em sua mesa, os braços cruzados deixavam ainda mais marcados os músculos de seus braços e o peitoral, um sorriso divertido surgia de seus belos lábios e se antes, à distância, eu o achara belo, agora eu estava hipnotizado.
— Bela entrada — Ele falou, sua voz fez meu coração bater acelerado, de um jeito que ninguém nunca conseguira na terra de onde eu vim.
Ele se inclinou para a frente, descruzando os braços e esticando uma mão para mim, para me ajudar a levantar. Olhei para a sua mão — seus longos e finos dedos, sem qualquer calosidade ou prova de um passado de trabalho braçal — percebendo que estava demorando demais para reagir e que poderia ser mal educado senti o meu rosto esquentar em constrangimento quando estiquei a minha para tomar a mão daquele adônis que estava de pé diante de mim.
Ele me ajudou a levantar, o que consequentemente me deixou bem perto dele e isso só me permitiu apreciar seu rosto ainda mais de perto.
Ele não se parecia em nada com o Capitão Gancho retratado no livro e nos vários filmes sobre Peter Pan, nem mesmo o ultimo que mostra um Capitão bem mais novo. Não havia longos cabelos negros, bigode e nem a roupa exagerada de alguém de outra época. ELE NEM MESMO TINHA UM GANCHO!
Me afastei um passo e sentindo o meu rosto ainda mais vermelho o abaixei, eu sentia os seus olhos azuis sobre mim e me repreendia por estar agindo como um adolescente apaixonado, mas não estava conseguindo controlar os efeitos que ele causava em meu corpo.
— Bom, bem vindo ao Jolly Roger, eu sou o seu Capitão WonHook e espero que possamos nos divertir enquanto for o meu convidado — Ergui o olhar, surpreso por suas palavras, eu havia entendido um duplo sentido mas tinha certeza que era só coisa da minha cabeça. Além disso, eu não esperava que o suposto vilão fosse ser tão gentil e educado. Os cantos de seus lábios se erguiam enquanto falava, mostrando uma simpatia que me deixava desconcertado. — Tenho a esperança que meus homens não tenham te assustado muito, sei como eles podem ser broncos mas nem sempre cães velhos aprendem truques novos — Sua dicção era bela e ao mesmo tempo aterrorizante por ser tão cortês, estava claro que ele teve uma boa educação antes de ser um infame pirata que navegou os sete mares antes de parar numa terra que para muitos era desconhecida, sua forma de falar dava um claro sinal de superioridade quanto aos demais homens de seu barco e isso me encantava ainda mais a seu respeito.
— Por que me sequestrou? — Perguntei a segunda coisa que mais queria saber, já que a primeira era "por que chamava-se Hook se não tinha um gancho?"
— Creio que "salvei" seria uma expressão melhor, meu caro — Ele falou fazendo aspas com os dedos — Vamos ser sinceros, o Pan e sua gangue de mal educados não são bons exemplos, eles não tem qualquer modos e se comportam como selvagens homens das cavernas. Você está num lugar bem melhor agora e numa companhia bem melhor também. — Ele falou piscando um olho para mim e logo dando um sorriso — Ora vamos, sente-se, gostaria de alguma coisa para beber? — Ele gesticulou para um sofá negro de dois lugares e eu me sentei deixando minhas pernas juntas e as mãos sobre o joelho, a coluna reta, uma postura rígida, não queria que ele me achasse alguém sem classe, mas acima disso eu ainda me sentia intimidado por sua presença — Água? Chá? Café? Suco? Leite? — Ele falou se sentando ao meu lado, engoli em seco senrindo minhas bochechas esquentarem, reprimindo meus pensamentos impuros.
— Lei-água está bom — Me cortei antes que eu falasse o que não devia.
— Claro. E imagino que esteja faminto, mas não se preocupe, o almoço logo será servido. Pedi para prepararem algo especial hoje para você.
Mais uma vez ele deu aquela piscada. Mordi o labio inferior e desviei o olhar.
— Por que está sendo tão gentil comigo, você não deveria ser o inimigo de Pan e odiar a todos que se relacionam com ele? — Perguntei sem olhá-lo. Senti seus longos dedos tocarem o meu queixo, me forçando a olhá-lo. Seu rosto estava tão perto, eu era capaz de sentir sua respiração batendo em meus lábios. Só mais uns centímetros e poderíamos nos beijar. Desci meus olhos para seus lábios cheios, tão convidativos. Ele passou a língua lentamente nos lábios, eu não sabia se era proposital ou não, mas aquela provocação fez um arrepio descer por minha espinha e algo começou a se tornar incomodo em minha justa calça jeans.
— Você não é um garoto perdido.
— Também não sou um pirata — Falei erguendo o meu olhar para seus olhos azuis. Seus olhos eram de um azul bem claro, como o mar mais cristalino. O mar que eu queria mergulhar e explorar, conhecer todos os encantos e mistérios.
— Nada indica que não possa ser. É só acreditar que pode — Ele falou, senti que ele estava se aproximando mais, que o espaço entre nossos lábios estavam diminuindo cada vez mais, era questão de segundos até que eles se encontrassem.
Alguém limpou a garganta bem alto, nos interrompendo. Me assustei com o inesperado barulho e me afastei do capitão e de seus dedos, tentando ir para o mais longe possivel do loiro pirata.
Diante de nós estava um homem alto e magro. Longas e esbeltas pernas em calças justas, uma blusa folgada cujos primeiros botões estavam abertos exibindo suas protuberantes clavículas e uma corrente prateada cujo pingente eu não pude compreender. Seus cabelo era castanho escuro, tão escuro como seus penetrantes olhos que pareciam querer me matar naquele exato momento.
Senti que estava num terreno minado e que estava diante de que havia espalhado as armadilhas.
— Atrapalho?
— Sr. Smee! — O Capitão WonHook se ergueu do sofá, caminhou até o recém chegado, colocando um braço em torno doa ombros dele, propositalmente o forçando para baixo — Que bom que deu o ar das graças! Sirva um copo de água para nosso adorável convidado e da proxima vez bata na porta quando eu não estiver sozinho — Ele falou num claro tom de ameaça antes de se afastar, caminhando até sua mesa onde um mapa estava aberto e várias peças estavam dispostas encima, mas pelo ângulo que eu estava não sabia o que era.
— Aqui — Um copo de agua foi estendido a minha frente e o tomei com duas mãos. O moreno se afastou e caminhou até o capitão, sussurrando algo em seu ouvido antes de caminhar para fora da cabine, vi como o capitão o seguiu com o olhar e algo não me caiu bem quanto a isso.
C O N T I N U A...
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Hook & Pan (MONSTA X)
FanficKihyun sempre gostou de historias de piratas, mas nunca imaginou que chegaria em Neverland.